ONZE

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8 de outubro de 2012, casa dos Ways - 9:47 PM.

- O que você fez? Desde quando você está usando isso?! - minha mãe exigiu de mim respostas mas eu não sabia responder nenhuma de suas perguntas. Ela mal falou comigo desde que saímos da escola, na verdade sequer emitiu algum som. - Você vai me contar tudo.

- Quê?! Não estou usando nada! Não tenho nada para contar.

- Gerard Arthur Way. Não me enrole, eu quero saber que tipo de droga você tá usando é a quanto tempo. - disse ela na mais calma e ameaçadora das vozes, quando ela fazia isso era sinal de que as coisas não iriam tomar um rumo muito bonito.

- Mãe, já disse, eu não estou usando nada! Talvez eu tenha tido um desmaiado um pouco grave ou esteja até doente. Eu realmente não sei o que aconteceu. - menti. Não gostava de mentir, mas ultimamente tenho estado em situações onde não há muitas escolhas do que responder. Sem hipótese alguma de que eu sequer revelaria alguma coisa sobre as pílulas. Ela me olhava profundamente, como se analisasse cada centímetro da minha alma a procura de provas de que eu estava errado. Aquele gesto me assustava.

- "Um desmaio um pouco grave", Gerard? Filho, isso não é normal! Se, por algum acaso, eu encontrar você da mesma maneira que te vi hoje, pode ter certeza de que não vou fraquejar em te levar pra lá de novo. Você não vai ser igual a ele. Chega... - o tom de voz autoritário e potente de minha mãe havia diminuído para um tom baixo e reflexivo. Eu tinha absoluta certeza de que ela estava revirando suas memórias de anos atrás quando uma tragédia aconteceu em nossa família. Mais precisamente com meu tio, seu falecido irmão. Deu as costas para mim e subiu para seu quarto, me deixando sozinho e com remorso na sala.

Eu sentia sim um pesar na minha consciência com as mentiras que eu vinha contando recentemente, mas o meu vício conseguia ser maior que o peso do remorso. Muito além do vício, o meu insano relacionamento com uma alucinação. Louco, não?

Resolvi ir tomar um ar do lado de fora, a tensão pairando sobre minha cabeça não estava me fazendo nada bem. Me direcionei até a porta e a abri, dando de cara com um Frank com cara de culpado - o que era estranho, porque ele quase sempre estava com um ar de desinteresse ou um olhar vago - e seu pai, prestes a bater na porta. O Sr. Iero, diferente do filho, estava animado e logo abriu um meio sorriso ao me ver na porta, montei minha melhor cara de recepção-à-vizinhos-inesperados que pude e os cumprimentei.

- Ieros... Boa noite, é ótimo vê-los. Não querem entrar? Eu irei chamar o meu pai, Sr. Iero, só um instante. - me movi para trás a fim de dar espaço para que eles entrassem e, assim que o fizeram, fechei a porta, desfazendo a minha cara surpresa e me perguntando mentalmente o que eles estariam fazendo aqui a essa hora da noite e estranhamente animados. Mais precisamente o Sr. Iero porque Frank parecia que havia saído de um funeral. Mas não era para tanto, até que ele ainda mantinha seu ar meio vago, então não levei muita seriedade e dei de ombros, na espera do que ele iria falar.

Meu pai havia chegado até a sala de estar e já vinha cumprimentando nossas visitas, dando mais atenção ao pai de Frank. O mesmo também percebeu e logo veio até mim, meio sem jeito.

- Gerard. - Como esperado, seu tom era vago e sem zombarias, apenas um simples menear de cabeça. Fiz o mesmo, imitando-o.

- Frank. A que devo a honra desta visita? Achei que estava de mau comigo... Andou usando maquiagem nos olhos, é? Você não precisa disso pra ser belo...

- Chega, tá, Way? - se aproximou mais de mim e meio que rosnou baixo para que apenas eu ouvisse, antes de se virar e dar uma breve olhada para nossos pais entretidos em seus próprios assuntos. - Também é sobre isso que vim falar. Eu não quis me comportar daquela maneira com você hoje de manhã... Foi um equivoco com coisas do passado que vieram a tona quando você disse aquilo. Não era minha intenção te ignorar.

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⏰ Última atualização: Aug 19, 2018 ⏰

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