Capítulo |04|

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Aurora voltou para casa num humor muito diferente do da noite anterior. Com apenas um detalhe manteria em segredo, tinha boas notícias para o pai. Quando chegou ao chalé, tinha até mesmo se recuperado do choque de ter Zayn Malik como o primeiro inquilino da casa, e jantou sozinha para celebrar. Quando foi à casa, o pai estava na cozinha esperando por ela.

- Então? - Estava ansioso. - Julia me disse que encontraria a mulher Brewster hoje. Tem boas notícias?

- Sim. Vamos tomar um café no estúdio e conversar.

- Já fiz café para você. - Foi uma surpresa; ele nunca fazia nada para ninguém.

Depois de instalados do estúdio, Aurora lhe informou que a reunião fora com o próprio cliente e lhe disse o quanto ele estava disposto a pagar pelo aluguel da River House para dar uma festa para seus funcionários.

- Mas é agora que vou jogar água fria em seu entusiasmo pai.

Ele estava pensando no aluguel exorbitante, tão maravilhada que demorou a registrar o comentário dela.

- É? O que é?

- Para fazer com que isso funcione, apenas parte do dinheiro será depositado na sua conta pessoal. O resto irá para uma conta comercial e apenas eu poderei movimentá-la para a manutenção da River House. Julia concorda comigo.

Os olhos de Aurora prenderam os dele e Aubrey Evans acenou, derrotado.

- O que você quiser. Mas é uma tristeza quando filhas não confiam no pai.

Não sem motivo, pensou Aurora.

- Charlotte Brewster me disse que há muitas outras possibilidades de aluguel da River House, assim nosso plano tem tudo para dar certo. Com a condição - enfatizou - de que a casa e os jardins sejam mantidos impecáveis para atrair futuros clientes.

Aubrey sorriu, triste.

- Qualquer coisa que quiser. Assinarei na linha pontilhada.... depois de ter lido as letras minúsculas, é claro. Mas teria sido muito embaraçoso se ainda estivesse trabalhando no banco.

- Você sabe que faz todo sentindo uma conta comercial. - Aurora observou-o atentamente enquanto ele assinava os documentos. - E acabo de me lembrar, o cliente quer ver a casa e os jardins o mais depressa possível. Quer estar aqui quando ele vier?

Ele ergueu a cabeça, irritado.

- É claro que quero! Maldição, garota, é o meu lar! Apenas se certifique de que estará aqui também.

- Como quiser. Não quero faltar ao trabalho, assim sugiro o sábado, e pedirei que Will dedique tempo extra ao jardim antes. A previsão do tempo é boa, felizmente.

Ele acenou, aborrecido.

- Então é sábado. Tenho um jogo de golfe marcado, mas vou cancelar.

- Bom. Vou pedir ao cliente para vir às dez.

- Quem é ele, por falar nisto?

- Presidente do Live Wires Group.

- Nunca ouvi falar. Mas deve ser um sucesso, se está preparado para gastar tanto numa festa para os funcionários. E é melhor avisar à senhora Rogers, Aurora.

- Não vai atrapalhá-la em nada. Margaret mantém toda a casa impecável e a cozinha não será usada pelo pessoal que trará a alimentação.

- As pessoas vão se espalhar por toda a casa?

- Não dessa vez. Haverá suma marquise no gramado. Provavelmente parecia com a que mandou erguer para o casamento de Sophie.

- Alegre-se, pai, é melhor do que vender a casa.

- Por Deus, tem razão - entusiasmou-se e lhe apertou a mão. - Você é uma boa menina, Aurora.

Ela afastou a mão.

- Boa-noite, pai.

Aurora voltou ao chalé e ficou parada junto à janela, observando o carro novo do pai descer até a estrada. Deixou uma mensagem para Julia informando como havia sido a reunião, então se controlou para ligar para Zayn.

- Aqui é Aurora... Aurora Evans.

- Não esqueci seu nome. Então, quando vamos nos encontrar?

- Sábado está bem para você?

- Está ótimo para ver a casa, mas preciso falar com você antes, Aurora. Ou devo continuar a chamá-la de senhorita Evans?

- Você decide. Por que quer me ver?

- Há alguns pontos que gostaria de esclarecer antes de me encontrar com seu pai.

Ele está cheio da grana, lembrou Aurora a si mesma.

- Quando quer ir ao meu escritório?

- Quis dizer um encontro particular. Um jantar amanhã.

Aurora quase deixou o celular cair.

- É absolutamente necessário?

- Imperativo. Mas não se preocupe - acrescentou, sarcástico-, não a estou convidado para um encontro. Estou hospedado na casa da minha irmã, Moira. O convite é dela.

-Que gentileza.

- Então você virá?

Pense no dinheiro, repetiu a si mesma como um mantra silencioso.

- Onde é a casa de sua irmã?

- O marido dela comprou a Old Rectory no Wood End. Eu a pegarei às 7h30.

- Não...obrigado. - Foi rápida na recusa. - Sei onde é.

Aurora se sentiu desconcertada. Zayn dificilmente poderia pretender aborrecê-la com o passado à mesa de jantar da irmã. Alugar a River House certamente seria toda a vingança de que precisaria. Mas por uma fração de segundo, no escritório, teve a impressão de que estava pronto para mudar de ideia quando soubera que ela não morava mais na casa. Certamente teria desistido naquele momento e não pediria à irmã para convidá-la para jantar.

Sabia que Moira Malik ocupara a posição dos pais para Zayn e o irmã depois que eles morreram e fizera um bom trabalho, a ajulgar pelo afeto que demonstrava quando falava sobre ela. Era uma surpresa saber que agora vivia na cidade.

Zayn mudara completamente, pensou, deprimida. Não era mais o homem encantador por quem se apaixonara. A voz que a deixava de joelhos moles era dura e áspera, os cabelos, mais disciplinados, e o corpo magro ganhara músculos. Suas roupas agora eram impecáveis, como era de se esperar de um magnata. A maior diferença, porém, era na personalidade. Havia adorado seu sorriso no passado, mas agora não havia mais sinais dele. A ambição necessária para construir uma empresa de informática bem-sucedida claramente não deixara lugar para o charme.

Aurora saiu do trabalho a tempo de se preparar para o duelo com o cliente que uma vez fora seu namorado. Mas nunca seu amante. Sabendo que seria o primeiro, ele aceitara seu pedido para esperar até se mudarem para um apartamento e viverem juntos. O que, pensando bem, teria sido uma receita para o fracasso. Com Zayn partilhando sua cama, teria sido praticamente impossível sair para as aulas. Mesmo assim, se ela tivesse sido o único alvo da raiva do pai, teria teimado e o desafiado. A ameaça de mandar prender Zayn a derrotara.

Aurora deixou de lado os pensamentos sobre o passado enquanto lidava com seus cabelos exuberantes, que não eram nem escuros como os de Julia nem louros como os de Sophie, mas num tom intermediário. Quando presos no coque que usava para o trabalho, ficavam escuros, mas agora, recém-lavados e soltos nos ombros, eram brilhantes e mais claros e lhe transformavam a aparência.

Mas era apenas uma questão de bom senso enfrentar Zayn com a melhor arma do seu arsenal. Entrou no justo vestido preto, colocou os brincos de ouro com gotas de cristal e, ao abrir a porta para sair, viu o pai se aproximando.

- Ah - pareceu aborrecido -, você vai sair. A senhora Rogers deixou comida demais e esperava que pudesse se juntar a mim para o jantar pelo menos dessa vez.

- Desculpe, pai. - Era apenas polida. - Vou jantar com amigos.

Era uma clara demonstração perguntar quem eram.

- Então deixamos para outra vez, Aurora. Divirta-se.

Seduction |Z.M|Onde histórias criam vida. Descubra agora