CONTOS DE FADAS e BRUXAS

Capitulo VI- A Família

Pela porta da frente entraram dois homens enormes. O mais novo deve ser Quincas e o outro? João?

- João! - Corri até ele e me abracei. João arregalou os olhos e quase teve um enfarte quando me reconheceu.

- Éramos amigos de infância! João e Hecktor estudaram comigo na escola municipal, até eu ser raptada por minha avó paterna.

- Soso, meu Deus, Sonnia! Você não mudou nada! Continua a mesma garotinha.

Claro que não - pensei - nós bruxas temos magia, não envelhecemos, duramos até 600 anos ou mais com cara de mocinha!

- Este é meu filho Quincas - apresentou o grandão - Casei com Sandra, a filha da dona Catarina, a professora de inglês!

- Ela está aqui? Foi minha melhor amiga!

- Infelizmente mamãe teve complicações no meu parto e morreu do coração.

- Então não vamos falar de coisas tristes. Filho do João, pai de Helena. Gosto de você!

- Falamos com Hecktor, ele não gostou de nos dar suas bagagens. Queria que ficasse lá, com ele - disse Quincas.

- Até entendo, mas prefiro ficar com a família. Tenho saudades desta casa.

- Então lavem as mãos que a janta está pronta. Helena, vai com seu pai lavar as mãos.

O jantar era lasanha. Adoro! Um vinho delicioso fabricado por João e uma família. Estou começando a ficar mole. Deve ser o vinho. A quem quero enganar?

João nos fez rir muito com as histórias de nossa infância. Quase me senti incluida naquela família. Minha família! Helena dormiu no colo do pai, acoconhada.

Por que aceitei ficar aqui? Podia estar com Hecktor na Cripta - não, não vou pensar nisso agora. Vou dormir.

- Tia, tia, acorda!

- UMMMMMM

- Tia Sonnia, acorda!

- Quero dormir...

- Tia, acorda, precisa ver a Roseira das Fadas! Ela amanheceu toda florida!

- Am? Roseira das Fadas? - pulei aquilo me interessou muito!

- Bom Dia tia dorminhoca

- Que horas são? Helena! São sete horas da manhã!

- Vem tia, vem ver a Roseira, está linda!

De camisola e pantufas peguei a mãozinha gorda da pequena e fui para os fundos da casa pela varanda.

Eu lembrava da Roseira, mas não esperava ver o que encontrei.

Ela tomava, literalmente, todo um lado da casa até o telhado e do outro derramava-se sobre uma pérgola aberta com vista para uma floresta e um pequeno vale. Uma mesa e algumas cadeiras rústicas, rodeadas por um jardim encantador emolduravam a vista. Um barulho de 'agua chamou minha atenção para uma fonte que borbulhava ao lado. Era cedo, e os sapos fugiram assustados quando cheguei perto.

O perfume das rosas era quase insuportável. Sentei em uma das cadeiras e ouvi Helena dizer:

- Volto já tia. Espera aqui. Vou buscar borboletas.

- Como assim?

- Espera que já vai ver.

Fechei os olhos e fiquei ali, respirando aquele ar puro e perfumado. Por um momento me perdi nos barulhos do amanhecer.

- Sua mãe adorava ficar aqui, neste lugar.

- Minha mãe? - abri os olhos e ali não tinha ninguém - Quem é?