Capítulo |14|

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Teve vontade de tomar o caminho mais fácil e dizer que sim. Mas não conseguiu.

- Tinha um fundo para faculdade deixado por minha mãe.

Os olhos de Zayn escureceram.

- Então, por que diabos não partiu comigo? - Exigiu, a voz mais áspera. - Tinha medo de que eu quisesse partilhar do fundo?

- Não, Zayn. - A voz agora estava cansada. - Foi por isso que veio aqui hoje, para desenterrar uma história antiga?

- Não. Acredite ou não, pensei que pudesse estar doente. - A boca retorceu. - Em vez disso, encontrei-a cortando grama naquela maldita máquina com todo esse calor. E amanhã vai cuidar o dia todo da filha de sua irmã. Quantos anos tem?

- Três.

- Você sempre larga tudo para cuidar dela?

- Apenas quando há uma crise. Embora a ideia de Sophie sobre crise seja diferente da minha. Sempre foi a rainha do drama.

- Vocês não se dão bem?

- Ela tem ciúmes de mim porque sou eu que vivo em casa com papai.

- E, no entanto, é você que ela chama numa crise.

- Vivo a apenas uma hora de carro de distância e Julia mora em Londres. - De repente, Aurora sorriu. - Não que Sophie teria sorte com Julia. Ela não e exatamente do tipo que cuida de crianças.

- E você é.

- Sim. Um dia na companhia de Annabel é um prazer, não um trabalho.

- Na verdade, tive outro motivo para invadir sua torre de marfim.

Ela ergueu as sobrancelhas.

- Não é uma torre, Zayn!

- Mas tem o mesmo objetivo. É onde você se esconde do mundo.

- Não me escondo.

- Então, se um homem quiser levá-la para a cama, é sempre na casa dele, não na sua?

- Mais ou menos. E quanto a você? Não perguntei onde mora.

- Comprei uma casa perto de Cheltenham há dois anos. Estou reformando-a devagar. O lugar é tombado, assim preciso ter cuidado. - Franziu a testa. - Seu pai já sabe quem eu sou?

- Com certeza. O senhor Lassiter teve muito prazer em lhe contar. - Aurora tomou o resto da água. - Papai ficou tão furioso que temi que tivesse um derrame. Gritou e xingou por muito tempo, mas no final a tempestade passou. - Sorriu triste. - A parte realmente irônica foi que ele gostou de você e de sua família. De alguma forma, acho que isso foi o pior quando descobriu quem você é.

Zayn a observou com simpatia.

- Um relacionamento tenso com seu pai deve ser difícil. Meus pais morreram relativamente jovens, mas Dan e eu tivemos sorte tínhamos Moira.

- Muita sorte mesmo. - Aurora suspirou. - Lamento muito perder o almoço com ela amanhã. Vou pensar em você com inveja enquanto comer fatias de peixe.

- Só então? - Havia uma nova intensidade no olhar dele.

- Na verdade, não. Vou pensar em você cada vez que assinar um cheque para os homens que estão consertando o telhado!

- Vi os andaimes quando estacionei o carro. Quando eles terminam?

- Semana que vem. E quero que termine logo porque minha irmã está organizando fotos de moda aqui para a revista dela e depois um canal de televisão quer fazer algumas cenas internas e externas para uma novela. - Aurora sorriu feliz. - Você começou a rodar a bola com a festa, assim sua vingança ricocheteou, Zayn. Deu à River House mais tempo de vida.

Zayn deixou o copo sobre a mesa e a puxou para seus braços.

- Nunca pensa em mais nada além desta maldita casa?

Beijou-lhe a boca que ela abrira para protestar, os braços a esmagando com tanta força que ela não conseguiu respirar. O beijo era pura punição. Ela perdeu o controle, mordeu-lhe a língua e Zayn praguejou e a soltou.

Cega, Aurora correu para a cozinha e cortou um pedaço de toalha de papel. Limpou a boca, então levou uma tira para Zayn.

- Aqui. - A voz era gelada. - Você está sangrando.

Ele pressionou o papel na ponta da língua, observando-a com rancor.

- Tudo o que precisava fazer era dizer "não".

- Diria se pudesse. Por que tudo isso de novo, Zayn? Não conseguiu sua vingança ao usar a casa?

- Pelo amor de Deus, pare de falar sobre a casa. A casa onde não vive, que não vai herdar e, no entanto, passa a vida se escravizando para manter. Quando vai viver a vida, Aurora? - Os olhos tinham um brilho quase feroz. - Isso é tudo o que temos e é curto. Inferno, de que adianta? - Respirou fundo e suas manejras de repente se tornaram formais. - Peço desculpas.

- Aceitas. - Virou-se e se dirigiu para a porta. - Não peço desculpas por mordê-lo.

- Você desenvolveu tendências violentas com a maturidade - observou enquanto passava por ela. - É assim com todos os seus homens?

- Nunca houve motivo. Eles me tratam com respeito.

Os olhos dele brilharam maliciosos.

- Que tédio! Adeus, Aurora.

Cheia demais de emoções para confiar na voz, fechou a porta sem uma palavra, então gritou quando a porta se abriu de repente e Zayn entrou, tomou-a nos braços e a beijou de novo, mas, dessa vez, com a antiga magia persuasiva que ela jamais encontrara em outro homem. Contra sua vontade, Aurora sentiu cada nervo respondendo ao toque dele até que, subitamente, estava livre.

- Este é o meu verdadeiro pedido de desculpas. - A voz estava rouca enquanto ele a deixava imobilizada e saía. Virou-se. - Apenas para registro, se desmarcou o almoço com Moira para me evitar, não precisava ter se incomodado. Não estarei lá.

Aurora encarou a porta que ele havia fechado e se deixou cair no sofá, sentindo como se toda a energia a tivesse a abandonado. Lágrimas lhe encheram os olhos e desceram sobre o rosto ruborizado. Maldito Zayn Malik e seus beijos! Agora que estava de volta à sua vida, a resignação que lhe custara tanto seria difícil de manter.

Seduction |Z.M|Onde histórias criam vida. Descubra agora