Aposta

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Uma das partes mais difíceis de ser um herói é ter que lidar com uma única situação desagradável: ver um vilão atacando pessoas inocentes e ter que trocar de roupa antes de descer a porrada nele. Afinal ninguém pode saber a identidade secreta de um herói, não é mesmo? 

Opa, que falta de educação a minha, nem me apresentei. Sou Makoto Ishikawa, um garoto normal de 17 anos, quer dizer, um garoto "quase" normal.

Eu poderia contar para vocês quem eu sou ou o que eu faço, mas acho que seria muito complexo de explicar tudo em poucas palavras, então acredito que seja melhor contar a minha história desde o início.

Tudo começou em uma bela manhã de quinta-feira. "Bela" se não fosse pela minha aula de química. Odeio química, sempre vou mal nessa disciplina, prefiro matemática acho mais interessante. Eu e meus amigos gostávamos de aprontar muitas coisas na escola, desde pequenas mentirinhas até algumas peças que pregávamos em algumas professoras, e a professora Izumi era a única que escapava de tais brincadeiras.

Essa professora em particular não gostava muito de mim, talvez por eu sempre me dar mal na matéria dela, e mesmo assim é um mistério até hoje, o porquê de tanto ódio. Qualquer coisa que acontecia com essa professora era culpa minha instantaneamente, mesmo se eu não tivesse nada a ver com o caso, por algum motivo ela sempre achava algo para me culpar.  Esse era o principal motivo de eu nunca ter aprontado com ela antes. Mas naquele dia eu achei que valeria a pena, porque eu realmente não acreditava que ela ia me descobrir.

Então, estávamos em nossa sala de aula na escola, não era uma sala muito grande mas comportava os 25 alunos do terceiro ano do ensino médio. Eu sentava bem no fundo da sala junto com meus amigos, éramos um grupo de seis amigos ao todo, mas o meu melhor amigo era Haru, um garoto quase da minha altura e loiro. A propósito eu não falei antes, mas eu tenho 1,75m de altura.

Quem sentava na parte da frente da sala de aula eram as meninas, por esse motivo eu e meus amigos fomos para frente conversar com elas, e enquanto meus amigos distraíam as meninas eu e Haru colocamos um alfinete bem no meio da cadeira da professora Izumi, era uma cadeira de couro preta, e todos os professores usavam cadeiras assim, eram cadeiras bem confortáveis, até a sala dos professores era cheia dessas cadeiras, enquanto as nossas, eram feitas de madeira: cadeiras frias e duras, bem desconfortáveis inclusive. Não foi tão fácil assim colocar aquele alfinete, o couro por mais macio que pareça não é tão maleável, mas conseguimos perfurar a cadeira e posicionar o alfinete de uma forma que ele ficou quase invisível. Acho que esse foi o problema, o "quase" invisível.

Algum tempo depois ouvimos barulhos do lado de fora da sala de aula e percebemos que era a professora Izumi que estava chegando, então chamei Haru para sairmos de perto da cadeira, para que ela não desconfiasse de nada, avisamos nossos amigos que ainda estavam conversando com as meninas e voltamos para os nossos lugares no fundo da sala de aula, em seguida a professora Izumi entrou, e olhando para todo mundo com aquele ar de superioridade, colocou o seu material em cima da sua mesa e sentou-se. Você já deve imaginar o que aconteceu aí, mas antes de continuar eu tenho que explicar uma coisinha que eu e meus amigos fazíamos todas as vezes que "aprontávamos" alguma coisa.  Nós sempre fazíamos apostas e se não fosse a minha aposta naquele dia eu não estaria aqui hoje contando essa história para vocês! Enfim apostei com meus amigos que se ela descobrisse que fui eu que coloquei o alfinete na sua cadeira, eu mesmo levaria toda a culpa e não falaria que ninguém me ajudou, claro que eu estava super confiante que ela não iria descobrir que fomos nós, já que eu nunca aprontei com ela e ela sabia que eu tinha um leve medo dela, e para completar eu ainda fiz a aposta mais louca da minha vida: se ela descobrisse que fui eu, eu iria nadando à noite, até a Ilha dos Lobos.

O Shaman da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora