versões das Mabels contrárias

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Existe um muro, um muro em porções e feitiços que ainda te deixam acordada. Especificamente, nos feitiços que mudam sua personalidade, que te tiram do corpo, que muda você. É o que está acontecendo comigo.

Desde que me lembro, estava na sala na casa da Cifi, a Pacífica, minha mais nova, mas mais íntima, amiga, estávamos estudando, rindo, conversando, coisa que não faço todos os dias, não com sinceridade, não com sorrisos verdadeiros, e estava bom. Mas então eu ouvi...

-Me devolva! - Era a voz de Dipper, meu irmão.

Me lembro também que eu, meu irmão e nosso mordomo, Will, havíamos bolado um plano simples, mas eficaz, para pegar o ladrão que havia roubado algo nosso, nossas mais preciosas pedras mágicas, jóias comuns, mas que guardavam uma grande e poderosa força, os poderes de um demônio, se caísse em mãos erradas, nem nós saberíamos como concertar, eu e meu irmão tínhamos um segredo, um segredo perigoso, e além de nós, apenas quem tinha o conhecimento deste segredo, era Will, o demônio que nos deu as pedras. Mas que me lembre, tinha pedido para que Dipper fosse a uma outra dimensão, pois as nossas suspeitas apontavam para Bill, o irmão gêmeo de Will, um outro demônio, até mais poderoso que meu mordomo, e se Dipper estava ali, era porque o ladrão não era Bill, e sim...alguém dentro da nossa própria dimensão.

-E-Eu não posso! Não agora! - Gideon gritava em resposta, tentando parar meu irmão de pegar o que era nosso.

Gideon, o garoto mais irritante que você possa imaginar, poderia citar mil coisas para ter esse pensamento sobre ele, por eu mesma ser alguém que não gosta de pessoas grudentas, e, também, porque isso era da natureza de Gideon. Mas ultimamente, tenho tendo que aguenta-lo, suporta-lo, pela Pacífica, que é a melhor amiga de Gideon, apenas por ela.

Lembro-me que estava segurando meu irmão para separa-lo de Gideon e impedir que se batessem mais, e então um clarão cegou toda a minha visão.

Eu apaguei. Não vi nada mais além de uma imensidão escura.

-Não briguem com ele! Ele não fez nada! Nada além de abrir meus olhos. - Era eu falando.

Ou parte de mim, como se tivesse duas de mim, uma no controle, e eu, presa, acorrentada, apenas olhando ao vivo tudo o que eu fazia por contra a minha própria vontade. Eu, a segunda eu, que estava no controle agora, estava defendendo Gideon, não entendi o porquê das caras assustadas de Dipper, Will e Pacífica, era como se tivessem visto um fantasma, algo do gênero. Olhei para Gideon, e em vez de preocupação e espanto, ele parecia confuso, mas não um confuso  de quem não sabia o que estava acontecendo, ele parecia saber bem o que houve...não...estava mais para: arrependido.

Eu não sei o que está acontecendo, não sei o que aconteceu, eu tento gritar para eles, mas é como se minha voz não saísse ou ninguém me escutasse.

Estou assim a três semanas...

A outra eu não faz mais nada além de seguir Gideon para qualquer lugar que fosse, qualquer mesmo, por um momento desconfortável, quase que sigo (a outra eu segue) Gideon para o banheiro, mas por sorte, Pacífica a impediu. Pacífica, Dipper e Will estão cuidando de mim desde que estou presa na minha própria cabeça, de vez em quando, tento ver o que eles resolvem para tentar entender o que aconteceu e está acontecendo, mas a Mabel que está no controle passa a seguir Gideon novamente, como um gato que segue o dono quando está com fome, mas ouve uma vez que consegui escutar Dipper e Will conversarem:

-Encontrou algo? - Era Dipper perguntando.
-Ainda n-não... - Will respondeu, e parecia cansado pela voz.

A outra eu estava sentada nesta hora, olhando para uma porta que, provavelmente, encontrava-se trancada, mas após cinco minutos, Gideon saiu dela, e pareceu assustado ao me ver bem em frente a porta, não sei como não adivinhei, era lógico que ela estava esperando, vigiando. Ele saiu em uma direção oposta, como se estivesse tentando fugir de algo mas tentasse esconder isso, e adivinha, ele finge muito mal, a outra Mabel começou a segui-lo, e enquanto seguia, pude ver pelo canto que Will estava sentado ao chão com as pernas cruzadas, vários símbolos e livros ao redor dele. E eu estava certa. Ele parecia muito cansado, como se não se levantasse para fazer mais nada a dias ou até mesmo, semanas. Dipper estava sentado ao lado, sem demonstrar nada no rosto, como sempre, mas pude perceber que olhara para mim quando a outra eu passou correndo atrás de Gideon. Por um momento, acho que entendi uma pequena parte do que acontecera, haviam jogado um feitiço em mim, mas como estou presa, meu raciocínio é lento, não compreendo exatamente o porquê e nem que feitiço poderia ser.

monstro inocente CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora