- Capítulo 13 - Um Cassino, chamado Luck's

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— Se segurem!— Dafine disse lá da frente. Então a van deu um solavanco brusco. Um estampido alto soou, e no minuto seguinte eles estavam em outro lugar. Oliver se perguntou se foi daquela forma que eles deixaram Angel Fals. Se enquanto ela dormia a van deu um salto no espaço-tempo, e surgiu em outro lugar.

A paisagem ao redor era completamente diferente do deserto em estilo faroeste, de Mine City. E também não se parecia em nada com a pequena cidade que Oliver costumava a chamar de lar. Prédios enormes margeavam as ruas, telas de LCD estavam penduradas pela rua, com imagens de modelos bonitas segurando produtos caros. Pessoas embrulhadas em amadas de casacos, caminhavam sem expressão nenhuma no rosto, pela neve branca que caia suavemente nas calçadas.

— Essa é...— Savanna tentou perguntar com um sorriso enorme no rosto. — Essa é Nova Iorque?

— Ou uma imitação muito convincente dela — Jime disse dando um sorriso brincalhão.

Savanna abriu a janela e o ar frio invadiu a van. Um aroma de asfalto queimado e café de ontem. Havia também uma leve brisa com cheiro de perfumes, e de pães quentinhos. As pessoas pareciam alienadas, em seus smartfones. Caminhando no piloto automático, para seus destinos. Caminhavam para lugares diferentes, mas seguiam o mesmo sentido. Como uma marcha, fazendo os passos ecoar pelos prédios, forçando os vidros das janelas a tremerem. Um exército de humanos servindo sem nem ao menos saber que estão em guerra. Uma falação contante e buzinas, se juntavam a aquele coro urbano.

— É tão linda — Savanna disse empolgada.

— E tão suja — Max disse apontando para um rato que saia de um boeiro.

A van fez mais algumas curvas, tentando inutilmente passar pelo mar de carros, que bloqueavam o seu caminho. Dafine não parecia frustrada. O engarrafamento não tinha o mesmo efeito nela como nos humanos. Oliver lembrava da mãe esbravejando pela janela, exatamente como alguns motoristas estavam fazendo.

Então toda a cena se repassou na mente de Oliver. O dia em que seu pai a levou pra escola.

Ele parou o carro em frente ao colégio. Antes que Oliver saísse do carro, o pai a chamou de volta. Ele olhou no fundo dos olhos dela. Uma garotinha de seis anos não entendia muita coisa, mas Oliver sabia que o pai estava sofrendo. Seu rosto estava coberto de lágrimas, que ele reluta em deixar rolar. Sua voz estava embargada quando ele disse:

— Eu te amo meu amorzinho.

— Eu também te amo papai.

— Eu sei. Tenha uma boa aula.

Ela virou as costas para o carro e seguiu pra dentro do colégio.

Naquela tarde seu pai não foi buscá-la. O carro da sua mãe estava estacionado, e ela esperava Oliver dentro dele.

— Cadê o papai mãe?

— Seu pai sai querida!

— Ele foi com os amigos?

— Sim meu anjo — Ela disse secando as lágrimas. "Foi com os amigos", era uma forma de dizer que o senhor Evans, havia fugido para o boteco com seus companheiros de copo. Era mais fácil para Hellena Evans, dizer que o marido tinha saído "por causa dos amigos" do que admitir que ele havia ido de livre e espontaneamente. — Ponha o cinto de segurança querida.

Oliver não gostava de voltar pra casa no carro da mãe. Tinha cheiro de mofo, por quase nunca ser usado. E ela não fazia piadas durante a viajem, nem perguntava como havia sido o dia de Oliver. Apenas dirigia pelas ruas, como se Oliver não estivesse ali.

Oliver e os Segredos da Torre - COMPLETO ✍✔✔Onde histórias criam vida. Descubra agora