Capítulo 4

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Ayana

Após a breve e totalmente assustadora explicação, Téo não me impôs mais nenhuma ordem, exceto a de ficar próxima à fogueira e, consequentemente, perto dele. E foi exatamente o que fizemos.

O calor e os movimentos das chamas, juntamente ao vento que soprava fracamente foram me deixando cada vez mais sonolenta. Minhas pálpebras começaram a pesar tanto que acabei adormecendo.

Despertei com a sensação de raios de sol tocando meu rosto. Quando olhei ao redor e percebi que dormia no mesmo lugar e não dentro da barraca, concluí que Téo não se incomodou em me tirar daqui. Também percebi que o acampamento fora desfeito.

Meu hipnotizador estava sentado a pouco mais de um metro de onde eu estava e segurava um colar que estava envolto do seu pescoço. O pingente tinha um formato estranho e me fazia recordar o brasão que tinha saído das chamas do ritual da morte.

Assim que percebeu que eu estava acordada, Téo me fitou rapidamente antes de desviar o olhar e avisou:

- Vamos aproveitar que acordamos cedo para seguir em frente.

Senti que ainda estava sob efeito da hipnose, porém o poder, aparentemente, estava enfraquecido. Meu corpo, no entanto, continuou seguindo suas ordens.

Durante a nova etapa da caminhada, nenhuma palavra foi proferida e a sensação de que o poder da magia que ele me lançou estava diminuindo cada vez mais, só crescia.

Devia ser por isso que estávamos indo num ritmo mais rápido: Téo sabia que não duraria muito seu controle sobre mim e queria nos levar logo para não-sei-onde antes que o efeito acabasse por completo.

Eu tinha plena ciência de que talvez fôssemos parar num lugar onde me matariam ou me destroçariam e me partiriam, mas, se Téo me quisesse morta, eu estaria antes mesmo do Litther aparecer e Luke morrer. O que me levou a pensar que ele queria alguma coisa relacionada a mim ou a minha família, fato que era no mínimo estranho já que eu não tinha herdado nada de importante nem de valor.

Depois de mais um tempo de caminhada, o Sol já se postava acima de nossas cabeças. Logo, deduzi que era meio dia ou próximo a isso. Mas não fizemos nenhuma pausa, nem mesmo para comer.

Téo estava caminhando alguns passos a minha frente, concentrado demais na trilha que percorríamos para olhar para trás, na minha direção.

De repente, senti uma pulsação de energia forte no meu peito, como se algo estivesse me libertando. Engoli em seco e forcei minhas pernas a continuar seguindo Téo, mesmo quando percebi que obtinha o controle do meu corpo novamente. Porque, é claro, ele tinha habilidades que eu desconhecia e Téo não precisaria se esforçar muito para acabar com minha vida.

Porém, outra pulsação chegou até mim, o que fez minha cabeça doer levianamente e me deu a sensação de algo me chamando para dentro da floresta que nos rodeava.

Movimentei minha cabeça para os lados, na esperança de encontrar alguém ou alguma coisa que me ajudasse ou desse um sinal.

Será que é minha chance de escapar?

Foi meu único pensamento naquele momento e, por isso, diminui gradativamente meus passos, até que mais uma pulsação veio até mim.

Essa era diferente das outras. Além de energia, ela me deu coragem e força suficientes para que eu fugisse de Téo, embora eu não soubesse exatamente como faria isso.

Rainha da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora