Vidas traçadas

Max.

- Esses são todos os meus pacientes - Mauro termina de me colocar a par dos assuntos do hospital - Espero que alcance bons resultados e que sua gestão seja impecável, como acredito que será.

- Eu darei o meu melhor aqui, acredite nisso - afirmo e ele sorri.

- Paciência com a minha equipe - levanta e estende a mão para mim - E não pegue muito no pé da Malu, ela é uma excelente profissional. 

- Isso verei com o tempo - cruzo os braços - Mesmo que ela tenha sua proteção, não vou admitir atrasos e falhas, mesmo que o dono desse lugar goste tanto dela.

- Eu sou amigo do seu pai,  a vi nascer e crescer, Maria Luísa sempre foi muito dedicada dentro e fora desse hospital, tenho certeza que vai reconhecer o valor dela, daqui uns dias - afirma.

- Vamos esperar o tempo dizer - dou de ombros.

- Vou esperar seu retorno sobre ela em breve - sorri debochado - Agora cuide de tudo, vou curtir minha aposentadoria em paz.

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As horas passaram lentamente, aproveitei todo o tempo livre para analisar os documentos e históricos do hospital, preciso estar familiarizado com tudo, o quanto antes. 

Quando finalmente chega o horário do almoço, saio do consultório e encontro Aparecida, secretaria a anos dessa ala hospitalar e quando assumi o cargo, informei ao Mauro que gostaria que ela permanecesse até sua aposentadoria, é uma senhora conhecedora de tudo desse hospital e muito eficiente, sua ajuda será muito bem vinda nessa minha nova etapa.

- Posso almoçar ou tenho paciente? - pergunto após trocarmos algumas informações. 

- Pode ir tranquilo, doutor - ela sorri amigável - Seu único paciente do dia, é apenas no final da tarde. 

- Certo, pode ajustar essa agenda e colocar mais horários ao dia, mesmo com a correria da direção, o que eu amo mesmo, é estar com a mão na massa - aviso e ela concorda sorrindo.

Com a direção do hospital em minha responsabilidade, naturalmente diminui meu numero de pacientes e fico apenas com os casos especiais que Mauro me encarregou. Sua lista de pacientes passou para minhas mãos e são esses poucos casos que serão fixos. Mas diariamente me propus a ajudar nas emergências e estarei sempre pronto para salvar vidas. 

Saio do elevador e caminho até o refeitório,  conforme ando, cabeças se viram para me olhar, ainda sou novidade por aqui e claramente chamo atenção. Sorrio presunçoso. 

- Posso me sentar aqui? - pergunto ao chegar na mesa onde estão Gabriel e sua esposa. 

- Apenas se pagar meu almoço - Gabriel sorri.

- Se contente em continuar no seu cargo - brinco e me sento.

- Começou a ditadura Zanata - ele entra na brincadeira.

Gabriel e eu nos conhecemos na escola, não demorou muito para que nos tornássemos melhores amigos, aqueles que nunca se separam, nem mesmo na faculdade, onde fizemos juntos. Naquela época, eu já namorava com a Mércia, ele acompanhou um pouco da nossa historia e por um tempo vivemos muitas coisas boas, os três juntos, mas quando estávamos no ultimo semestre dos estudos, ele se transferiu para outra cidade, para ficar perto do pai que estava doente, foi quando perdemos contato e com a correria da vida, acabamos perdendo as noticias da vida um do outro. 

Quando nos reencontramos novamente, após anos, eu não tive coragem de contar a apunhalada que sofri da mulher que mais amei na vida. Envergonhado, escondi todo o fracasso que foi meu casamento, o abandono e até mesmo a minha filha.