Capítulo |11|

450 53 3
                                    

Aurora só se acalmou quando chegou em casa. Trancou a porta do chalé, subiu, tirou as sandálias e pendurou o vestido com cuidado, espantada por ele estar imaculado depois da noite, principalmente daqueles abraços e beijos vulcânicos. Estremeceu e tomou um banho de chuveiro bem quente antes de cair na cama.

Quando acordou na manhã seguinte, percebeu que tivera duas horas extras de sono, afinal. A equipe encarregada de desmontar a marquise só chegou no meio da manhã. Aurora fez um café forte, tomou-o e, com relutância, ligou para Zayn para ter notícias de Claudia.

- Está dopada com analgésicos e, felizmente, dormindo. E você, como está, Aurora?

- Um pouco cansada, mas ótima.

- Estava saindo para ir à sua casa e garantir que o pessoal encarregado da marquise deixe tudo em ordem. Ainda estão ai?

- Acabaram de chegar.

- Certo, estou indo.

Aurora cerrou os dentes e disse a si mesma para parar de agir como uma idiota. Zayn iria lá apenas para ter certeza de que não haveria danos pelos quais teria que pagar. E precisava aproveitar para contar ao pai sobre o acidente com Claudia. Encontrou-o no momento em que tirava o carro da garagem.

- Estou atrasado, preciso partir.

- Preciso lhe contar uma coisa.

Embora o pai exclamasse adequadamente com o choque e a pena, estava ansioso para sair. Dever cumprido, Aurora voltou ao chalé e, com um suspiro de prazer, se enroscou no sofá com os jornais de domingo e uma caneca de café. Pouco depois, ouviu o som do motor do Aston Martin subindo pela alameda e respirou fundo para se acalmar enquanto abria a porta para Zayn. Parecia cansado e tinha olheiras; o sorriso era cauteloso quando lhe entregou um buquê de flores.

- São de Moira e Marcus, para agradecer a noite de ontem. Disse a eles que é o mesmo que levar carvões para uma carvoaria, mas insistiram, assim, aqui estão.

- Foi um gesto adorável. Por favor, agradeça a eles por mim. Claudia ainda está dormindo?

- Estava quando saí, felizmente. - Os lábios viraram para baixo. - Vamos esperar que durma bastante para dar uma folga a Moira. Ponha estas flores na água e venha comigo para verificar o jardim. Por favor - acrescentou, irritado, quando ela não fez menção de obedecer.

Sorria enquanto cuidava das flores. Sempre tinha sido bom contrariar Zayn no passado. Ele tinha uma tendência a dar ordens, mas então não se importara, estava apaixonada demais por ele.

- Bom - aprovou, quando ela trancou a porta ao saírem. - Precisa se preocupar com sua segurança numa propriedade tão grande como esta. Não se importe de viver tão longe da casa principal?

- Não. Para mim, essa é a maior vantagem.

Zayn franziu a testa, o olhar abaixado para ela enquanto subiam o caminho.

- Como já disse, você mudou muito, Aurora.

- Depois de tanto tempo, seria estranho se não tivesse mudado! Você também mudou muito, Zayn.

- Não nas maneiras que importam. - Ela ergueu uma sobrancelha, mas ele mudou de assunto. - Devemos convidar seu pai para inspecionar o jardim?

- Ele saiu. Tem uma vida social agitada.

Chegaram ao terraço e observaram o processo eficiente do desmonte da marquise.

- Não vi nenhum veículo quando cheguei - observou Zayn.

- Eles entraram pelo padoque. - Aurora se virou. - Vou deixar você observando.

- Vai sair?

- Não. Tenho um encontro com um sofá e os jornais de domingo. - Lançou-lhe aquele sorriso frio e polido que curiosamente o irritava tanto.

Zayn acenou contido.

- Vou apenas repetir meu agradecimento pela sua ajuda na noite passada. E, por falar nisso, gostou da festa?

- Mais do que esperava. Seu pessoal se divertiu muito, ficou claro. Foi uma festa inesquecível. - Ruborizou diante do olhar dele.

- Inesquecível em mais de uma forma! - Suspirou profundamente. - Vou levar Claudia de carro para Londres depois do almoço. Está se sentindo tão mal que quer a mãe. Marcus precisa estar no tribunal cedo amanhã, assim me ofereci para levar a inválida junto com Lily e Niall. - Espreguiçou-se e bocejou. - Amanhã volto para a pedreira do Live Wires. E você?

- Volto para minha pedreira particular. Agradeça a Moira e Marcus as flores e diga a Claudia que lhe desejo uma recuperação rápida. Adeus, Zayn.

- Ansiosa para se livrar de mim?

- De jeito nenhum. Presumi que estivesse com pressa de voltar para sua família.

- Por falar em família, me conte se seu pai vai ficar bravo quando souber sobre mim.

- O que você poderia fazer?

- Fornecer um ombro para você chorar?

- Aprendi a não precisar de um, mas obrigada pela gentileza.

Aurora se virou e começou a andar, pensando que ele ficaria para vigiar a equipe que desmontava a marquise, mas ele a acompanhou até o chalé.

- Moira gosta de você, Aurora - disse abruptamente, enquanto ela abria a porta. - Ainda não conhece ninguém aqui e, assim, quando a convidar para voltar à Old Rectory, pode ir? Não voltarei aqui por algum tempo, se isso fazer diferença.

- Fico feliz em visitar sua irmã a qualquer momento. Esteja você aqui ou não. - Estendeu a mão. - Adeus, Zayn.

- Faça disto um au revoir. Devo vir muitas vezes, agora que Moira vive aqui.

Aurora o observou com curiosidade.

- Sabe, há uma coisa que nunca descobri tanto anos atrás, Zayn. O que o trouxe para esta parte do mundo?

- Trabalho. Eu me candidatei ao emprego que a Combe Computers anunciou e o resto, como dizem, é história. Agora, preciso ir e deixar que você recarregue suas baterias. - Sorriu. - A menos que queira ajuda para isso.

Os olhos dela entrecerraram. Estaria ele pensando em continuar de onde parara na noite anterior?

Os olhos dele brilharam.

- Não se preocupe, não estava pedindo que partilhasse sua cama comigo para uma tarde de prazer. - Não - acrescentou, aproximando-se - que a ideia não seja atraente.

Ela deu um passo para trás.

- Que lisonjeiro. - Deu-lhe o sorriso social que ele detestava e entrou no chalé. Fechou a porta com um clique decisivo.

Zayn ficou parado olhando para a porta fechada por um momento, então, se afastou para conversar com a equipe que cuidava da marquise. Uma vez satisfeito de que nada seria deixado para trás para estragar a perfeição dos terrenos da River House, voltou para o carro. Uma coisa era evidente, percebeu enquanto descia, o triunfo da noite anterior não tinha sido o suficiente para ele. A valsa que haviam dançado tinha sido uma forma de purgatório para ele, e vê-la dançar aquele tango sexy depois alimentou a chama. A senhora Evans estava enganada se achava que tudo havia terminado. Além disso, pensou com satisfação súbita, Aubrey Evans ainda precisava descobrir quem fornecera o dinheiro que aceitara com tanta ganância.



Seduction |Z.M|Onde histórias criam vida. Descubra agora