Quatro.

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Um mês depois.

Viajar nos livros, conversar com os livros, ser os livros. Eles me fazem companhia! Se passou quase dois meses e nada mudou, falta apenas uma semana para o início das minhas aulas, sei disso pois conto o tempo no calendário igual presidiário. Na verdade a única coisa que mudou foi uma palavra de inglês nova aqui, outra ali. Costumes aqui e outro lá. Ainda não saio de casa, a não ser com Jace quando ele vai ao supermercado para a família, isso não passou de 4 vezes. Hoje é mais um desses dias, Anne está tão ocupada, Gemma nem se fala. O marido de Anne fez uma longa viagem deixando a casa mais sossegada, ele era o único que conversava comigo mais vezes, sinto sua falta (rip). Ponho um moletom e uma calça jeans comum, amarro meu cabelo em um rabo de cavalo e passo algo no rosto para me deixar saudável. Pego meus óculos e algumas economias para uma revista de palavras cruzadas qualquer no caixa. Passo a maior parte do tempo lendo no quarto e na cozinha. Jace bate na minha porta e diz que ligará o carro. Desligo a luz e as moedas rolam pelo corredor, bendito seja esse meu retardo. Me agacho e pego-as, falta apenas uma. Uma visão de botas enorme aparece na minha frente. Ergo o olhar e vejo o Harry se agachar para pegar a moeda qual ele pisou.

"Aonde vai?" ele me entrega a moeda.

"Vou com o Jace ao mercado" minha voz falha.

"Não acho uma boa ideia" o vejo por as duas mãos dentro do bolso da calça. E o encaro com sua blusa estampada.

"Não tem problema, já fui outras vezes ninguém me viu não vai acontecer nada" Dou um sorriso amigável.

"Não, você não vai" ele fala e da a costa.

"Você não manda em mim" isso foi grosseiro mas estou com raiva.

"Ahh, mando sim, você está na minha casa" ele vira novamente.

"Posso está na sua casa mas não abro mão do meu querer. Harry!" sinto vontade de chorar.

"Fala de novo?" ele rir pelo meu sotaque.

"Você... Você... Eu não aguento mais! Eu não saio de casa, não vou a lugar algum você não sabe a felicidade que tenho de ir ao mercado, você não vai me impedir" derrubei uma lágrima.

"Não seja por isso, saímos a nove" ele sai andando.

"O que... Como..." ele está longe, não posso falar alto.

Volto ao quarto e me jogo contra a cama, pego meu travesseiro e grito contra ele. Jace passa ao meu quarto e falo da decisão do Harry, ele não exita em cumprir. Droga! Pego meu celular e mando mensagem para minha família, a mentira da vez para Catarina é sobre o Harry ter ido para piscina comigo e Gemma, tivemos um belo dia, rimos e nos divertimos. Ouço batidas na porta.

"Você não tem relógio?" essa voz, Harry.

"Você falou sério?" digo assim que abro a porta.

"Claro, vamos" ele saí andando.

"Aonde vamos?" falo quase correndo.

"Sei lá, beber algo" ele pega o que parece ser uma jaqueta, essas roupas me confundem.

"Eu não bebo" cruzo os braços.

"Tá, pago um suco pra você" ele revira os olhos.

"Se alguém me vê?" fico a sua frente.

"É normal, as pessoas tem olhos" ele rir. Ele ama rir de mim especialmente.

"Eu sei mas a Gemma disse..." sou interrompida.

"Não ligue para o que elas falam" ele estala a língua.

"Então vamos" puxo sua mão. Droga, estou animada.

Acho que esse é o maior diálogo que tive com alguém nessa casa e o maior contato. Puxo sua mão até chegarmos no carro, Jace nos olha surpreso.

"Vamos ao bar sub" Harry fala.

"Espere eu não posso entrar" acabo lembrando.

"Ah você pode pequena Alice" Jace rir.

"Não seja boba" Harry quase me empurra para o carro.

Olho fascinada as ruas de Londres. É tão linda, tão diferente. Meus olhos devem brilhar. Posso vê Jace sorrir pelo retrovisor do carro e o Harry me aponta lugares me dizendo ser os melhores estúdios e galerias da região.

"Por que está sendo amável comigo?" viro em um repente e o pego olhando pela janela.

"Que?" ele franze os olhos.

"Você, por que está me tratando bem?" indago.

"Não sei, apenas queria sair de casa e não ter você emburrada o resto da semana" ele me ignora pegando o celular.

"Eu não ando emburrada" penso.

"Anda sim, você sempre está emburrada" ele não me olha.

"Eu... Quer saber? Esquece" me jogo contra o banco e cruzo os braços.

Harry me ignora o resto do caminho. Jace para o carro em seguida entra no que acho ser uma garagem escura. Eu odeio escuro, a única coisa que ilumina o lugar são os faróis acesos. Seguro o banco forte e o idiota ao meu lado solta um riso. Logo o carro para e as portas são destravadas, desço devagar ainda pelo medo. Vejo o Harry caminhar a passos largos e mais uma vez corro, qual o problema em me esperar? Fico ao seu lado enquanto caminhamos a uma porta. Ouço barulho, parecem pessoas conversando. Vejo uma moça a frente das portas, Harry a entrega o celular e faço o mesmo com o meu. Sem celular? Isso é um tipo de bar exclusivo? Enfim ignoro minha petulância e entro no lugar. Minha boca com toda certeza está aberta, é incrível. Um bar como se saísse dos livros de história, pessoa conversam em mesas envelhecidas e nobres, bebem o que acho ser uma cerveja escura. Estão tão bem vestidas, devia ter trocado de roupa enfim. Tem poucas pessoas aqui, mas parece tão cheio, talvez pela quantidade de funcionários e uma banda aos fundos.

"Hey, não fique com essa cara de boba" Harry me tira do transe.

"Esse lugar é..." não consigo dizer muita coisa.

"Incrível" alguém fala ao meu lado.

"Hey cara" Harry o cumprimenta.

"Até que fim você apareceu" o cara loiro com roupa clássica.

"Tá corrido... E essa daqui é Alice" Harry me toca na costa me pondo na conversa.

"Bem vinda Alice" ele diz e não respondo pela vergonha.

"Uma mesa?" Harry o questiona.

"Claro, venham comigo" ele diz meio perdido.

Andamos até mais o fundo e o Harry cumprimenta algumas pessoas. Puxo meu moletom para baixo, estou tão nervosa. Sento a mesa no fundo e olho o rapaz se retirar.

"O nome dele é Josh, caso queira saber" Harry fala olhando um cardápio.

"Eu não queria saber" mentira.

"Vou embebedar você" ele diz rindo me mostrando as covinhas.

"Não bebo" fico assustada.

"Hoje sim" ele me olha fixamente.

Reviro os olhos e solto um sorriso de lado.

Sobre o Robin prefiro pensar que ele fez uma longa viagem

A garota do intercâmbio H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora