Fogo

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- Então você veio ver se descobria algo? - Perguntou a pessoa que estava abaixada no chão ao lado da cama.

Entrei no quarto, não era um quarto muito grande mas tinha um tamanho razoável, ao lado da porta tinha uma penteadeira com vários produtos de beleza, escovas de cabelo, um espelho bem grande, ao lado dessa penteadeira uma outra mesinha menor, nesta haviam vários tubos de ensaio, algumas embalagens que pareciam remédios, e um livro de química aberto, a mulher estava agachada em frente a essa mesinha, com o rotos entre os joelhos, logo atrás dela haviam uma cama de casal, em um dos cantos do quarto existia um guarda roupas de madeira que achei muito bonito, parecia antigo, e no outro canto uma porta, acredito que esta levava até o banheiro da suíte.

- Professora? - Perguntei para a mulher, no escuro eu não sabia ao certo se era realmente ela.

- Eu não queria machucar ninguém, não queria. - Agora o choro que antes era baixinho se intensificou.

- O que aconteceu professora? Me conte o que aconteceu, como você se transformou... Naquilo. - eu não sabia se chamava de monstro, ou de gorila, não queria ofender ela.

- Makoto. Aconteceu com você também não foi? - Izume abriu bem os olhos me olhando esperando uma resposta, mas eu não sabia do que ela estava falando. - A ilha, você foi lá não foi? Deve ter ido, sua velocidade, sua força, resistência, o fato de não ter morrido com os ataques da besta.

- Besta? - me sentei ao seu lado.

- É assim que eu chamo ela. Ela não sou eu, você tem que entender! - O olhar de Izume era quase de súplica.

- Tudo bem, então me explique o que aconteceu. - Olhei no fundo dos olhos dela, parecia a minha professora de sempre, e não a besta.

- Certo. Do início então. Eu fui até a Ilha dos Lobos em um fim de semana a mais ou menos um mês e meio, assim que desembarquei do meu caiaque na pequena praia da ilha, com menos de dez minutos que eu estava lá comecei a passar mal, tonturas e náuseas, até que desmaiei.

- Mas por que foi até a ilha? - Várias dúvidas surgiam em minha mente, mas tinha que me manter focado na história para entender o que acontecera.

- Sou fascinada por história, meu sonho era ter estudado história, mas a faculdade de história não existe aqui na região de Mizu, eu teria que me mudar para isso e não queria deixar minha mãe sozinha, então cursei minha segunda opção, química. - Impressionante como essa Izume não parecia em nada aquela mulher rabugenta e mau humorada de dias atrás. - Nos fins de semana estudo história, leio muito e visito locais históricos, e aquela ilha guarda um segredo, ela aparece em diversos documentos históricos, a maioria deles são documentos banidos pelo governo, a própria ilha é um local proibido, por isso ninguém vai lá ou fala sobre o local. Fui lá por que queria visitá-la e ver o templo para o deus da luz, em um livro antigo encontrei uma descrição sobre o local e acredito que na ilha haja um templo escondido com diversas relíquias históricas dentro.

- Mas você desmaiou assim que chegou na ilha? Isso aconteceu comigo também, mas no meu caso não consegui nem chegar até ela. - tentei relembrar daquele dia, procurar lembranças de o que tinha acontecido, mas não consegui.

- Porquê você foi até a ilha? - Perguntou a professora.

- No dia do alfinete, perdi uma aposta e eu teria que ir até a ilha nadando e voltar, achei que fosse conseguir mas quando estava quase lá senti algo me puxando para baixo, achei que eu fosse morrer afogado, acabei desmaiando e acordei no outro dia atirado na praia.

- Isso aconteceu comigo também - disse Izume - quando desmaiei acordei no outro dia na praia, e nos dias que se seguiram eu comecei a perceber algumas abilidades que eu não tinha, a força, a resistência, a percepção do ambiente também melhorou muito, até que comecei a perceber que eu não era mais eu, aos poucos eu vinha ficando com raiva, tudo me irritava, até que em um dia num ataque de fúria aqui mesmo dentro de casa acabei me transformando na besta.

O Shaman da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora