Capitulo III - A outra filha

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Não gosto de lembranças, nunca gostei. Nem de passado.
Estou aqui porque ninguém lembrou de me convidar para a lua nova de Maio.
Nos últimos anos acontece uma grande fabricação de fadinhas do Bem, fiquei sabendo por meio de uma carta que a única sobrevivente do Mal mandou, me comunicando seu próprio nascimento graças ao descuido de uma Lagartixa.. Esse ano vai ser diferente. Estarei aqui, disfarçada de Tia boazinha para aumentar nossa produção do lado negro. Ou vocês pensam que só existem fadas boas? Quem pensam que azedam o leite? Derrubam varais de lençóis? Cuidam das ervas daninhas? AH AH AH... azar não existe! Existem lindas fadas do mal e bruxas negras, como eu!!! Posso ser muito cruel!
Vovó me contou que deixou tudo muito bem guardado no Baú do sótão quando esteve aqui para me buscar, mas a Anna,  nora dela teve outra menina e agora a filha dela veio tomar a posse de tudo. Só que metade é meu!
Vou aproveitar que ela não me conhece e fazer umas maldades bem gostosas com ela e seu “maridinho”!
Vindo na direção contrária veio um bando de motoqueiros. Quando viram que era uma mulher rodearam-me fazendo parar. Droga. Não parecem policiais. Menos mal. O chefe deles desce de sua moto, tira o capacete e me mostra quem é:
- Hecktor! Disse eu soltando meus longos cabelos negros e acendendo meus lindos olhos com o feitiço sedução I.
- Veio para fazer fadas? Perguntou com aquele vozeirão que eu bem conhecia.
- Não se pode mais visitar a família? Sugeri.
- Sombria não subestime minha inteligência. Alzira, estás muito bem assim, niquelada.
- tof tof tof tof respondeu Alzira acelerando.
- Vendida. Você me paga, disse eu para Alzira.
- Venha com a gente Sombria, vamos até a sede tomar umas e relembrar os velhos tempos.
- Mostra o caminho, falei recolocando o capacete.
A Sede dos motoqueiros continua no mesmo lugar decadente ao lado da Cripta – uma boate chiquérrima. Não tinha ninguém ainda. Era cedo.
- Seja bem vinda ao covil Sombria!
Com um gesto faço desaparecer meu capacete e mexo os cabelos para soltarem-se. Tiro a jaqueta de couro com movimentos calculados e olho Hecktor dentro de seus olhos.
- Assim vou acreditar que sentiu minha falta “chefinho”.
- Achei que você já não existia mais Sombria.
- E quem faria as fadas do mal “Querido”?
Gosto de conversar com Hecktor, passamos horas falando de coisas desde onde me hospedaria até que roupa usaria para ir até a casa de vovó.
Nem parecia o mago negro que era. Tratou-me como se fosse uma irmã, droga! Estou ficando mole. Não posso me dar ao luxo de ficar brincando de saudade.
Ao amanhecer fiquei em pé e comecei a mudar do roupa: mini vestido preto? Não, o olhar de Hecktor não aprovou. Shorts e top? Muito jovem para uma “tia”.Vestido estampado folk – Hector virou um pouco a cabeça de lado e sorriu.
- Lembra um pouco você quando nos conhecemos.
- Aquela ingênua e idiota fabricante de fadinhas boazinhas?
- E professora de jardim de infância- sorriu ele- lembrando.
- Acabou a sessão nostalgia meu querido.
Fiquei com o vestidinho e apareci de all star vermelho com chapéu grande de palha. Elvira virou bicicleta de cestinha.
- Perfeito, disse Hecktor.
- Bem, então vamos lá.
- Volte à noite, gritou Hector.
Dou uma risada bem gostosa e saio voando em direção à casa da floresta.
No desvio desço até a estrada.
- Como a 40 anos atrás Elvira, aqui estamos nós novamente.

CONTOS DE FADAS e BRUXASOnde histórias criam vida. Descubra agora