- Capítulo 11 - Uma van luminosa e rosa

5 2 0
                                    


A van chacoalhava de u m jeito reconfortante. O brilho suave entrava pela janela da frente, iluminando o interior da van. Oliver esperava que a qualquer momento uma explosão de glitter brotasse do cano do carburador e desse supervelocidade a van.

Mas isso não aconteceu. A viajem não seria mágica. Seria da maneira tradicional. Com direito a paradas em posto de gasolina e restaurantes pra caminhoneiros.

Jime estava debruçado na janela. Ele olhava a paisagem, enquanto Angel Fals sumia no horizonte. Aquela era a cidade em que ele nasceu, viveu. Sua formatura do colegial foi no ginásio municipal. Seu primeiro beijo foi na loja do seu pai e ele tinha levado Oliver até o topo da caixa d'água, pra que eles observassem a cidade. Ele amava aquele lugar. Mesmo sendo pequena e isolada do resto do mundo, Angel Fals era o seu lar. E agora ele estava indo embora. Viajando em direção ao inferno. Tudo por Oliver. Ele não a deixaria na mão de novo.

— Oi — Disse Oliver sentando do lado dele — Você tá legal? Tipo com tudo isso?

— Eu... Hã, tô sim — Ele mentiu. Não podia dizer que estava apavorado e com medo. Ele se sentia responsável por ela, e se Oliver ia podia passar por tudo aqui pra salvar o mundo, ele podia passar por tudo aquilo por ela — Eu to legal sim, e você?

— Eu estou apavorada — ela disse com um riso nervoso. — Jime eu queria que soubesse que você tentou me beijar.

As palavras de Oliver pegaram ele de surpresa. Ele tinha certeza de que não tentou beijá-la. Ele queria, queria muito, mas nunca tentou.

— Não é isso, não desse jeito — ela começou a se explicar — Lá na casa dos Woods, quando eu surtei e sai correndo. Um metamorfo se passou por você e... Enfim. Eu só queria que soubesse.

— Ata, eu queria mesmo saber se um metaseiláoque tinha te enganado. Pode deixar que eu vou dar um sacode nele quando a gente voltar — ele respondeu.

— Não vai precisar. Roky cravou uma estaca nele

— Falando nisso, qual é a dele? — Jime perguntou indicando os dois com a cabeça — Ele vem e te dizem que tem que salvar o mundo e você os segue sem questionar?

— E o que você quer que eu faça Jime? Deixe as portas do inferno abertas e liberte o caos? A vó da Samy morreu! Os pais deles morreram! Quem mais vai morrer pra que eu vá até lá e tranque aquela torre?

— Você não tem que fazer isso Oly. Você não precisa fazer na disso — Jime respondeu. Oliver acreditava na mesma coisa antes de ver Margaret Blood morrer lentamente diante dos seu olhos.

— Você tá errado Jim, eu preciso. E eu escolhi isso, não você. A escolha não é sua — Oliver disse e antes que ele pudesse se desculpar ela se levantou e saiu. Ela se sentou no banco de trás com Savanna que ainda estava desmaiada. Ela parecia preocupada. Savanna continuava inconsciente. O próprio Jime estava ficando preocupado, já fazia algumas horas desde que ela tinha incinerado tudo e desmaiado. Ele ia se levantar e perguntar para Roky (que estava realizando uma especie de feitiço da ressurreição em Savanna) quando de repente ela voltou a si. Inspirou profundamente e sugou todo ar que seus pulmões conseguiram armazenar. Ela se sentou tinta no banco brilho da van e olhou ao redor se certificando de que não estava mais trancada na tumba.

— Os mortos não sentem cheiro de medo — Savanna disse — Eles se alimentam disso e sussurram no seu ouvido coisas horríveis pra aumentar seu medo — Ela completou. Mas suas palavras não faziam sentido. Ela parecia distante e com um olhar vago, como se estivesse em outro lugar.

—Samy, Samy oque você está dizendo? — Oliver perguntou — Você consegue me ouvir?

— Eles me disseram que iam tentar nos impedir. Que a morte reinaria e que todos que eu amo iam morrer.

— Samy... Ho meu Deus Samy — Oliver disse. Ela queria dizer que estava tudo bem e que os mortos não podiam ter dito aquilo. Mas a essa altura do campeonato tudo era possível. Queria consolá-la, pois agora Savanna chorava e se debatia. Gritando que os mortos levaram sua vó. Queria confortá-la dizendo que ninguém ia morre, mas a memória da senhora Blood a impedia. Então ela não disse nada. Sai de perto da amiga, dando espaço para que Max se aproximasse. Ele a olhou no fundo dos olhos e disse que estava tudo bem. Em seguida Savanna começou a repetir aquilo, como se fosse verdade. Até que voltou a dormir.

— Ela via ficar bem — Max disse quando passou por Oliver e foi se sentar no banco do carona. Envolto por vaga-lumes e a abelhas. Dafine dirigia a van sem se preocupar com o que a policia diria se pegasse uma menor dirigindo uma van brilhante, com uma garota inconsciente e outros quatro adolescentes a bordo. Seria a quadrilha de trafico de órgão mais bizarra da costa leste. — Eu a coloquei pra dormir. E você deveria fazer o mesmo, eu te acordo quando pararmos pra comer.

Oliver não pensou duas vezes. Tinha passado duas noites em claro. E tinha visto coisas que fariam qualquer pessoa pirar. Talvez fosse isso que estava acontecendo com Savanna. Oliver achou melhor descansar um pouco a mente e acordar disposta. Afinal ela ia precisar de todas as suas forças pra salvar o mundo quando acordasse.

Ela se ajeitou no banco do meio. Entre o banco de Jime e o de Roky e Savanna. Não demorou muito pra que sua consciência se dissolvesse no mundo negro dos sonhos. Dessa vez não havia nenhuma mulher pedindo ajuda. Não havia nada. Oliver dormiu imediatamente sem ter tempo para sonhos. Talvez não houvesse mais com o que sonhar. Talvez não houvesse mais nada que a assustasse tanto a ponto de fazê-la ficar louca. Talvez Anabell não tinha mais nada a dizer.

De qualquer modo ela adormeceu profundamente. E aquilo era bom de alguma forma. Uma pausa para que tudo fizesse sentido. Mas não importava quantas pausas ela fizesse. Sua mente só pensava em uma coisa naquele exato momento: O que mais os mortos sussurram no ouvido de Savanna. O que a assustou tanto pra que ela virasse uma Fênix incendiaria? Algo a dizia que logo ela ia descobrir.    

Oliver e os Segredos da Torre - COMPLETO ✍✔✔Onde histórias criam vida. Descubra agora