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  Cheguei ao Estádio do La Coruña e respirei fundo. Eu tinha mesmo decidido abdicar de um fim de semana importante para a minha família em Turim para ir ver um jogo do James. Mas, é como eu tinha dito, temos que definir prioridades e a minha prioridade era resolver as coisas com o jogador colombiano. 

  Ambos estávamos errados. Ele, por não saber comunicar e ter dado a entender que ainda gostava da sua ex-companheira e eu por ter sido tão explosiva e não lhe ter dado tempo para se explicar. Mas eu sou uma idiota e só percebi isso uma semana depois de termos discutido devido à falta que ele me fazia. 

   Ele tinha razão em tudo o que tinha dito. Eu sei que é de extrema pirosice dizer isto mas é verdade que nós não fizemos puro sexo. Não se tratou apenas de prazer e satisfação mas sim de uma sensação de pertença enorme. Eu já tinha decretado que pertencia aos seus braços contudo a certeza disso apenas chegou quando o James eliminou toda a distância que separava os nossos corpos. Foi um momento mágico e que, não vou negar, talvez eu desejasse há algum tempo. Afinal, é o que as pessoas fazem quando gostam umas das outras. 

   Porém, ele tinha que compreender o meu lado. Eu estava apaixonada por um homem que já tinha sido pai e marido. É óbvio que eu teria várias inseguranças. Eu precisava de certezas e ninguém mas poderia dar para além dele e tudo o que ele fez foi dizer à sua ex-mulher que não a tinha esquecido depois de fazer amor comigo. Isso não era de todo o que eu pretendia.

  Só me dei conta da situação quando os jogadores do Real Madrid entraram e, com eles, o James. Ele parecia procurar-me com o olhar por saber precisamente o lugar que me tinha atribuído e quando os seus olhos castanhos encontraram a minha cabeça loira, esboçou um largo sorriso. Eu não estava tão longe quanto isso mas era uma sensação de distância destruidora.

  Eu tinha saudades dele. 

E não eram poucas.

  O jogo começou às 20:30 e a bola rolava pelo meio campo com velocidade. Nem tinha tido tempo de perceber para que lado eram as balizas quando o Álvaro Morata enfia a bola nas redes adversárias logo no primeiro minuto de jogo. A bancada inteira levanta-se e começa a gritar loucamente o nome do jogador merengue.

  Depois de festejarem, os rapazes reagrupam-se e recomeçam o jogo. Ocorreram mais algumas tentativas de golo por parte do Asensio, Isco e do Asensio novamente mas nenhuma delas resultou, como já tinha dito, numa bola ao fundo das redes. Acontece uma jogada incrível por parte do James que se desmarca, chega à área, passa a bola para o Vázquez para distrair os adversários e volta a recebê-la e, com a parte exterior do pé, mete a bola dentro da baliza dos galegos. 

  O meu coração erra descompassadamente as batidas quando o James desliza na relva na direção da minha bancada e acaba por se colocar de joelhos. Naquele momento, tudo tinha parado ao meu redor e eu nem estou a brincar. Eu estava a festejar loucamente o seu golo quando tudo pareceu começar a fazer mais sentido ainda. Ele não me tinha convidado apenas para ver o seu jogo. Ele estaria prestes a pedir-me em namoro logo após marcar um golo? 

   Parecia tudo demasiado irreal mas o jogador merengue já me tinha dado provas de que era capaz de fazer este tipo de coisa e muito mais. O Casemiro, que estava no banco, atirou uma caixa qualquer para a mão do colombiano e ele abriu-a com a sua outra mão, confirmando todas as minhas suspeitas. Sim, aquilo estava mesmo a acontecer a meio de um jogo para a Laliga que estava a passar na televisão. 

  — Parece que se está a passar alguma coisa com o autor do segundo golo do Real Madrid... — Constatou o homem que se encontrava na central do Estádio. A sua voz saía pelas colunas com pouca qualidade do Estádio do La Coruña e as pessoas começaram a gritar loucamente o nome do James, até porque eu estava numa bancada tipicamente preenchida pela massa associativa do seu clube.— E parece também que se está a realizar um pedido de... Namoro? Uau, que situação atípica

  — FAÇA O FAVOR DE CALAR A BOCA. — O brasileiro, digo, Casemiro, ordenou, gritando suficientemente alto para que eu, da bancada, conseguisse ouvir.— Obrigado!

  Sinceramente, tudo parecia demasiado planeado para ser real. O James tinha recebido um microfone. Mas que raio de jogo é este?! Mas eu não me estou a queixar

  — Bueno, eu não posso demorar muito porque senão a Fifa e a Federação Espanhola de Futebol vão matar-me bem como os adeptos deste clube por demorar muito tempo e então vou tentar ser o mais direto possível. Queres namorar comigo, Giovana Bellegante?— Falou tão rápido que eu não perceberia nada se não fossem as palavras já pseudo-formuladas na minha cabeça. 

   Limitei-me a assentir com a cabeça e o Casemiro tratou de receber novamente a caixa, fazendo sinal ao James para voltar para o campo. O jogo recomeçou naturalmente contudo os jogadores merengues aproveitaram alguns segundos para congratular o James pelo que tinha acabado de acontecer. 

   Enquanto o jogo seguia, o Casemiro fez um esforço enorme para chegar até à bancada e entregar-me a caixa que o seu colega colombiano tinha utilizado para efectuar o pedido. Aceitei-a e o pobre coitado teve que se dignar a autografar camisolas durante um longo período de tempo enquanto fugia das bancadas para regressar ao banco dos suplentes sem causar muito mais espalhafato. 

   Fiquei a olhar para a pequena caixa durante alguns minutos, tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer. Eu tinha vindo para um estádio que não o Bernabéu para assistir a um jogo e acabei por sair daqui com um namorado, não? Bom, a vida é uma coisa surpreendente e é verdade que dá muitas voltas. 

   Coloquei o pequeno anel no meu dedo anelar e voltei a concentrar-me no jogo. O Real voltou a perder três oportunidades importantes mas nenhuma delas foi por causa do James, o que me deixou feliz. Eu não queria que ele falhasse porque sei o quanto estes pequenos jogos são importantes para a sua carreira no clube espanhol. Infelizmente, seguiu-se um golo do adversário do meu clube ibérico preferido aos trinta e cinco minutos mas fiz sinal ao James para que ele não desanimasse: Ainda estávamos a vencer e não havia motivo para stressar

   Aos quarenta e quatro minutos o Vázquez faz um golo e fecha a primeira parte com um 3 a 1 (ou 1 a 3, no caso). Os adeptos do clube da capital levantaram-se e começaram a festejar não só o golo como a possível vitória que cada vez parecia mais próxima e os jogadores aplaudiram de volta, agradecendo o apoio daqueles que se deslocaram da sua cidade até a Galiza para levantar a moral da equipa. 

  ~*~

MENINAS VAMOS PARAR E FESTEJAR PORQUE JAVA É REAL!!!!!

   Já agora, este capítulo foi um pouco piroso mas foi necessário ahaha. Espero que tenham gostado.
   Queria também pedir desculpa a vocês (e à minha professora de matemática A) por ter feito mal as contas e ter dito que faltavam 3 capítulos quando faltavam 4. Portanto, têm este e mais dois!!!

  Está quase a chegar ao fim :(

LIAR || James Rodriguez ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora