P R E T T Y

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Eu não sou bonito.

Digo, não consigo me achar bonito, é incrível como isso invade minha cabeça, me deixando paranóico. É como se cada centímetro de meu corpo fosse imperfeito. Odeio ser gordo, odeio meu rosto, meu cabelo, odeio parecer uma criança, odeio. Eu só queria ser bonito ou sei lá, aceitável.

— Cuidadoooo!

BAM!

Puta merda.

— Seu burro do caralho, eu já te disse para não tacar a bola para fora da quadra! – Choi disse correndo até meu corpo estirado no meio da quadra. – Ei, Kwan, cê tá bem? – O garoto maior me ajudou a sentar minha bunda gorda.

— Acho que sim... – Murmurei passando a mão onde a bola havia acertado, estava doendo para um cacete. – Minha cara dói... – E nesse momento o rosto de Seung virou uma careta, uma careta de dó com uma dose de "puta que pariu". – O que foi?

— Velho, só vai na enfermaria... – Cheol me levantou dando um tapinha nas minhas costas. – Cuidado, seu rosto tá bem inchado, saeng. – Ele sorriu e voltou para o jogo.

Bem, SeungCheol era tipo um amigo de infância, sabe? Ele me protegia bastante dentro do colégio, ele era popular e gay. Todo mundo ficou chocado quando ele beijou o JeongHan numa festa, e ele nem tava bêbado. Eu sabia disso desde quando éramos pré-adolescentes, ele disse que gostava do JiHoon, um baixinho chato. Bem, ele até hoje é apaixonado pelo Lee só que o garoto é tímido e mandão, o que faz o idiota do Seung ficar mais apaixonado por ele.

E eu. Eu não sei o que sou. Tipo, eu me apaixonei duas vezes. Uma vez pela JeongSoo e outra pelo SeokMin, mas ai os dois começaram a ficar e eu fiquei meio puto porque o Lee tentou me beijar, e mano, olha o tamanho daquele homem, é um deus do sexo.

— Oi, hyung! – Ouvi a voz infantil de Chan e sorri fraco. – Nossa, quem fez isso com você?! Falou com Cheol?! – O garoto apertou meus braços fazendo-me rir.

— Ah, eu levei uma bolada na cara porque estava pensando na morte da bezerra no meio da quadra, e foi ele quem me socorreu, foi louco... Eu cai no chão e tudo mais e nem sei o que tem na minha cara... –Ri fraquinho começando a andar junto ao garoto.

— Poxa, Kwan... Sinto muito... Vai a enfermaria? – Perguntou sorrindo.

— É, vou sim! É o jeito. – Ergui os ombros.

— Tem dois colegas meus lá, os dois foram brincar de lutinha mas o outro deu um soco forte demais... O supercílio dele meio que abriu... Tá ridículo. – Riu fechando os olhos.

— Ah, são da sua sala?! – Questionei subindo uma rampa junto ao mais novo.

— Não... Um é do segundo C e o outro do primeiro A.

— A? Pessoas da classe A são sempre os comportados, Chan. – Como eu. Boo o maior A que todos conhecem, sempre um ótimo aluno porém com a cara gorda e bunda também.

— Ah, mas foi ele quem levou o soco! Ele tá meio desesperado, é que tipo, as notas dele são ótimas mas o comportamento é quase zero... Ele está na A porque joga charme nas professoras, é um safado acima de tudo. – O menor disse divertido, me fazendo a forçar uma careta, que cara nojento.

— Isso é errado, até demais.... – Murmurei totalmente chocado, o garoto era um canalha. – Aish, espero que não demorem tanto pra me socorrerem. – Bufei atordoado.

Estava doendo tanto, meu rosto estava horrível, qual era o problema daqueles garotos? Eu sei que me atacaram de propósito... Maldito dia em que aquele filho da puta me filmou, maldito dia em que resolvi cantar e maldito dia que ele espalhou aquilo. Tipo, sei que não é motivo pra tanto bullying mas essa minha cara gorda não coopera.

— Chegamos hyung! Fique ai? Vou voltar pra sala!

— Tchau, muito obrigado, Chan! – Falei antes de adentrar a sala e me deparar com um garoto com os cabelos castanhos bagunçados.

Ele era muito lindo. Nossa, puta merda que garoto lindo.

— Olá, olá. – Ele disse sorrindo jogando um pouco de seu cabelo, mostrando o supercílio cortado.

A vida só me traz duas coisas: gordura e crush's delinquentes.

— Olá... – Me sentei ao seu lado encarando meus pés, eu não queria que ele visse a situação do meu rosto.

— Está bem machucado, não está? – Senti seus dedos tocarem levemente o meu queixo, virando meu rosto para si.

Ah, eu travei, travei muito, eu devia estar babando.

— Vou cuidar de você. – Ele sorriu levantando-se indo em direção de alguns armários. – Meu nome é Hansol, e o seu? Qual é? – Ele abriu uma portinhola olhando-me de canto de olho.

— Você pode mexer ai? – Perguntei baixinho sentindo minhas bochechas corarem fortemente. – SeungKwan. – Abaixei novamente meu olhar, eu queria morrer, aquele garoto filha da puta de um lindo iria cuidar de mim.

— Sim, eu meio que sirvo favores para a escola e etc... Minha mãe é enfermeira em um posto de saúde, então é necessário eu cuidar das pessoas em minha volta. – Sorriu voltando com alguns panos e soro fisiológico. – Tem o nome da bola cravado no seu rosto... Que pessoa filha da puta... – Ele novamente ergueu minha face alisando onde devia estar a marca, ainda bem que estava vermelho e ele nem iria perceber minha timidez.

Ele começou a cuidar do meu "machucado". Passava os dígitos lentamente junto ao fino pano sobre o local. Eu o encarava com minha boca aberta, estava quase suspirando apaixonado – eu o conhecia faziam dois minutos. Ele começou a a tagarelar, falando que a pessoa que me acertou foi um babaca e tudo mais, se soubesse quem fez tal ato iria acabar com o indivíduo; eu só concordava e piscava os olhos, no fundo eu estava:

"Que tal sermos amigos e talvez namorados, quem sabe nós casamos".

— Pronto! – Ele sorriu por fim acariciando uma de minhas bochechas. – Está curado, Kwannie! – O maior me puxou dando um breve beijo em minha mão. – Qualquer coisa é só me procurar, quase sempre estou por aqui. – Deu uma piscadela me fazendo derreter, nossa, eu tava muito acabado, ele era um príncipe. – E tome mais cuidado, você é muito bonito para ficar se machucando.

Eu, Boo SeungKwan era a pessoa mais feliz daquela escola.

🍉 hvc+bsk - healing; verkwan 🍉Onde histórias criam vida. Descubra agora