Sol

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Era noite, eu estava no meio de uma floresta, olhei para minhas mãos e meus pulsos estavam unidos por uma algema de metal, estava muito escuro mas pude ver dois homens a minha frente, os dois estavam me puxando por uma corda amarrada à minha cintura. Os dois homens usavam capacetes de metal e um tipo de uniforme um deles segurava uma tocha, eles conversavam em uma linha que eu não compreendia, olhei para trás e vi mais um homem vindo logo atrás de mim, este carregava uma espada em uma das mãos e uma tocha em outra.

Nani o mite? — disse o homem, eu não entendia o que ele estava falando, então ele me espetou com a ponta da espada no meio das minhas costas, provavelmente queria que eu voltasse a caminhar.

Segui na direção em que me puxavam, estávamos subindo algo que parecia muito ser uma montanha, arvores para todos os lados e uma apenas uma trilha provavelmente formada pela quantidade de vezes que alguém passara nela. Quando estávamos quase no topo encontramos um senhor de idade, um velho que parecia ser simpático, não fosse o fato de eu ser um prisioneiro aparentemente, ele segurava uma tocha em uma das mãos e usava uma roupa que parecia muito a de um sacerdote, estava na boca de uma caverna, olhei para o alto e faltavam ainda alguns bons minutos de caminhada para se chegar ao topo da montanha, olhei para trás e já estava alto o suficiente para que eu visse com mais facilidade, pude ver que bem atrás de nós havia outra montanha, e no topo desta muitas luzes, acredito que se tratava de uma cidade.

Soreha? — disse o velho olhando para um dos homens e apontando para mim.

Kare wa wareware ga hanashita otokodesu. — disse o homem que estava me segurando pela corda, o homem atrás de mim de empurrou com as mãos, quase tombei para a frente.

— Watashi wa rikai suru. Sore o soko ni irete kudasai. — o velho falou apontando para dentro da caverna, os homens começaram a me puxar a força para dentro, eu fiz força para não entrar lá, não sei o motivo mas eu estava com muito medo, não sei o que iriam fazer comigo, o que iria acontecer, mas eles eram três, e eram mais fortes, me empurraram até eu fui lançado com força para dentro da escuridão e mesmo não vendo nada senti meu rosto bater no chão da caverna.

❊❊❊

— Makoto!! Acorda meu filho, já está tarde. — Abri meus olhos e eu estava em casa, aquilo tudo tinha sido um sonho, parecia muito real, mas fora de fato um sonho.

Sentei-me na cama e esfreguei os olhos, ainda estava com sono, muito cansado, olhei para a cadeira em frente a minha mesinha de estudos, meu casaco estava ali, então lembrei do que havia acontecido na noite passada, da explosão na casa da professora Izumi, levantei-me rápido e fui até a cozinha, meu pai gostava de ler o jornal todos os dias de manhã antes de ir para o trabalho, olhei para o relógio e já eram nove horas, meu pai já havia saído, deveria ter deixado o jornal na mesa, fui até a sala de jantar onde tomávamos café da manhã e ele estava ali em cima da mesa, minha mãe estava em sua cadeira de costume, tomava café em um xícara rosa que eu dei para ela de aniversário.

— Filho, vem tomar café comigo, seu pai saiu cedo hoje, disse que tinha algum relatório para fazer ou algo do tipo — disse minha mãe — Você viu a explosão ontem? Acabei de ler no jornal que uma casa explodiu na parte baixa de Mizu ontem de noite.

Era isso, então tinha acontecido mesmo, peguei o jornal e logo na primeira página já se lia a manchete: Casa explode na parte baixa de Mizu. Abri o jornal e tentei encontrar a notícia.

Na noite desta quinta-feira uma grande explosão abalou a parte baixa de Mizu, oficiais da polícia chegaram ao local um pouco antes da explosão acontecer, houve uma denúncia de atividades estranhas na casa do atendado de alguns dias atrás, segundo os policiais a casa estava vazia e não houveram feridos, uma das residencias próximas foi afetada pelas chamas da explosão mas o fogo logo foi contido.

A casa não estava vazia, a professora estava lá, talvez os policiais queriam pegar ela para estuda-la ou algo do tipo, então forjaram a explosão para encobrir os atos. Minha mente já estava viajando por teorias da conspiração desde ontem quando descobri que o governo do nosso país ocultava documentos sobre a Ilha dos Lobos. Eu tinha que ir até lá e isso não podia esperar, mas eu iria precisar da ajuda de Haru, e ele só estaria disponível de noite por causa da escola e do trabalho na loja dos pais.

Tomei café com a minha mãe e ajudei ela em alguns afazeres de casa, logo mais à noite eu iria ter que ir ver Haru para pedir a ajuda dele.

❊❊❊ 

 Já eram mais de dez horas da noite, meus pais já estavam deitados para dormir, eu estava deitado em minha cama também, mas não era para dormir, estava esperando a hora certa para sair, e essa era a hora. Levantei bem devagar, estava com meus tênis ali embaixo da cama, calcei-os e peguei meu casaco na cadeira, abri a janela do meu quarto bem devagar para não acordar ninguém, sair pela janela foi preciso mas foi fácil, pelo menos ela era próxima ao chão, cerca de um metro, então não tive maiores problemas.

Passei correndo pela rua onde morava, quando estava quase no fim da rua pensei que eu poderia estar indo pelos telhados ao invés de correr, e ali mesmo em plena corrida eu dei um salto, subi uns quatro metros no ar, e pousei em cima de um telhado te uma casa de dois andares, pela primeira vez notei que meu pouso foi suave, era como se eu fosse um gato ou algo do tipo, mesmo caindo em um telhado eu quase não tinha feito barulho, continuei correndo e saltando, de telhado em telhado, agora eu podia entender como funcionavam meus poderes.

Em pouco tempo cheguei até a casa de Haru, parei em frente a loja da família dele, eles moravam no andar de cima da loja, a janela do quarto de Haru era em um beco entre a loja deles e a loja de roupas que ficava ao lado, caminhei até a lateral do prédio e entrei no beco, a luz do quarto de Haru estava acesa, eu já estava confiante o suficiente com meus poderes para tentar usá-los ali, saltei até o parapeito da janela dele, me agarrei ao parapeito com as duas mãos, fiz força para me puxar para cima, até que vi Haru deitado na cama lendo um livro, bati na janela e Haru olhou para mim, tomou um susto que quase caiu da cama, levantou bem depressa e veio até a janela, abriu-a.

— Você é louco? O que está fazendo aqui? — perguntou espantado, em seguida olhou para baixo e viu que eu não estava usando escadas. — Como você conseguiu subir aqui?

Me puxei para dentro, e cai sentado no chão do quarto, Haru continuava me olhando esperando explicações. Fiquei sentado no chão por alguns segundos retomando o folego, Haru puxou a cadeira da mesinha que ele tinha em seu quarto, sentou-se nela bem na minha frente.

— Makoto, me explica o que você ta fazendo aqui uma hora dessas da noite. — Ele parecia confuso.

— Haru, eu tenho que te contar uma coisa incrível que aconteceu comigo no dia que fui nadando até a Ilha dos Lobos.

Durante os próximos quarenta minutos ficamos conversando ali, contei tudo que tinha acontecido comigo, os poderes, o monstro, falei da professora Izumi e do Sr. Jojo. Haru não podia acreditar em tudo que eu falava, ele achou que eu estava louco.

— Você sabe quais são as chances de realmente alguém ter poderes mágicos? — perguntou para mim.

— Eu não sei como eu consegui os poderes, não sei como eles funcionam, ainda estou aprendendo a controla-los, mas você tem que me ouvir, a professora Izumi ganhou os mesmos poderes, e ela foi possuída por aquele monstro, agora ela está morta ou na melhor das hipóteses ela está presa, temos que descobrir o que tem naquela ilha. — Eu estava decidido a ir até lá, seja com a ajuda de Haru ou não.

— Eu te entendo, mas o que vamos fazer lá?

— Eu ainda não sei, mas deve existir alguma coisa lá, algo que explique tudo isso que está acontecendo.

Amaterasu.

Ouvi um sussurro em minha mente, não era uma voz que eu conhecesse, parei de falar no mesmo momento, e olhei para todos os lados do quarto em busca do dono da voz.

Amaterasu.

Senti uma forte pontada em minha mente, uma dor aguda quase como se alguém estivesse perfurando-a com um tipo de prego, e então o escuro.

Amaterasu.

O Shaman da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora