SETE

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31 de setembro de 2012.

— Você tem que parar de fazer essas coisas... – Eu disse a ele rindo baixo, quase um murmúrio de risada, ao me virar para ele e ver seu sorriso sem dentes, como se estivesse satisfeito em ver minha reação apreensiva e divertida. Sorri também para deixá-lo aliviado em saber que não teria uma parada cardíaca em segundos. E de novo, ele estava perto de mais. E eu recentemente considerava isso bom. Proximidade era bom. Ótimo.

— Espero não ter te assustado ao ponto de você cair no chão por uma parada cardíaca – sua risada ecoando pela sala quase vazia era uma das várias coisas que vinham facilmente atraindo minha atenção contínua, me atraindo mais para ele. — Venha, vamos conversar ali na varanda...

O segui até a pequena varanda na parte da frente da casa, nos sentamos no degrau e ficamos apenas alí, absorvendo a miséria de raios de sol que nos atingia devido, novamente, ao tempo nublado que estava acima de nós. As vezes eu pensava em como tudo isso, uma mistura de paletas de cores cinzas e brancas, poderia se tornar o meu "paraíso" se tudo aqui parecia tão mórbido e sem graça, exceto pela companhia da única pessoa que obviamente existe aqui. Ele era a minha exceção. A única. Nem mesmo aquele lugar na clareira poderia se comparar à sua beleza interior e exterior e seu carinho comigo. Ele vinha me atraindo e me agradando de várias formas e eu tinha que retribuir isso, de qualquer maneira.

— Você... Não, esquece – balançou a cabeça negativamente ao interromper a si próprio, como se ele não tivesse coragem ou não quisesse mais me perguntar alguma coisa.

— Não, você pode me contar. O que foi?

— Estava pensando aqui nas vezes que você veio e nas vezes que você possivelmente virá e conclui que eu sou um puta de um egoísta – ele falava aquelas coisas de si mesmo como se ele fosse algo sujo e repudiável. Ele estava nervoso. Mas eu não entendia o porquê de tudo isso, de tanto mistério. Aonde estava o garoto sorridente, alegre e sereno que eu conheço? Ele certamente não está aqui agora.

— E o que a minha vinda aqui tem a ver com você ser egoísta? Por que você está assim? – perguntei. Ele continuou mudo. Estava hesitante em me contar qualquer coisa a respeito disso e eu sabia que tinha algo alí que ele não estava me contando. — Você está me escondendo alguma coisa, não esta?

— Estou – ele disse já se lamentando, pelo tom de voz. Mas também parecia estar com raiva, mas o que eu poderia ter feito para o deixar assim? Ou talvez pudesse não ser eu o motivo dessas reações. — Mas eu... Não posso te contar. Eu sinto muito.

— Eu fiz alguma coisa? Por que está se desculpando? Não há nada que você tenha feito para me machucar! Por que está agindo assim?! - naquele momento eu já estava nervoso por me sentir culpado pelo que ele estava sentindo e fazendo.

— Claro que tem, Gerard! Você não fez nada, eu fiz! Estou fazendo e vou continuar a fazer... Tudo isso por eu ser um idiota e egoísta ao mesmo tempo! Eu estou prendendo você a mim! E eu com certeza irei pagar um preço por tudo o que acabei de te dizer... Eu lamento...

— Eu... eu... – eu não conseguia dizer ou entender nada. Naquele instante nós já estávamos virados um para o outro nos olhando sem deixar escapar uma olhada sequer que não fosse para nossos rostos. Seus olhos estavam ficando marejados e ameaçavam deixar cair suas lágrimas. Cheguei mais perto dele e pus ambas minhas mãos em suas bochechas, limpando as lágrimas que já estavam caindo com meus dedões. Enquanto as enxugava, meus dedos faziam carinho em sua face e com isso consegui tirar um sorriso neutro dele. Ele olhava para mim intensamente, assim como eu para ele e continuamos parados alí.

Involuntariamente, fui me aproximando cada vez mais de seu rosto, sem quebrar o contato com seus olhos. O calor em meu corpo se espalhava tão forte assim como cada batida intensa que o meu coração fazia; minha pele estava completamente arrepiada e minha cabeça era um caos completo, assim como meu estômago que era pura desordem. Sua mão tirou uma das minhas de seu rosto e começou a afagá-la delicadamente em seu colo, enquanto a outra subia pelo meu peito lentamente até chegar ao meu pescoço. Meus lábios nos dele e os dele nos meus. Nós estávamos nos beijando, e eu me sentia tão... Eu sei lá o que eu estava sentindo, mas sabia que estava gostando daquilo... Dele. E ele de mim. Nós nos aproximamos mais para perto um do outro; eu não queria que existisse algum espaço sequer entre nós, eu só queria seu calor, seu corpo colado ao meu e suas mãos me acariciando e apertando, assim como as minhas faziam com ele. Depois de consideráveis segundos cortamos o beijo e eu fiquei admirando cada traço de seu rosto jovial e belo, gravando cada detalhe com medo de que essa sensação boa com ele acabasse a qualquer momento, já que havia essa possibilidade inesperada.

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