18: Mentiras e Omissões

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Cassandra entendeu perfeitamente o que tinha acabado de acontecer, assim que sentiu seu corpo inteiro outra uma vez, pela primeira vez em toda sua vida tinha sido teletransportada, ou riscado como os imortais chamavam.

Céus, nunca mais queria sentir aquilo!

Como eles aguentavam estar consciente de que cada molécula do seu corpo desintegrava e reintegrava-se num processo incompressível, em questão de segundos? Aquilo era coisa de doidos, pior que queda livre, e olha que já tinha feito queda livre, entre outros exportes radicais e coisas inconsequentes, mas nada nesse mundo igualava-se a aquilo!

Assim que sentiu os pés no chão, tontura varreu seu corpo e cairia dura no chão se Enzo não estivesse agarrando seu braço de forma viciosa, antes mesmo de recuperar, sentiu náuseas varrerem seu corpo e rapidamente levou a mão na boca, lançou um olhar suplicante ao vampiro, e este, mesmo a contra gosto, deixou-a ir, rapidamente achou o banheiro e deitou todo jantar para fora.

Ajoelhada na pia, sentindo-se um lixo, fechou os olhos, tentando se situar, só depois de alguns minutos conseguiu equilibra-se e levantou do chão, seguidamente lavou a boca, depois o rosto e quando seus olhos chocaram com o rosto destroçado do espelho do lavatório, petrificou, assustada com o que viu.

Medo. Insegurança. Aflição.

E agora, o que faria?

Como justificaria ao vampiro que ela também era uma aberração como ele, só que em escalão menor, ao menos ela ainda era humana. Isso realmente importava naquele momento?

Não, nem um pouco.

A verdade era que estava frita, assada ou cozida se preferir.

Viu bem o modo como Enzo reagiu, não seria fácil sair dessa, mas ela tinha que achar uma solução plausível, mas qual!

***

- Melhor?

Perguntou Enzo de costas, servindo-se de um copo de whisky do bar, assim que ela entrou na sala de estar mais recomposta, engoliu ao seco e disse, - sim.

- Perfeito, pois agora vamos conversar. – O vampiro disse girando o copo ao seu encontro e o olhar que lançou-lhe era de perfurar a alma, naquele exacto momento entendeu que Enzo, nunca tinha sido verdadeiramente um vampiro cruel com ela, ao menos, não aquele que ela conhecia no papel.

Pois aquele ser sério, régio, de olhar duro era a imagem perfeita que batia com o homem que outros diziam ser. Contudo, ela o conhecia melhor... o vampiro em questão mostrou-lhe um lado seu que nunca pensou possível um ser como ele possuir.

E ela, o que ela fez?

Mentiu, mentiu, mentiu e estava pronta a traí-lo.

Mas que outra opção tinha?

Justamente.

Decidida, encarrando a situação, ergueu a cabeça e caminhou a uma das poltronas e sentou-se com a coluna recta e cravou seus olhos nele ― que o julgamento comece! ― ela era a porra de uma irmã, caçadora de elite da Irmandade da Luz, mais conhecida como Van Helsing, e maldita seja se fosse fugir disso, encararia isso como sempre encarrou tudo em sua vida, com garra, até porque já sobreviveu muito pior.

- Pois bem. – Deu partido severa a conversa que os aguardava.

Enzo simplesmente observou todos seus passos mimosamente, estudando lhe frio, sem um pingo do calor que sentiu em seus bravos quendo ele estava dentro dela, e depois de alguns minutos eternos silenciosos, sentou-se no sofá e beberico um gole do seu envelhecido whisky, a torturando o máximo possível com o silêncio e demora, mas o que ele não sabia era que a Irmandade tinha pior jogos mentais que aquilo.

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