- Capítulo 14 - Um arco, outro arco...

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 Oliver seguiu em frente. O medo de descobrir em que estado estavam as almas lá embaixo, era quase tão grande quanto o medo de cair. Seus braços e pernas deveriam se mexer em sincronia, para que a travessia fosse possível. Infelizmente o seu corpo parecia não obedecer.

Oliver estava na metade do caminho. O buraco profundo e escuro, parecia um enorme olha. Sempre a observá-la.

Do outro lado Savanna encorajava a amiga a continuar. Vê-la ali, dando-lhe forças, pareceu renovar o ânimo de Oliver. Savanna era o porto seguro dela. A pessoa que simplesmente a apoiava cegamente. Oliver se sentia grata mais uma vez por Savanna estar ali, ela realmente não conseguiria sozinha.

Chegando do outro lado, Oliver constatou que o arco realmente era feito de ossos humanos. Aquilo com certeza não era um tapete com as palavras "Bem-vindos" bordadas nele.

A certeza, de que algo bem pior esperava por eles, vinha do silêncio esmagador que ecoava pelas paredes. As vozes sussurrantes do abismo haviam se calado, como se estivessem no um minuto de silêncio, por suas mortes. Mesmo que todas as células do corpo de Oliver dissessem o contrário ele caminhou para dentro do do arco.

Seguindo em frente uma escada levava para baixo, o que Oliver achou estranho já que o objetivo deles era chegar no topo da torre. Então ela se lembrou que o nome do lugar era "Torre Inversa", por algum motivo. A escada parecia ser talhada na pedra, e um musgo verde crescia pelas paredes. Aquele lugar não via a luz do sol a séculos. A claustrofobia de Oliver aumentava a cada passo que ela dava. Em certo ponto Max distribuiu lanternas, e Oliver pensou no que mais o garoto trazia dentro daquela mochila.

A escada terminava em uma sala circular, com uma mesa gigantesca no centro. Um banquete estava disposto em cima da mesa. Com todo tipo de comida, desde uma salada com folhas azuis até um hambúrguer. Pratos e mais pratos. Todos recheados de comida.

Havia três cadeiras de cada lado da mesa, e uma em cada ponta. Oliver imaginou quem ia gostar de comer em uma caverna subterrânea cheia de mofo. A resposta não devia ser nem um pouco agradável, por isso ela simplesmente passou pela mesa sem nem tocá-la.

— A quanto tempo essa comida toda está aqui? — Savanna perguntou pra ninguém especificamente.

— A mais de um século com certeza. Esse lugar existe desde a criação do mundo. — Max respondeu.

— Mas está tão conservada — Jime comentou. Era verdade, as frutas e legumes pareciam brilhar, e o cheio de carne de panela era algo maravilhoso.

Então em algum lugar uma porta de abriu. Todos ficaram imoveis. Uma figura humana rastejou até a mesa. Era uma criança. Devia ter entre seis a sete anos, e era tão magra que suas costelas estavam a mostra.

A criança se sentou na mesa e tentou apanhar uma maçã, instantaneamente a fruta sumiu. O mesmo aconteceu com um pedaço de frango que o garotinho tentou comer. A comida sumia e reaparecia assim que o garoto desistia de pegá-la.

Era algo inquietante de se ver. Até que o garoto começou a chorar. Inconformado a criança se retirou da mesa, sem nem ao menos notar os adolescentes que o observaram. Oliver não conseguiu se conter, caminhou até a mesa e pegou uma bandeja cheia de uvas, e levou até o garotinho, ignorando os olhares confusos dos outros.

— Oliver, não! — Max disse. Mas já era tarde, Oliver ergueu a bandeja para a criança, que imediatamente se virou para ela. Seus olhos, cavados em olheiras enormes, estavam cheios de gratidão. Mas assim que o garoto tocou, a bandeja sumiu.

Oliver e os Segredos da Torre - COMPLETO ✍✔✔Onde histórias criam vida. Descubra agora