CAPÍTULO TRÊS
Enquanto voltava da Escola Municipal Luíza Tereza onde lecionava para o 3º ano do Ensino Fundamental, Cristiny andava a passos lentos, com os cabelos negros, lisos amarrados em um rabo de cavalo frouxo. Usava uma blusa gola pólo feminino lilás, calça jeans e uma sandália rasteirinha. Abraçada aos livros e ao caderno de plano de aula, ela ouvia uma música no fone de ouvido, que, aliás, estava no final.
De repente, alguém a chamou.
- Hei, Cristiny!
Por coincidência, a música que se iniciou quando se virou para ver de quem era a voz, foi “Photograph” Eddie sherren
- Josué?– Sentiu seus joelhos fracos. – Que bom te ver! Tá vindo de onde com essa mochila?
- Da casa do meu pai. Agora estou indo para a casa da minha mãe. – Eles começaram a caminhar, lado a lado.
- Você não acha chato ter que morar em duas casas ao mesmo tempo?
- Acredita que eu já me acostumei? Antes eu achava ruim, mas com o tempo eu me acostumei, fazer o que né? Nós temos que nos adaptar as situações. Quem mandou meus pais divorciarem?
- Verdade! Acho que pais não deviam se separar. Desestrutura a família toda.
- E você? Está vindo do trabalho?
- Sim, e agora estou indo para casa, conversar com a solidão. Aliás, corrigir umas provas e elaborar o plano de aula dessa semana. Ser professora não é fácil!
- Está indo conversar com a solidão porque quer. Você poderia ir lá para casa conversar comigo e com a Gaby, se não for lhe atrapalhar muito.
- Ah não Josué! Eu já fui lá semana passada, vocês já devem estar enjoados da minha cara.
Ele a olhou mais atentamente e notou como era linda. Olhos azuis pele clara e cabelos negros, além de lábios rosados naturais que a deixava mais bela. E um jeito dócil ao mesmo tempo em que frágil e forte.
- De jeito nenhum! Você é sempre bem vinda lá em casa, deixa de besteira e vamos jantar com a gente. Acho que minha mãe ou a Gaby devem ter feito uma comida bem gostosa.
- A Gaby ficou de dormir lá em casa amanhã. A gente já tinha combinado, então não precisa eu ir lá hoje.
- Você só está esquecendo de um detalhe.
- Qual?
- Não é só a Gabriella que mora lá, sabia? Eu posso está te chamando pra jantar lá em casa por que eu estou querendo sua companhia.
Ela sorriu sem graça, pois seu coração tinha acelerado ao mesmo tempo em que sentiu seu rosto pegar fogo. A música “Don´t Cry tonight” do Guns começou a tocar, mas ela retirou o celular do bolso e voltou para a música anterior. Se for para ser paquerada, que seja ao som de Eddie sherren
- Está bem Josué, você me convenceu, mas não posso demorar se não meus alunos ficarão sem saber suas notas amanhã.
- Tudo bem. Prometo não te prender muito.
Visto que caminhavam pela calçada da avenida principal de um bairro perto da casa do Josué, chamado jardim II, um ônibus passou em alta velocidade, levantando poeira da terra que aviam no asfalto.
- Que raiva! Lavei meu cabelo ontem. – Reclamou Cristiny, sorrindo ao mesmo tempo em que tossia.
- Vai ter que lavar hoje também. – brincou.
- Você não sabe como dá trabalho cuidar de cabelo. – Ela soltou os cabelos e os balançou colocando para trás.
- Dá para ver que você cuida muito bem deles. São bonitos!
- Obrigada! – Ela fez um coque prendendo-o com um lápis.
Continuaram caminhando e conversando. Cristiny observava atentamente o jeito carinhoso e atencioso que Josué conversava e como se preocupava com a família. Os vinte minutos de caminhada passaram bem depressa.
- Chegamos! – Ele tirou as chaves do bolso e abriu o portão, entrando logo em seguida e a conduzindo para dentro da casa. Com cavalheirismo. – Gaby, cheguei! Samuel? Cadê vocês? Calebe, mãe? – Colocou a mochila no sofá e foi em cada cômodo da casa, procurar por alguém, enquanto Cristiny permaneceu em pé, próximo à porta. – Por incrível que pareça não tem ninguém.
- Têm um bilhete aqui na mesinha do telefone. – Ela apontou, visto que ficava ao lado da porta.
- Ler aí, por favor.
- Diz assim: “Josué, eu a mamãe, o Samuca e o Calebe fomos jantar na casa do tio Rodrigo. Voltaremos às 10h. Te ligamos avisando, mas seu celular, como sempre, estava desligado. Bj Gaby”. – Ela voltou seu olhar para Josué – se seu celular não estivesse desligado...
- Sempre esqueço. – Tirou o celular do bolso e jogou no sofá. – Parece que nos abandonaram. – Cristiny sorriu ao o ouvi-lo dizer isso. – O pior é que eu acho que eles não fizeram nada para jantar. – Colocou as mãos no bolso.
- Não precisa se preocupar comigo, Josué, você pode preparar qualquer coisa para você. Eu já vou indo.
- Espera! Eu posso preparar uns sanduiches para nós em dez minutos. Te garanto que são melhores do que os do Subway. Não quero que você tenha vindo aqui em vão. Nós lanchamos e depois eu te levo em casa. Não aceito ‘não’ como resposta.
- É sério Josué! Você está sendo um amor, eu agradeço demais o convite, mas acho que é melhor deixarmos para a próxima. Não quero lhe incomodar.
- Está bem. – Ele respirou fundo, cabisbaixo. – Não vou insistir, não quero ser chato. Deixa ao menos eu te levar em casa, já que eu fiz você vir até aqui. É o mínimo que posso fazer.
- Está bem. Vamos?
Ele foi deixá-la em casa a pé, visto que ela morava perto. E no caminho conversaram sem parar, como se já se conhecessem há muito tempo. Ambos sentiram isso, as palavras surgiram naturalmente. E assim como antes, a caminhada passou rápido.
Chegaram à frente de uma casa de dois andares um mini-prédio na realidade telhas coloniais, paredes verdes e com um jardim bem cuidado ao lado do portão branco.
- É aqui que você mora?
- Como dizem: “É aqui que me escondo”.
Eles ficaram sem assunto, parados um de frente ao outro, com uma distancia considerável. Cristiny abaixou a cabeça, olhando para os seus pés e Josué, enfiou as mãos no bolso do seu jeans. De repente, eles se olharam, em silêncio e sorriram.
- Você é muito engraçada Cristiny e legal também. Agora eu sei por que a Gabriella fala tão bem de você.
- Para com isso! Assim você me deixa sem graça. – Disse sorrindo.
- Desculpa.
- Tudo bem.
- Acho que eu já vou indo.
- Só não te chamo para entrar porque a casa está uma bagunça. Semana de prova é uma loucura.
- Não tem problema. Deixa pra próxima. Você vai ficar bem? Não quer que eu ajude em alguma coisa?
- Não precisa. Obrigada pela preocupação. De verdade.
Josué acenou com a cabeça e saiu. Cristiny ficou parada por um instante procurando as chaves do portão nos bolsos de sua calça ao mesmo tempo em que mantinha o olhar no Josué partindo. Após entrar e fechar o portão atrás de si adentrou em sua casa sorridente. Josué a tinha tratado tão bem. Será que isso foi apenas educação? Ou será que Josué está se apaixonando por mim? Ela se perguntava, enquanto caminhava pela casa. Será que finalmente encontrei o meu amor?
Em quanto Cristiny pensava assim, Josué prosseguia andando, pensativo:
- Gostei muito de ter a conhecido. Tudo começa na amizade....Pensou ele com um sorriso malicioso...
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ETERNO AMOR
Storie d'amoreETERNO AMOR conta a história de uma jovem de 23 anos chamada Cristiny que sofre uma grande decepção amorosa ,e decide ir embora morar em outra cidade recomeçar do zero, visto que passou em um concurso público para professora em uma cidade do Go...