Capítulo Oito

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Fiquei entre a Sofia  filha da Negra LI e  a Titi do Giovanna e o Bruno. Essa é a Sofia.


Santa Clara da Fé, Minas Gerais, 2012

Gael,

- Me deixa dormir meu amor!

- Não!

- Cinco minutos. – Puxei a coberta e fiquei imóvel mesmo sabendo que ela não sairia dali.

- Você prometeu Gael.

- Gael? – Me levantei imediatamente.

- Pai! – Então ela gargalhou.

- Ah sua pentelha. Sabia que me chamando de Gael eu me levantaria, não é? Você me enganou, e isso não vale. – Fiz cócegas nela, jogando-a sobre a cama. Depois de seus três anos se acostumou a me chamar de pai, e eu a ela de filha.

Quando teve febre aos quatro anos e nenhum médico descobria o que era, eu simplesmente me apavorei.

Todas as más lembranças e pensamentos tomaram conta de minha mente e nesse dia eu descobri que não conseguiria viver sem ela.

- Que dia é hoje?

- Vinte e Dois.

- E amanhã? – Sentou-se pronta para a ladainha de todos os anos.

- Vinte e Três.

- E depois? – Seus dentes estavam perfeitos depois de alguns meses usando o aparelho móvel.

- Depois é trinta. – Ela parou de sorrir e me olhou furiosa.

- Trinta? Na escola depois do vinte e três é vinte e quatro uai.

- Uai.... Uai. Aqui na fazenda eu gosto que as vacas produzam muito leite, do vinte e três podem ir ao trinta.

- Não! Você está mentindo.

- Não estou!

- Está sim! Depois de vinte e três é vinte e quatro e aí vai faltar apenas um dia para o meu aniversário e o aniversário do menino Jesus.

- Na verdade ele nasceu no vinte e quatro, não no vinte e cinco.

- Gael...

- Tudo bem. Você e o menino Jesus fazem aniversário na mesma data. – Fiquei de pé e fui até o banheiro. Peguei a escova e voltei. – Vamos às compras.

- A Gaby vai com a gente? – Claro que iria. Era da família. Três anos e meio? Quatro. Sim! Quatro anos que ela era babá. E eu agradeci aos céus por tê-la enviado. Cuidava da minha filha com tanto carinho que poderia facilmente se passar por mãe dela. Na verdade, por diversas vezes a vi corrigindo a Karolyne quando menor e a chamava de mamãe. Mas também me ajudou a desempenhar o papel, indo por diversas vezes buscar ou levar a Karolyne à escola, ou nas reuniões as quais eu não podia comparecer.

- Sim! Claro que vai. Pode chama-la?

- Gabyyyyyy!

- Se fosse para gritar eu mesmo teria feito. – Terminei de escovar os dentes e fui até ela. – Precisa tomar banho e se vestir.

- De novo?

- Sim! Você tomou banho ontem filha.

- Mas eu já me troquei. – Dava para ver que o serviço era dela. Calça jeans, como sempre, porque ela achava que ela o Pedro e eu era um trio de cowboys. Uma blusa suja e uma jaqueta que se não me engano estava no corpo a semana toda.

Me aproximei e fiz um sinal de fedor.

- Não vai sair comigo assim. – Em um pequeno salto estava fora da cama.

DNA - Um lar para KarolyneOnde histórias criam vida. Descubra agora