Alguns dias se passaram...
- Por favor, amiga - Paloma junta as mãos implorando.
- Não, eu estou cansada - repito outra vez.
- Você vai se divertir e nem vai lembrar de cansaço.
- Eu não sou uma boa companhia para vocês - confesso.
- Por favor - finge se ajoelhar.
- Para de ser louca - a puxo para cima - Não estou no clima, Paloma.
- Por mim - faz cara de piedade.
- Meu Deus, como você é chata - reclamo sendo vencida.
- Essa chata conseguiu o que quer? - pisca os olhos varias vezes.
- Eu não vou demorar por lá - aviso e ela bate palma animada.
Ela se quer me deixou ir em casa tomar um banho e trocar de roupa, disse que isso me faria desistir e então fomos direto para a maldita boate onde Gabriel estava nos esperando.
- Ele está com quem? - pergunto descendo do carro.
- Com um amigo - pisca maliciosa.
- Que amigo? – resmungo sabendo que é mais uma tentativa de me desencalhar.
- Você vai ver - me puxa pela mão.
Entramos depois de enfrentar uma pequena fila. Faço careta quando a música alta invade meus ouvidos. Paloma já está dançando e nos guiando para onde Gabriel está, de longe vejo o amigo que acompanha o esposo da minha amiga e sinto vontade de mata-la por isso.
Max está lindíssimo em sua calça jeans preta, com uma camisa social também preta, dobrada até os cotovelos. Passo meus olhos por seu corpo e sinto um formigamento estranho entre as pernas. Me recrimino e sorrio forçado quando paramos em frente a mesa onde estão.
- Que demora - Gabriel reclama.
- Foi difícil convencer Maria Luísa de viver a idade dela um pouco - viro os olhos ao ouvir o exagero que minha amiga diz.
- Boa noite - sento do outro lado, me sentindo desconfortável.
- Está bem Maluzinha? - Gabriel pergunta.
- Se eu tivesse em casa, estaria melhor – reclamo.
- Deixa de ser velha – Paloma bate na minha cabeça e eu viro os olhos outra vez, enquanto os dois babacas riem da minha cara.
O garçom passa anotando nossos pedidos, os homens pedem outra rodada de whisky, Paloma e eu pedimos caipirinha de vinho.
- Isso precisa ser tão alto? - reclamo mais e eles dão risada.
- Você está em uma balada - Gabriel diz o óbvio.
- Por livre espontânea pressão - afirmo.
- Você é muito ranzinza para uma mulher de trinta anos - Paloma diz levantando - Vamos amor, quero dançar.
- Então vamos dançar - Gabriel levanta animado.
Fico sozinha com Max e nunca me senti tão desconfortável em toda minha vida. Olho ao redor aqueles corpos dançando e me ajeito no banco. Tento olhar para todo lado, menos para onde Maximiliano está.
- Não precisa ficar sem graça perto de mim - diz e sorri de lado.
- Não estou sem graça, doutor Zanata - minto bebendo minha caipirinha.
- Max - molha os lábios com a língua e sorri ainda mais ao notar meu questionamento no olhar - Pode me chamar somente de Max, não estamos no hospital.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vidas traçadas
RomanceAté onde o amor pode te levar? Até onde o amor pode suportar? Uma ferida do passado pode acabar com seus sonhos, pode espalhar sofrimento e assim causar estragos que talvez não tenha perdão. Mas não podemos saber até onde esses estragos vão, até pa...