Capítulo 14 - Lembranças Cruéis

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Capítulo 14

Carregava ódio dentro de mim, eu devia ter contado a ela. Mas e se, ela não entendesse? Agora estava aqui como louco, procurando-a entre essa mata escura. Me pergunto se ela me perdoaria, por esconder tudo o que escondi. Queria proteger-la como não consegui, proteger minha mãe. Fechei meus olhos e as lembranças tomaram conta de mim

                                                                                            ....


"Ela caminhava sozinha na rua, sentindo o frio cortante da noite. Naquele dia ela tinha sido avisada, seria um menino, o bebê em seu ventre. Chorava de felicidade, caminhado sozinha, o pai, nem se deu ao luxo de saber, a chamou de puta e a expulsou, disse que o filho não era seu, já que ela havia tido outros homens na cama. Sim, uma prostituta. Era assim que a apelidavam. Suas botas enterradas na neve, davam o contraste simbólico, do preto no branco. A maquiagem pesada, escondia suas noites de insônia. Sua roupa, com rendas, abaixo do sobretudo vermelho. Era natal. Não tinha ninguém, só aquela criança. Queria dar o melhor para ela, e iria fazer de tudo pra isso. Mas seus planos foram atrapalhados.

Uma criatura noturna, atrapalhou seus planos. Enquanto parou para olhar suas botas, notou uma gota de líquido vermelho pingando de cima. abaixou-se e verificou com a mão, notou que era sangue. e olhou para cima. Em um andaime acima, havia um homem caído, sangrando, e outro, ao qual não identificou o rosto, devido a hora, estava muito escuro, ela tentou sair de mansinho, mas seu predador já estava ali, observando-a, e a cada movimento que ela fazia ele acompanhava. Seus olhos reluzentes como um demônio, amarelos ou vermelhos, não dava pra identificar, estava muito longe, e um poste encadeava sua visão.

Tentou gritar, mas o medo calou sua voz. Ele pulou em frente a ela, ela caiu no susto. Ele olhou em seus olhos, e percebeu o volume de sua barriga, deu um passo a frente, em direção a ela, mas ela só lhe implorava.

-Por favor, não machuque meu bebê!

O demônio a fitou, seus olhos louco pelo sangue fresco de uma criança, ele hesitou. Mas se virou para a parede, encostou a cabeça, e tentou dominar sua besta em interior. Ela estava tremendo, de medo ou de frio, ninguém sabia ao certo. Ele a olhou novamente. Estava cansado daquela vida, mas a reconheceu, era a garçonete linda que todos chamavam de prostituta. A mesma que dias atrás lhe serviu uma bebida e cigarros. Ele fitou novamente olhando em seus olhos, profundamente. E caminhou em sua direção. A pegou-a no colo. E finalmente lhe disse:

-Não pode ficar nesse estado, nesse frio. Está perdida?

-Na verdade estava indo pra casa! - disse-lhe tremendo. -Por favor, me ponha no chão, não contarei a ninguém o que vi.-E o que você viu? - Perguntou-lhe aproximando seu rosto ao dela.-Nada, não vi nada.Ele a sentiu úmida, e a sentiu um cheiro forte de sangue. Notou que ela estava perdendo líquido. O susto a causará um aborto espontâneo. Correu em direção ao hospital. Ela ficou meio sonolenta e fraca, juntou as últimas forças que lhe restavam, e pediu:

- Por favor, não deixe que nada aconteça ao meu bebê.

Ele a beijou a testa, e fez um sinal de sim com a cabeça. Entrou no hospital, e depois de uma hora, ouviu o que já imaginava e temia ouvir.

-Sinto muito, sua esposa está em trabalho de parto, mas ela não vai resistir, suas defesas estão baixa, e devido a isso temo que o menino também não sobreviva.

-Eu não sou o... marido dela! Posso vê-la uma última vez?

-Devido as circunstâncias não é permitido, mas deixarei entrar na sala de pós-parto, estamos fazendo o possível para que seu bebê venha ao mundo. Como ela não tem forças pra empurra-lo, iremos fazer uma cesariana.

-Já falei que...ahh esquece, o importante é que pelo menos um dos dois sobreviva."

                                                                                ...


Aquele pensamento sumiu com um piscar de olhos. Se viu na mata, sozinho, já passava das 4 da manhã. Ele não a encontraria. Estava conformado. A perderá para sempre. Seu celular vibrará. Era o pai dela. Pensou em como estava frito e perdido. Rejeitou três ligações. Pensou em voltar ao apartamento, mas lembrou-se que os vizinho haviam figurado a cena da fulga de Diana. Era arriscado. Estava cansado e arranhado, devido aos galhos na hora da correria. Tirou um cigarro do bolso, e tremendo muito, o acendeu. Sentou ali mesmo, e tragou.

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⏰ Última atualização: Jun 22, 2017 ⏰

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