Capítulo TREZE

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O frio me congelou por completo.

Mais um dia naquela prisão. Mais um dia naquele inferno.

Me esforcei para levantar da cama mesmo com o frio. Fui ao banheiro escovei os dentes e vesti algo mais quente. Pensando em todo o plano, aquilo estava fuzilando meu cérebro, como se meu HD humano estivesse lotado e prestes a explodir.

No refeitório, nos vimos, mas não nos sentamos juntos. Se Mason tinha alguma ideia de descobrir o que estava planejando, essa ideia era muito equivocada. Não deixamos pistas, não deixamos rastros. Não fizemos contato perante os olhos do grande irmão.

De alguma forma todos sabiam que aquele era o dia de terminar O Plano. Nos reunimos no mesmo lugar, tarde da noite, com uma lanterna em cada mão. Iluminamos bem o lugar e então nos colocamos a escrever tudo.

- Vamos processar isso da maneira correta, há milhões de guardas nesse prédio, se fizermos isso errado, vamos acabar mortos e piorar as coisas para todo o mundo... - dizia Joshua - literalmente.

Lydia mal olhava para mim desde aquele dia, o que não tornava as coisas mais fáceis, queria ser seu amigo, mas não podia impedir o que sentia por Lara.

- Certo! - Disse. - Primeiramente, vou buscar Lara nas celas. Joshua e Lydia, causem alguma distração para Castor entrar na sala de alarmes e câmeras. Devo subir pelo elevador em alguns minutos depois que acabar com os guardas e pegar Lara, encontrarei vocês no corredor principal...

Tudo ia sendo miraculosamente planejado. Cada qual com sua função.

E ninguém apagaria aquele momento de minha memória, quatro jovens, diferentes, que provavelmente nunca se conheceriam, nunca se abraçariam como naquela reunião.

Não sou grato aos Raks por muitas coisas, mas sou grato por terem me dado os melhores amigos de toda uma vida. Correríamos riscos, mas um de nós tinha que sair daquele prédio.

Ao menos um de nós, tinha que salvar o mundo.

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Acordei como num dia qualquer.

Me levantei e encarei Joshua, estávamos sozinhos no dormitório.

- Atrasado? - Perguntei.

- Bem na hora!

Nos levantamos e fomos ao refeitório. Encontramos Lydia e Castor e então nos sentamos. Não sorrimos. Não entregamos a Mason o que planejamos, mas ele já deveria estar ciente.

Os recrutas foram em direção a sala de treinamento. Permaneci no refeitório, até Digg me dar uma ordem. Me levantei e saí na direção oposta a sala. Subi para o pavimento superior, a recepção. Entrei cautelosamente no elevador e apertei para o último andar abaixo. Enquanto o elevador descia, o nervosismo surgia. Pensei muito em desistir, mas as portas se abrindo foram motivo suficiente para prosseguir. Avistei a cela de Lara. Havia dois guardas. Mirei a flecha no braço do que estava encostado na parede à esquerda, em seguida mirei na perna do que estava à direita. Me movi tão rápido que não tiveram tempo de sacar as armas. Peguei o crachá de um deles e corri para a cela. Lara não estava desmaiada, provavelmente seguira o plano. Abri a cela e a abracei. E foi um abraço quente, um abraço rápido que mais pareceu infinito. E então nos beijamos, delicadamente como o céu e o mar. Suave como o vento e uma flor. E por um momento me esqueci de toda fuga, de toda a guerra, de todos os problemas. Por que com ela, me sentia alguém. Ela me fazia senti num paraíso, não o de mentira. Me fazia sentir como um anjo.

- Ei! - Sussurrei no seu ouvido - Consegue andar?

- Estou fraca, mas consigo! - Disse aumentando a voz para parecer forte. Eu sabia que não ter comido fora difícil, ainda mais parar de uma vez com o medicamento repentino, fiquei com medo de uma possível crise de abstinência, mas não tinha mais escolhas.

Segurei-a firme, para que ela se levantasse e começasse a andar.

- Vai ter que correr.

- Tudo bem! Eu consigo.

Ao sair da cela, luzes vermelhas começaram a piscar nas paredes, acompanhadas de um som muito alto. Descobriram! Pensei.

Olhei o elevador e comecei a andar, até suas grandes portas deslizarem revelando o rosto mais indesejado - Mason. Havia mais quatro guardas ao seu redor. Não tinha pensado nisso. Não tinha previsto isso.

Lara fora mais rápida e usou seu poder contra eles. Por um momento tudo ficou em câmera lenta. Suas mãos ganhando um tom avermelhado, luzes saíam das pontas de seus dedos. Uma grande onda fez o chão tremer lançando Mason e seus guardas para longe dentro do elevador que agora fechava suas portas nos dando um pouco mais de tempo.

Senti Lara enfraquecer, estava tonta. A arrastei para as escadas, era a única escolha - se é que havia alguma. Corremos, como nunca em toda a nossa vida. Pude sentir a adrenalina, a ânsia, o medo, a fera que havia dentro de mim.

Olhei para seu braço, havia uma luz piscando no rumo da veia, no mesmo instante como se algo despertasse minha memória, olhei em meu braço também, havia um igual.

- O que diabos é isso? - Perguntei.

- Um tipo de captador, isso é como se fosse a nossa kryptonita.

- E por que eu tenho um também?

Paramos de correr imediatamente. Ela olhou para mim, sua respiração, assim como a minha, estava pesada pela longa corrida. Colocou suas mãos macias das quais poderes acabaram de sair em meu rosto.

- Ouvi boatos sobre sua missão. Acham que você é um de nós por conta da áurea que envolveu seu corpo.

- Mas me disseram que era azul, por quê?

- Acho que é um sinal dos Raks que ainda acreditam na salvação do planeta.

- Mas se isso é nossa kryptonita como acabou de usar seus poderes?

- Saiba superar seus limites, Ethan.

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