monstro inocente CONCLUÍDA

pedido

Eu estou feliz que tudo tenha voltado ao normal, apesar de não demonstrar. É bom saber que minha irmã voltou ao típico estado explosivo e dramático dela. Neste momento, ela está descansando em seu quarto, acho que ficou atordoada demais por ter ficado três semanas babando o Gideon. Isto deixaria qualquer um maluco e envergonhado consigo mesmo. Enquanto eu analiso se nada de errado aconteceu com as pedras mágicas que Gideon roubou, aparentemente e até surpreendentemente, Gideon teve todo o cuidado de não fazer nenhum arranhão nelas. Estava tão concentrado que quase não percebi que Will me observava como sempre fazia, e não que eu queira acabar com a felicidade dele de achar que está fazendo um bom trabalho de me observar sem eu perceber, mas eu sempre noto quando ele faz tal ação. Ele sempre dá um suspiro ou bate em alguma coisa quando está invisível para me olhar, então não é tão difícil assim saber quando ele está perto ou não.

-Will. - Chamo.

Ouço um barulho de vários papéis e tubos de experimentos caírem no chão, acho que o assustei assim que chamei. Me viro para ele.

-S-Sim? - Ele reaparece ajeitando tudo o que deixou cair no chão. - M-Me desculpe, mes-mestre...

Deixo escapar uma risadinha.

-Mabel está bem? - Pergunto.
-S-Sim, ela ainda dorme...e-e parece bem... - Responde ele.
-Isso é bom - Digo. - Preciso falar com ela quando acordar, poderia avisar para ela? - Pergunto.

Will assente. Percebo que está quieto e enrubescido desde que chamei, resolvo perguntar.

-O que foi?
-Huh? N-Nada é que...a-acho que não deve ter sido fácil para ela...ter que seguir o Gideon para qualquer lugar que ele fosse - Brinca ele.
-Não sei o que seria mais irritante: ter que aguentar a Mabel reclamona e exagerada, ou a Mabel que segue e baba o Gideon o tempo inteiro. - Retruco, brincando também.
-S-Se me permite dizer...a-ao menos o senhor teria paz...

Olho para ele desconfiado, mas engraçado, nunca o vi brincar assim, já que sempre o vejo choramingando pelos cantos. Ficamos um segundo em silêncio após seu comentário, mas acabei não aguentando e ri do que disse. Ele estava realmente certo, por um momento, me arrependi de ter pedido para que a concertassem, não tinha pensado por este lado de paz longe da Mabel por algumas semanas a mais. Ficamos rindo sem ar por causa do comentário bobo de Will, no começo, acho que ele estranhou, não entendi o porquê, mas depois notei que nunca havia rido tanto na frente de alguém, principalmente um riso sincero, mas não liguei. Ouvimos alguém do outro lado falar.

-Poxa, muito obrigada, irmãozão! - Era Mabel chateada pelo comentário que Will fizera dela.

Vou até a porta, ainda tentando tomar fôlego e parar de rir, assim que o faço, abro a porta, vendo Mabel já acordada e aparentemente, descansada o suficiente.

-Desculpe-me, Mabel. - Falo.
-Hmpf, está tudo bem. - Diz ela, fazendo uma careta. - Vou para a casa da Cifi falar que já estou bem e, provavelmente, ouvir mais umas dezenas de desculpas de Gideon - Diz ela. - E nem pense em aparecer lá outra vez rolando as escadas, hein? - Diz ela com um olhar desconfiado.
-Você que sempre interrompe quando não deve. - Retruco.

Ela joga os cabelos por cima dos ombros como se estivesse orgulhosa de me atrapalhar sempre quando não deveria.

-Pode deixar, não vou te interromper hoje. - Diz ela, se pondo a sair. - Até depois, bobão.
-Até, idiota.

Ouço a porta da frente se fechar, me viro de volta para Will e percebo que ele parece surpreso. Faço cara de desentendido.

-Hum...P-Posso falar uma coisa, m-mestre? - Pergunta ele.
-Claro. - Permito.
-É que...vocês estão bem...diferentes. - Diz.
-Diferentes, como? - Pergunto querendo algo mais específico.
-B-Bem, eu sirvo a vocês já fazem quatro anos, cinco daqui a alguns meses, e sem q-querer ofender...vocês eram horríveis...e-em termos de me darem comandos para manipular pessoas...me torturar, e-essas coisas...mas vocês estão...diferentes, f-faz alguns meses que não me torturam ou me mandam f-fazer coisas que me sinto mal fazendo... - Ele explica.