O Shaman da Luz

Revelações

A caverna estava muito escura, levou alguns segundos até meus olhos se acostumarem com o breu daquele lugar, mas quando comecei a enxergar tudo pude ver que parecia um corredor, Haru vinha logo atrás de mim, então fui caminhando para dentro da caverna, podia ver uma luz mais para frente, parecia que vinha de uma tocha pois era amarelada, fui indo cada vez mais fundo na caverna até que me deparei com uma escada, entalhada na própria pedra essa escada descia mais fundo na escuridão, a luz que eu via vinha lá de baixo.

Haru e eu descemos a escada aos poucos, ela descia em formato espiral, até que em um certo ponto achamos a tocha que estava iluminando o lugar, peguei a tocha e olhei para Haru.

— Vamos levar a tocha, não sabemos se vai ter luz lá embaixo. — eu disse.

— Certo, espera, vou ir na frente deixa que eu levo a tocha. — Haru pegou a tocha da minha mão e passou para a frente, agora ele que descia as escadas cortando a escuridão com a luz da tocha.

Depois de descermos alguns minutos chegamos a uma porta de madeira muito antiga, ela parecia ter sido feita com varias tábuas grossas de madeira antiga e estavam todas presas umas nas outras por um grande pedaço de aço bem pregado e enferrujado, havia uma maçaneta, muito velha também, ao lado da porta tinha um suporte para tochas.

— Haru, acho que temos que abrir a porta né? — eu disse com medo.

— Acho que sim, mas to com muito medo. — disse Haru.

— Deixa que eu vou, pelo menos eu posso tirar a gente daqui rápido se houver algum perigo. — passei para frente de Haru, peguei na maçaneta e a virei, tive que usar muita força, pois ela estava bem enferrujada, empurrei a porta e o barulho do ranger das dobradiças ecoou por todo o local.

A parte de dentro da porta era algo inacreditável, um enorme salão redondo de uns 50m² com tochas por todos os lados iluminando cada centímetro, grande parte da parede do lado esquerdo era preenchida por prateleiras que foram feitas sob-medida para o local redondo, essas prateleiras estavam repletas de livros de todas as cores e tamanhos, novos e velhos, tinham até pergaminhos enrolados em algumas das prateleiras, do outro lado do salão, havia uma mesa com algumas cadeiras, algumas poltronas feitas de pele de algum animal que eu não saberia identificar, e uma cama ao fundo do salão circular, um tapete enorme cobria boa parte de todo o local, e bem no centro desse tapete existia um pedestal com uma enorme bola de cristal em cima.

— Haru, olha para esse lugar. — eu estava abismado com o que estava vendo.

Haru esticou o pescoço para olhar por cima da minha cabeça, eu entrei no salão e Haru entrou logo atrás, estávamos confusos, o que era aquele quarto dentro da montanha? Ceguei perto da grande esfera de cristal no centro do salão, olhando mais atentamente para o teto percebi que havia um pequeno buraco bem acima da esfera, olhando por ele pude ver o céu estrelado lá fora, bem longe, um buraco não muito maior do que um prato, mas que era o suficiente para a luz da lua chegar até o objeto cristalino.

— Este é o quarto de Amaterasu.— uma voz ecoou pelo quarto, olhei para Haru e ele estava olhando para trás de mim como se tivesse visto um fantasma. Me virei devagar esperando ver algo que eu não iria gostar, mas quando olhei para trás vi um rosto familiar.

— Bruce!— O homem que eu tinha visto em meu delírio mais cedo.

— Olá Makoto.— O homem era exatamente como eu havia visto em minha mente, parecia apenas um pouco mais alto, mas agora que eu o via de perto ele parecia um pouco mais forte e mais assustador.

— C-como você está aqui em carne e osso se você disse que era um espírito?— Eu estava confuso.

— É por que ele não está aqui em carne e osso meu jovem.— uma voz velha veio de trás de Haru, olhei na direção dele e ele estava pálido com medo de olhar para trás. Parado logo atrás de Haru estava um homem alto e velho, com uma barba longa, um cabelo grisalho também longo, e uma túnica azul com detalhes amarelos, exatamente como a do Bruce.