Sete.

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"Está tudo bem" ouço a voz do Harry mas não consigo me mover.

Os faróis do ônibus estão a minha frente os airbags ativados. Meu peito sobe e desce e nem mesmo consigo chorar e olhar para o lado. Ouço o Harry sair do carro e o vejo passar pelo para brisa com o celular na mão discando algum número e vindo até mim abrindo a porta. Ele retira o meu cinto e não me movo do lugar. Sinto os seus braços fortes me puxarem e sinto meus pés tocarem o chão.

"Olhe para mim, está tudo bem Alice" ele segura meu rosto e encaro seus olhos esmeraldas sentindo uma sensação de liberdade absurda. Em seguida o abraço.


O acidente volta a minha cabeça, já fazem 2 anos mas perder Bernard naquele acidente me persegue até hoje. Ele foi meu primeiro namorado, o cara que eu realmente pensei seguir até o resto da vida. Ele foi tirado de mim naquele acidente, eu sinto tanto sua falta. Estávamos indo para uma viagem junto a minha mãe, ela perdeu o controle do carro causando a morte de Bernard e a internação de Catarina por dois meses. A única coisa que levei do acidente foi alguns arranhões e um buraco enorme no coração por falta de Bernard. Ouço algumas sirenes se aproximarem, o motorista do ônibus desce assustado. Um carro preto para ao nosso lado me fazendo soltar do Harry e entrar no mesmo. Advogados dele estão ali, juntos tem empresarios e assessores. Agora as lágrimas correm pelo meu rosto e corpo escondo pondo meu rosto contra as mãos. Harry fala sobre o acidente, com o nervoso não tive tempo de perceber. Eu tive tanto medo de o perder... Sem perceber pego sua mão que estava no colo e seguro. Acho seus olhos verdes e ele põe minha mão junto a sua dentro do bolso da sua jaqueta me fazendo suspirar tentando manter minha calma sua mão está tão fria. Sinto o entrelaçar dos seus dedos no meu enquanto fecho os olhos repetindo que a culpa não era minha, não dessa vez.


[...]

"Trouxe café..." ouço uma mulher falar e giro o corpo da poltrona de um quarto de hotel.

"Muito obrigada" tomo, apesar de ser mais de duas da manhã um bom café quente nunca é demais.

"Você já vai para casa querida, tente se acalmar" a reconheço, era ela com o Harry no estacionamento e a mesma que a deixou em casa pela manhã.

"Obrigada" tomo mais um gole.

A mulher levanta passando por um dos assessores na porta do quarto. Desde que chegamos não vejo mais o Harry. Assim que descemos do carro soltando nossas mãos seguimos caminhos opostos. Me trouxeram para um quarto do hotel na intenção de me fazer dormir, isso obviamente não aconteceu. A adrenalina está forte demais e mil e uma lembranças voltam a minha cabeça. Fico pensando em como seria minha vida com Bernard, talvez eu nem estaria aqui. A verdade é que me isolei do mundo, do ciclo de amizade minha e dele, eu sempre me senti culpada, Bernard sequer queria ir aquele lugar, ele estava louco para vê um jogo do flamengo e o fiz trocar por aquele fim de semana. Desde sua morte o que me restou foi focar nos meus estudos e na recuperação de Catarina e minha mãe, já que a mesma ficou muito abalada pelo que aconteceu. Ela não teve nenhuma culpa, eu tive. Não vivo a vida normal de uma menina de 17 anos, sempre os fantasma de tudo volta a minha cabeça. Talvez seja por isso que é tão importante está aqui em Londres.

"Alice?" a voz rouca do Harry me desperta.

"Oi..." minha voz falha.

"Está tudo bem?" ele me encara e se agacha ficando a minha altura.

"Não... Eu tive... Tanto medo" o abraço.

Incrivelmente abraçar Harry Styles passou a ser meu ato preferido. Gosto da maneira que meu corpo reage ao dele, do seu perfume, da sua pele lisa e gelada. Enrosco meus dedos puxando sua camiseta branca recém trocada, por incrível que pareça sei que aquilo vai ocasionar um amarrotado enorme mas não ligo.

"Ei, está tudo bem agora Alice. Eu estou aqui" ele se afasta e seus olhos se arregalam.

"Eu sei... Você está" fungo o nariz e recolho as lágrimas..

"Você quer me contar por que ficou tão assustada?" agora ele senta no braço da poltrona pondo as mãos entrelaçadas frente ao corpo e olhando para o quarto em uma penumbra pequena.

"Eu... Já sofri um acidente assim, e perdi alguém importante" seguro as novas lágrimas.

"Me desculpe Alice, de verdade. Eu deveria ter parado quando você pediu" mesmo não o vendo posso adivinhar que ele está com a testa franzida.

"Passou e além do mais ouvir dizer que o motorista do ônibus foi o culpado" ouvi um assessor dizer que o motorista estava bêbado.

"É ele foi..." seu olhar encontra o meu e seu braço fica por cima do meu ombro.

"Eu..." sou interrompida pela mulher de antes que chama o Harry para uma conversa privada no corredor.

Meus olhos começam a pesar e tiro meus pequenos saltos, vou até a cama cheia de almofadas e me sento. Meus pés balançam no ar pela altura exagerada da cama. Deito e penso mais uma vez em Bernard, eu não fazia isso ao um longo tempo.

[...]

Sinto um peso na cama e não consigo me mover, estou em um sono intenso. Ouço um suspiro e o perfume típico do Harry, ele está ao meu lado. Viro meu corpo ainda de olhos fechados e abro meus olhos apenas para vê seu corpo parcialmente. Ele parece preocupado, está com um dos braços na testa e olha para o teto com os maxilar serrado e os lábios entre abertos.

"Você precisa dormir..." falo baixo quase não conseguindo abrir os olhos.

"Eu sei" ele me olha e gira algo com a outra mão.

"Então durma" suspiro e puxo mais o decote do meu vestido para cima.

"Não devia ter feito isso" ele rir e desvia seu olhar do meu.

"Por que?" falo baixo.

"Por que eu... Estava. Boa noite Alice" ele vira ao outro lado.

"Seu pervertido estava olhando para o meu peito?" dou uma gargalhada.

"Eu disse boa noite Alice" ele fala entre risos.

Viro para o outro lado e começo a rir, mesmo depois de tudo ele me fez rir.


❤❤❤

A garota do intercâmbio H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora