diário 3

1.1K 113 48
                                    

Acordei sentindo uma dor imensa no quadril. Dipper pegou realmente pesado na sua pequena "vingança", mas na última vez nem fiz tão forte assim.

Passei meus olhos pelo quarto, minha visão ainda estava meio embaçada, demorou um pouco para que eu pude ver que Dipper não estava mais na cama. Levantei-me com dificuldade e fui até ao banheiro, tropeçando algumas vezes por causa da dor, mas logo conseguindo equilibrar-me novamente e andar normalmente. Estava chovendo e o ar estava frio, então liguei a torneira de água quente. Enquanto esperava calmamente a água cobrir a banheira, memórias da noite anterior passaram por minha cabeça, fazendo com que um calor percorresse meu corpo e meu rosto enrubescesse levemente. Sorri com isso. Entrei na banheira e apenas aproveitei aquela morna água passar por meu corpo, retirando toda a dor de meu corpo.

Algum tempo depois, sai do banho. Era meu dia de folga, então eu não precisava vestir aquelas roupas formais que Mabel exige que eu vista, então vesti um suéter simples azul claro, no meio do suéter, encontra-se um olho costurado, o olho parece chorar. O suéter foi costurado por Pacífica como um presente de paz por ter criado uma rivalidade comigo pelo Dipper, ela veio desculpar-se comigo logo depois de uma conversa que teve com Mabel, não consigo imaginar a Jovem Dama ajudando ou dando conselhos à alguém, mas foi realmente isso que aconteceu. Acabei aceitando seu presente, e não mentirei, achei muito fofo, tanto o suéter, quanto sua bondade por fazê-lo especialmente para mim. Pus minha gravata borboleta preta que sempre uso e uma calça qualquer também preta.

Por ser meu dia de folga, imaginei passar o dia com Dipper, mas eu não o vira desde que acordei, e nem ouvi sua voz enquanto estive no banho, já que toda manhã ele berra ou briga com Mabel por alguma coisa, ou então, hoje ele deve ter acordado de bom humor. Resolvi sair do quarto para ver.

-Ah, Will! - Escutei a Jovem Dama chamar-me.
-S-Sim, senhora?
-Dipper já acordou? Preciso falar com ele. - Perguntou ela. Estranhei.
-Ahm... Sim, s-senhora, m-mas...
-Chame-o.
-E-Ele não está no quarto, Jovem Dama.

Ela me olhou confusa.

-Como assim, "não está no quarto"? Ele não voltou para dormir novamente? - Perguntou-me ela.

Eu já não entendia mais nada, e percebi que Mabel também não, quando notou que eu não fazia ideia do que ela estava falando, entrou rapidamente no quarto, como se tivesse percebido algo horrível lá dentro.

-Aquele idiota! - Exclamou ela. - Will, procure-o pela casa! - Mandou ela.

Não hesitei e me teletransportei por várias partes da casa procurando-o, apesar de não fazer ideia do por quê de estar tão nervoso, mas algo em mim dizia que algo estava errado, e que o Dipper estava envolvido.

Depois de muito tempo procurando pela mansão, não o achei em lugar nenhum, até nos lugares da casa que ele mal vai eu o procurei por lá. Mabel chegou pouco depois de eu concluir que ele não estava pela casa.

-Diga-me que o achou! - Pediu ela já pálida.

Balancei a cabeça negativamente.

-Muito bem... - Ela pareceu pensativa. - Venha comigo, Will.

Assenti e a segui. Pensei que fosse melhor não perguntar o que estava acontecendo, ela parecia contrariada e, bem, a Jovem Dama detesta ser contrariada.

Chegamos até o lugar onde os gêmeos fazem poções, feitiços, testes, treinam com facas, uma espécie de laboratório. Mabel pegou uma prancheta com um papel cheio de nomes e números escritos e me mostrou, só depois percebi o que estava escrito. As dimensões em que possuem diários, onde meus irmãos estão. Olhei para a Jovem Dama mais confuso que antes.

-S-Senhora... - Falei com a voz tremula.
-Eu e Dipper planejávamos pegar todos os diários dessas dimensões, - Começou ela. - estuda-los, ganhar conhecimento e ter poder suficiente para comandar todos os Universos, tanto esse quanto os Alternativos. - Explicou.

Enquanto ela explicava, tudo o que eu podia resumir era: Iriamos destruir você, seus irmãos e seus Universos Alternativos. Eu esperava amargamente que eu estivesse em um pesadelo.

-Mas então, depois de estudar sobre isso, os efeitos e consequências que dariam em um mortal possuir tanto poder e conhecimento, seria catastrófico, isso colocaria em risco tanto a vida deste mortal quanto... - Ela hesitou. - Quanto as das pessoas que este mortal ama. - Concluiu ela.

Comecei a entender o que ela quis dizer, tanto com os "mortais" quanto as "pessoas que este mortal ama". Eu estavas prestes a admitir que sabia da pequena queda dela pela Northwest, mas não precisei.

-Sei que você já percebeu que gosto da Pacífica, Will. - Admitiu ela. - E eu não quero machucá-la por causa de meu ego por poder idiota! Nem ela, nem o Gideon, nem você ou meu irmãos. - Disse. - São meus amigos, mesmo que eu trate vocês de má forma, mas é que não estou acostumada a ter...bem, amigos.

Fiquei surpreso pela Jovem Dama me considerar seu amigo, é algo que eu realmente nunca imaginaria que ela dissesse.

-O-Obrigado, J-Jovem Dama. - Agradeci.
-Me chame de Mabel, Will. - Pediu ela.

Dipper pedir para que eu o chame por seu nome é compreensível, somos namorados. Mas hoje, eu realmente me impressionei com a Jovem Dama, ela parece realmente preocupada.

-C-Como quiser, Mabel. - Senti-me meio desconfortável em chamá-la por seu nome próprio.

Olhei para a prancheta em minhas mãos. Dipper sabe das consequências, sabe o que ele pode fazer se possuir tantos poderes assim, mas mesmo assim...ele foi.

-Também estou decepcionada com ele, Will. - Comentou ela novamente, como se pudesse ler meus pensamentos. - Nem sei pra que tudo isso, não íamos fazer um universo melhor mesmo.
-E-Eu sei. Mas ele foi mesmo sabendo que iria por nossas vidas em risco. - Falei.

Comecei a sentir minhas mãos tremerem, algo entalado na garganta, meus olhos encharcaram de lágrimas. Estava com ódio, como se em todo esse tempo, Dipper tivesse brincado comigo, que ele não se importa comigo ou com a própria irmã, como se eu tivesse sido usado, de novo, e agora, por causa de meu pensamento e sentimento ingênuo, meus irmãos estavam em perigo.

-Will? Está tudo bem? - Ouvi Mabel perguntar.
-O Dipper pode me machucar, mas não pode machucar quem eu amo.

Mabel pareceu entender, e ela parecia estar sentindo a mesma coisa que eu.

-Vamos atrás do Dipper. - Disse ela.

Assenti e, imediatamente, Mabel abriu um portal, nem nos importamos em pegar armas, escudos, algo de precaução, apenas adentramos no portal e, quando vimos, estávamos em uma floresta sombria, estava escuro e as estrelas eram as únicas coisas que iluminavam o céu negro. Não tinha nada errado acontecendo aparentemente.

-Ele não está aqui. - Comentou Mabel. - Em qual dimensão é mais provável que ele esteja? - Perguntou ela.

Eu hesitei, mas dependendo de quanto tempo ele tenha saído, ele já deveria estar na dimensão original.

-Gravity Falls. - Falei.

Ela pareceu ainda mais preocupada, tínhamos demorado demais para perceber que Dipper havia sumido, à essa altura, ele já deveria estar atacando Gravity Falls.

Mabel abriu outro portal, desta vez, para a dimensão original, e o que vimos não foi nada bom: Dipper estava levitando em alguma força invisível, seus olhos brilhavam em um tom azul celeste, em sua mão, bolas de fogo surgiam e ele jogava-as em direção a lugares aleatórios da cidade, na sua mão livre, trinta e três diários flutuavam em chamas azuis.

-Estamos mortos. - Comentou Mabel enquanto olhava fixamente aquela cena.

Enquanto eu não consegui fazer nada, só sentia meu coração se despedaçar aos poucos.

monstro inocente CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora