Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Gael,
Santa Clara da Fé aquela noite não dormiu. E nas noites seguintes também. E não teria qualquer outro motivo para isso, que os gritos da criança clamando pela Joana. Como dizia ela... Jojô.
- Pê... – Eu nunca pensara que o Pedro, um homem quase 1,90, ou melhor, próximo à minha altura, devendo ser apenas uns dois ou três centímetros menores, pudesse ser tão paciente com um ser que nem chegava à altura de suas botas. Por muito menos, eu estava quase desistindo e saindo correndo.
Durante todo o velório, o cortejo fúnebre e o enterro ela repedia. – A Jojô tá mimindo? - E ele respondia as mil vezes pacientemente. – Sim Karol! A Jojô está mimindo.
- Ela vai acordar manhã?
- É meu amor, - sua forma de se referir à ela mexia com algo que havia guardado em mim e não quisera de forma alguma deixar vir à tona. – Vai sim viu minha querida.
As lembranças do ocorrido à cinco dias ainda eram vivas em minha mente. Até porque, desde então, não conseguimos dormir uma noite toda sequer.
A Esposa do Pedro teria feito um ótimo trabalho, se não estivesse de repouso em resguarda do último filho. E isso me fez lembrar de que o homem devia estar ao seu lado nesse momento. Mas depois que a menina decretou que ou era o Pedro ou a JoJô, preferi chama-lo.
– Que tal ir com seu pai? Hum? – Meu coração disparou. Como assim ir com seu pai? Ninguém havia pronunciado antes aquela palavra. – Só para eu ir ao Banheiro.
- Não! – Ela agarrou-se à seu pescoço. Eu também diria isso. Mas havia mais de três hora que o homem segurava a menina no colo. E por certo, havia acordado de madrugada para a lida com os peões, e a madrugada se aproximava novamente.
- É! – Não sabia de onde haviam brotado tal valentia, mas ela precisava entender que aqui haviam adultos. E quem mandava não era ela.
Assim que me levantei ela olhou com seus olhos lacrimejados e abraçou o Pedro como se eu fosse a maior ameaça que havia cruzado seu caminho.
- Leite. – Tremeu ao apontar a mamadeira. – Não era para que essa fase do leite tivesse acabado? Que criança toma leite na mamadeira até os dois anos de idade?
Tomei o recipiente e fui até a cozinha. Uma das meninas que ainda se mantinha de pé, veio em minha direção.
- Quer que esquente o leite da menina "Seu" Gael?
- Não está passando da hora de tirar dela esse costume?
- A Joana achava que não. Ela ainda é um bebê na verdade. A Joana dizia que o senhor mamou na mamadeira até os três anos de idade. – Vendo meu olhar recriminador pela intimidade ela logo virou as costas e pediu desculpas.
