Filosofia no escuro

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O penúltimo desejo da minha avó era ser cremada. De uns tempos pra cá, ela passava o dia
inteiro de cama, olhando para o teto ou escavando a parede com as unhas. Nos raros
momentos de lucidez, agarrava minha mão com o que lhe restava de forças e me dizia que
não queria atravessar a eternidade debaixo da terra , tudo menos isso!. Negava-se a ficar
trancafiada dentro de um caixão abafado e escuro ;só de pensar nessa hipótese, disparava a
espirrar. Era inútil lembrar que os mortos não sentem alergia. Não largava minha mão
enquanto eu não lhe prometia , jurava, dava minha palavra de honra que seu corpo seria
cremado. Arriscava , então o último pedido:
-Quero que minhas cinzas sejam jogadas sobre um canteiro de rosas.
Na minha opinião, tanto faz apodrecer no subsolo ou virar carvão. O que realmente importa
é saber para onde vai a alma, a aura, o espírito , a essência ou que nome tenha o
chipabstrato que faz o olho brilhar e deixa a pele arrepiada. Mas vó Nina também se
preocupava com o corpo, e, pensando bem, talvez não seja justo condená-la por esta
vaidade de última hora. Depois do último pedido, ela soltava um riso nostálgico e me
perguntava pela trocentésima sétima vez se eu sabia que as rosas eram as flores preferidas
do vô Plínio. Dizia então, que naquele tempo ninguém ficava com ninguém. Ficar no
português arcaico, não passava de um verbo intransitivo. Se um cara estava a fim de uma
garota, era obrigado a cumprir um ritual que começava com uma troca de olhares à
distância (isso tinha o nome de flerte, eu consultei o dicionário) e só chegava ao beijo na
boca no fim de uma maratona que durava semanas e, em casos mais graves, meses.
Parte importante desse ritual era a serenata, hoje praticamente extinta, mas houve um tempo
em que o sonho de consumo dos garotos era aprender violão para tocar debaixo da janela da
namorada em noite de Lua Cheia. Nem todos , porém, entendiam de música ou levavam a
sério esse papo de romantismo. Meu avô, por exemplo, achava que amor à primeira vista,
alma gêmea e felicidade eterna eram os ingredientes da fórmula de um xarope enjoativo,
com terríveis efeitos colaterais, que os comerciantes empurravam nos consumidores goela
abaixo com o propósito de aumentar o lucro na venda de flores, jóias e bombons.
A opinião de vô Plínio só mudou quando ele se envolveu num acidente. Atrazado para o
trabalho, saiu correndo atrás de um bonde e trombou com uma garota que atravessava a rua.
Ela estava voltando da escola e caiu perto do meio-fio, esparramando na calçada o
conteúdo da bolsa. Do cotovelo esfolado não saiu uma gota de sangue, mas a estudante fez
cara de dor e perguntou ao apressadinho por que ele não prestava atenção por onde andava.
Plínio não respondeu. Ajoelhou-se no meio da rua para recolher os livros e cadernos e então descobriu um nome-Nina- na etiqueta da capa do Atlas. Ficou olhando para garota com um
sorriso lunático. Ela não via ande estava a graça e , de braços cruzados, esperou que ele
tivesse a humildade de pelo menos lhe pedir desculpas.
Mas o coitado parecia aflito demais para agir de acordo com regras. Depois de reunir e
devolver o matéria escolar, Plínio respirou fundo para ganhar coragem e finalmente
conseguiu dizer alguma coisa:
-Quer se casar comigo Nina ?
Lá estava ele, de joelhos, em pleno centro das cidade, sob o sol indiscreto do meio-dia,
declarando-se a uma desconhecida. Mas e daí?Era como se de repente tivesse perdido o
medo do ridículo. Contrariando todas as suas teorias, admitiu que a paixão era mais que
uma metáfora comercial e baixou a cabeça como um condenado que se prepara para ouvir a
sentença.
Pelo que a vó Nina me contava, o diálogo foi mais ou menos assim:
-Eu gostaria de saber-ela resmungou- de que manicômio você fugiu.
-Garanto que não sou louco. Bom, pelo menos por enquanto. Mas prometo perder o juízo se
você não aceitar o meu pedido.
-Era só o que me faltava... Eu nem conheço você!
Meu avô levantou-se do chão e estendeu a mão trêmula.
Muito prazer, Plínio. Seu futuro marido
-Mas como tem cara-de-pau neste mundo! Fique sabendo...
A frase morreu pela metade. Quando esticou o dedo no nariz do Plínio, Nina deixou à
mostra o arranhão provocado pelo tombo. Foi imediatamente interrompida:
-Não me diga que você está com dor de cotovelo por minha causa.
-Minha dor é no e não de!
-Português não é meu forte. Você bem que podia me dar umas aulas particulares.
-E você podia me dar licença.
-Espere aí, Nina. Vou levar você a um hospital pra cuidar desse machucado
-Chegando em casa eu mesma faço um curativo.
-Boa idéia -concluiu Plínio. - Onde é que você mora?
Foi inútil Nina alegar que conhecia o caminho e não precisava de babá. Temendo estar
diante de um maluco de carteirinha, ela permitiu que Plínio a acompanha-se e até mesmo
carregasse os livros e cadernos. Na porta da casa, ele ainda teve a audácia de perguntar se
não podia fazer uma visitinha, afinal de contas estava curioso pra conhecer os sogros. Foi
rechaçado com um “não, adeus”, mas preferiu entender ”quem sabe um dia”.
Conhecido o endereço, não foi difícil descobrir o telefone. Ligava para a casa de Nina todos
os dias e acabou fazendo amizade com a empregada, uma garota negra, ops, uma afro
descendente de mais de 100 quilos a quem chamava carinhosamente de tia Anastácia. A
mulher simpatizou com Plínio(“Tão apaixonado esse moço. Ele mercê uma chance!”) e
passou a lhe dar informações preciosas. Com a ajuda de Tia Anastácia, Plínio descobriu que
Nina estudava na Escola Normal, assistia às matinês de domingo no Cine Fox, devorava
bombons e palavras cruzadas, morria de medo de lagartixa, mas tinha dó das baratas,
gostava de ler poesia em voz alta e tinha feito um curso de grafologia por correspondência,
no qual aprendera que a janela da alma eram as mãos, não os olhos.
Tia Anastácia também contou que Nina escondia uma frustração, quase um
complexo:jamais havia recebido de presente uma mísera serenata!
Ao saber desse segredo, Plínio comprou um violão e matriculou-se num curso intensivo do
conservatório. Tinha um ouvido tão ruim que o professor achou que ele fosse surdo e , no fundo, esperava que ficasse mudo. Meu avô passava o tempo livre no quarto, praticando o
dever de casa, até que os dedo começassem a sangrar e os vizinhos ameaçassem chamar a
polícia se ele não parasse com a maldita cantoria.
Com medo de ser despejado, foi obrigado a abandonar o conservatório e vendeu o violão a
um seresteiro chamado Henrique. Confessou ao músico que estava apaixonado e pediu-lhe
ajuda pra aprender algum instrumento, qualquer um, só assim seria capaz de fazer uma
serenata pra Nina.
-Aprender um instrumento leva tempo- deve ter sido a resposta. Se você não sabe tocar, por
que não canta?
Henrique chamou para um ensaio os companheiros de seresta. Ao ouvir a voz de Plínio, os
músicos se dividiram entre tapar os ouvidos e torcer o nariz. Todos concordaram, porém,
que um sujeito tão desafinado só poderia participar da serenata se jurasse permanecer em
silêncio, limitando-se a mover os lábios pra fingir que cantava. Tinham afinal um nome a
zelar. E não queriam manchar a reputação com uma chuva de ovos.
Era véspera do Dia dos Namorados quando Nina foi acordada por uma canção de amor.
sentiu-se, a princípio, meio confusa, sem saber se a música vinha do sonho, até que se
animou a sair da cama e se debruçou na janela. Plínio ficou á frente do grupo e comportou-
se como um boneco de ventríloquo, mas a garota estava tão emocionada que não
desconfiou da farsa.
No dia seguinte, recebeu um buquê de rosas vermelhas e um cartão com um soneto de
amor. Começou a ler o poema em voz alta, como gostava de fazer, e deteve-se diante de um
verso que terminava com a palavra coração. Era como se de repente, estivesse sob o efeito
de hipnose:simplesmente não conseguia tirar os olhos do cê-cedilha!
Parece incrível que em uma única letra, ou melhor, que um minúsculo sinal gráfico possa
mudar um destino. Mas com a minha avó foi assim! À partir do que havia aprendido no
curso de grafologia à distância, concluiu que o autor daquele cedilha era uma pessoa
sensível, inteligente, culta, amável, gentil e bem-humorada. Ligou pra agradecer as flores e
aceitou o convite pra ir ao cinema.
*
Não sei se estas anotações podem ser classificadas como diário. Escrevo em cantos de
caderno, margens de livros, blocos de rascunho, guardanapos de papel, embalagens de
presente, sacolas de pão e folhetos de propaganda. É o que se pode chamar de “literatura
multimídia”, uma atividade que desconhece horários e dá risada do bom senso. Às vezes,
passo dias sem rabiscar um único comentários, dependendo do grau da TPM na escala
Richter, chego a pensar que estou seca e perdi a inspiração pra sempre. Mas de repente,
quando menos espero, ao provar um bife mal passado ou no meio de uma explicação sobre
polígonos irregulares, sinto um comichão na mão esquerda e abandono o almoço ou a aula
pra registrar uma idéia luminosa.
Acostumada a conviver com o caos, não vejo sentido em comprar um caderno espiral com
capa cor-de-rosa pra contar que de manhã fui á escola e tive aula disso e daquilo, no almoço
comi suflê de cenoura, mais tarde malhei na academia, voltei pra casa de ônibus, lanchei
em frente a tevê, fiquei pensando em fulano até pegar no sono e dormi abraçada ao
travesseiro. Não sei como tem gente que perde tempo relatando passo a passo a rotina,
chegando ao cúmulo de mencionar que foi ao banheiro e até o que fez lá dentro.
Estou falando da Leninha. Tão infantil, coitada!Ontem à tarde, veio aqui em casa para
estudar e me pediu que eu corrigisse o diário dela. Naturalmente reagi com espanto.
Considero o diário uma peça tão íntima quanto, sei lá, uma calcinha ou um sutiã- a gente na deveria emprestar e muito menos sair mostrando por aí. Mas Leninha não pensa assim. Ela
me diz que sou sua melhor amiga e, como escritora, conheço gramática o suficiente pra
fazer uma faxina na ortografia. Vamos dizer que, daqui a trinta, quarenta anos, o tal diário
seja encontrado no fundo de um baú. Se estiver cheio de abobrinhas, o que os futuros netos
vão dizer da avó?
E eu achando que só os escritores sonham com a posteridade...
Diante da insistência, passei os olhos nas anotações e descobri não apenas erros de
ortografia, mas de acentuação, de concordância, regência, coesão, coerência e lógica.
Fiquei pensando na decepção dos futuros netos da Leninha, mas o que mais me chamou a
atenção foi o estilo. Aliás, a falta de estilo. as páginas são poluídas por desenhos de
corações, lábios, olhos, estrelas, espirais, asteriscos, arrobas, e uma infinidade de ícones
indecifráveis, sem falar na coleção de adesivos fluorescentes. No alto da página, minha
amiga anota a data e começa o relato com um vocativo bastante original:”Meu querido
diário”. É com se estivesse desabafando para um ursinho de pelúcia ou uma boneca de
pano, a quem faz questão de contar, em ordem cronológica, uma seqüência interminável de
dias idênticos e sem uma pitada de tempero.
Para não magoar Leninha, eu disse que ainda não podia me considerar escritora. Minhas
obras completas se resumem a uma redação publicada no Olho Vivo, o jornal da escola,
portanto não me sinto com autoridade para posar de crítica literária. Se deseja uma opinião
segura, por que não mostra o diário para professora Clarice?
-E os adesivos?-perguntou Leninha, querendo a qualquer custo me arrancar um elogio. -
Você não imagina como brilham no escuro!
Tínhamos fechado a porta do quarto para não incomodar minha avó, que dorme no quarto
ao lado e tem o sono muito leve. Leninha apagou a luz a fim de me mostrar os adesivos
brilhantes, mas eu aproveitei a escuridão para fazer filosofia e perguntei a mim mesma, de
mulher pra mulher, se eu também me preocupava em deixar uma para meus netos virtuais.
Em outras palavras, o que me leva a escrever?
Quando têm de responder a essa pergunta, os autores dizem que escrevem porque querem
ser imortais, ou ficar famosos, ou ganhar uma fortuna, ou conquistar atrizes e modelos, ou
espantar o tédio, ou mentir sem culpa, ou fugir da realidade, ou adiar a loucura, ou se
vingar do zero que um dia ganharam de uma antiga professora de redação. nenhum desses
motivos me apetece. Se fosse entrevistada, eu diria que comecei a escrever com a humilde
pretensão de criar histórias que divertissem os leitores- entre os quais, naturalmente, estou
incluída. Na verdade sou a primeira da fila.
Foi com esse inocente propósito(divertir o professor Apolo e, de quebra, faturar uma boa
nota no trabalho de História)que compus a tal redação publicada no Olho Vivo. Estávamos
estudando a Idade Média e recebemos a tarefa de fazer uma dissertação sobre uma
personagem marcante desse período. Escolhi , então, Joana d´Arc, de quem sou meio xará.
Minha mãe até hoje é devota da santa padroeira da França e cismou em me dar o nome de
Joana, enquanto meu pai queria porque queria homenagear a mãe dele, Dalva, recém -
falecida. Em resumo:fui batizada de Joana Dalva. Nunca vou perdoar o escrivão por ter
sido cúmplice desse desastre. Joana Dalva!Isso lá é nome de escritora?
Mas como eu ia dizendo, Apolo encomendou a pesquisa e me botou no mesmo grupo da
Danyelle. Encarregada da primeira parte da pesquisa, ela tirou da internet uma porção de
pedaços e emendou um no outro até transformar Joana d´Arc num verdadeiro Frankenstein.
A conclusão do trabalho- narrar a cena da fogueira- ficou por minha conta. Pra compensar
os remendos da Dany, achei que tinha a obrigação de ser a mais original possível. E , de mais a mais, qual a graça em repetir que Joana d´Arc foi presa pelos ingleses, julgada e
condenada por bruxaria e morta na fogueira aos 19 anos?O que me encanta na literatura é
justamente a possibilidade de surpreender os leitores, por isso deixei de lado a História e
inventei que a heroína francesa tinha escapado da prisão e conduzido o exército francês à
vitória contar os ingleses. Terminada a Guerra dos Cem Anos, Joana volta à cidade natal e
vive o bastante pra narrar as suas memórias.
Eu é que quase fui atirada à fogueira quando li a redação na sala de aula. O professor Apolo
só faltou me chamar de herege e condenou nossa equipe a um zero inafiançável. A pena,
porém, não tardou a ser revista. Naquela mesma noite, os jornais da tevê anunciaram uma
manchete que botava fogo na História:um grupo de arqueólogos franceses tinha encontrado
o diário de Joana d´Arc, no qual ela confirmava todos os detalhes da minha redação.
Só então descobri que a literatura podia mudar o mundo- pelo menos, a minha literatura.
Canhota, tudo o que escrevo com a mão esquerda se converte em realidade imediata. Pode
parecer que eu utilizo esse dom pra produzir grandes façanhas, como mexer na biografia de
personalidades e alterar o curso da História. Não é bem assim. Boa parte das minha
histórias se passa no ambiente doméstico e tem como personagens meus pais , meu irmão,
minha avó, colegas, professores e vizinhas. Mas não sou escrava do realismo:também gosto
de lidar com personagens fictícios e foi isso o que fiz na tarde em que ?Leninha me
mostrou o seu diário fluorescente.
O esganado do meu irmão tinha acabado de voltar da escola e, como sempre, ligou a tevê
para jogar videogame e perguntou o que é que tinha pra comer. Minha mãe já estava na
cozinha, preparando um copo duplo de vitamina, quando deu um berro por causa de uma
barata voadora e me fez pensar na Salete.
Dona do salão de beleza que eu freqüento , Salete costuma dizer que trocar lâmpadas e
matar baratas são tarefas exclusivas dos homens. mais exatamente dos maridos:”É pra isso ,
afinal, que eles servem. ”Acontece que meus pais estão separados, e, na minha casa o único
representante do sexo masculino é meu irmão Xandi. O pirralho tem 8 anos bem vividos,
mas continua agindo como se o próprio umbigo fosse o Sol ao redor do qual gravitam todos
os planetas da Via Láctea. Hipnotizado pelo videogame, ele não ouviu a gritaria. Só eu ,
portanto, poderia ajudar minha mãe. Ela enxugava as lágrimas com um pano de prato e
apontava para o canto da cozinha:era lá, debaixo do fogão, que a nojenta tinha aterrissado.
Sinto nojo de barata como qualquer garota, ou como qualquer garota normal, de modo que
cogitei telefonar para meu pai. Mas minha mãe não concordou:matar barata é coisa de
marido atual e não de ex! Será que eu não poderia, quem sabe, resolver a situação de outro
jeito?
Tudo bem, não me custava nada. Peguei um lápis e anotei no canto do caderno, longe dos
olhos de Leninha:
A terrível barata voadora
Vai se transformar num
Inseto inofensivo
Dali a instantes, uma joaninha saiu de baixo do fogão. Minha mãe me agradeceu a frase
com uma piscadela cúmplice e continuou preparando a vitamina do Xandi. Leninha foi até
a cozinha para tomar um copo d´água e, por um triz, quase pisou na minha minúscula
personagem. Antes que ocorresse um acidente, encostei o dedo no chão e esperei que a
joaninha escalasse meu braço. Quase morri de cócegas quando se aproximou do meu
cotovelo, detendo-se ao lado de uma pinta que deve ter confundido com um macho tímido. Logo depois, percebendo o engano, voou em ziguezague pela sala e seguiu em direção ao
corredor.
Deixei-me guiar pela joaninha até o quarto da vó Nina, que estava deitada e lado e
esburacava a parede com as unhas. Confesso que nunca compreendi esse estranho
passatempo e, na falta de uma boa explicação, acabei me contentando com a versão oficial
da família:a coitada tinha perdido o juízo e vivia num mundo sem lógica, onde a única
distração possível era cavar um buraco na parede do quarto.
Se estava procurando algo, naquela tarde ela encontrou:
-Que saudade!-sussurrou, virada para parede. -mas você não mudou nada , hein?. Na
verdade, ficou ainda mais bonito.
Quando deu pela minha presença , vó Nina me disse que precisava ir embora. Ora essa, pra
onde?Apontou o buraco na parede e me contou que meu avô estava lá dentro, à espera, com
o mesmo casaco que tinha usado na noite da primeira serenata. Parece que ela queria me
falar da tal noite, mas só teve forças pra sorrir e lentamente largou a minha mão.

Poderosa 2 - Sergio KleinOnde histórias criam vida. Descubra agora