Capítulo Trinta e dois

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Gael,

Quatro meses depois, ali mesmo na Sant'Ana, os peões cantavam modas de viola para celebrar o casamento que havia ocorrido um pouco mais cedo.

Não viajaríamos para lugar algum. Lua-de-mel não se leva criança, e nos cortava o coração imaginar deixar a Karolyne mesmo que com a Brenda e o Pedro.

- Eu disse, podemos ir para a Disney. – Mas essa viagem seria em outra data. Lua-de-mel na Disney? Nem pensar.

Hoje ela apenas dormiria na casa da Brenda e do Pedro e se precisasse amanhã, e depois também.

- Vem comigo! – A Gabriela estendeu a mão se eu confiei.

Saiu me levando pelo pasto até que ao longe avistei uma luz.

- Acho melhor não continuar mulher. Pode ser perigoso. Nem tenho arma alguma comigo. E se acha que sou valente ao ponto de matar um javali com as mãos, ou enfrentar dois bandidos armados só no braço, casou com o homem errado. – Puxei-a fazendo com que se chocasse contra meu corpo.

- Não confia em mim Gael? – Da última vez em que falou isso, fizemos amor no meio do feno, e para piorar a situação, tivemos que ficar bons minutos em silêncio ao perceber a ronda dos peões.

- Claro. Só digo porque estamos nos afastando da fazenda.

E ainda nos afastamos um pouco mais até chegar à tenda armada ao meio do campo.

Ela devia ter contado com os homens para fazer tudo isso.

- Gostou?

Se havia gostado? Amado!

A cabana era luxuosa, e com certeza faríamos amor, tendo a lua e as estrelas por testemunhas. E a mesa montada do lado de fora me dava a certeza de que o café presenciando o nascer do sol. Ela sabia que ali, próximo a lagoa era meu lugar favorito. Agora era duas vezes mais.

A luz da lua, agora amava minha esposa. A mulher que Deus em sua infinita bondade havia me dado para amar e ser amado.

- Um dia terá que namorar meu filho. E Deus em sua infinita bondade lhe concederá uma mulher, a qual jamais irá abandonar ou se sentir abandonado. – A Joana havia previsto isso em minha vida, ainda quando criança.

- E como saberei que é a mulher de minha vida? – Perguntei aos quatorze aos.

- Não se preocupe meu filho. Não tem uma receita. Apenas saberá.

E agora eu estava ali, sentindo o calor daquela mulher, enquanto meu corpo delirava de prazer sobre o seu.

- Minha Gabriela! Minha esposa!

- Meu marido!

Ela me puxava para dentro de si, e me fazia delirar. Como era linda e gostosa ao mesmo tempo. Nunca pensei que pudesse ser tão feliz.

Nós gozamos do resto da noite. Da madrugada e da manhã linda que fazia em nossa homenagem.

- Sabe de uma coisa? Eu poderia viver com você aqui para sempre!

- Eu também meu amor! Eu também!

Ao longe dava para ver que a festa tinha adentrado a madrugada e agora enquanto caminhávamos de volta, o pátio parecia lotado.

Entramos pelos fundos da casa, assim poderíamos tomar um banho e descansar um pouco. Mas quem disse que conseguiríamos descansar com tanta movimentação.

E quando disseram que o vinho havia acabado, pedi que buscassem mais. Afinal, não é todo dia que se casa. Par mim, uma vez seria o suficiente.

- Nunca mais falamos sobre o ocorrido com sua esposa. – O delegado não podia ter puxado um assunto tão desagradável, em hora tão feliz. E no exato momento em que havíamos saído novamente para nos divertir na festança.

- Talvez porque o episódio tenha ficado para trás e esquecido. – Tentei encerrar o assunto.

Ele tomou um gole de cachaça e depois de uma careta concluiu.

- Se sua esposa não tivesse confirmado que havia um segundo homem, eu não acreditaria só naquele bêbado. Diria que só ele perseguiu dona Gabriela.

- E por que diria isso delegado?

- Nem mesmo o cachorro farejador conseguiu encontrar o homem na mata.

- E o senhor acha que o miserável ficaria escondido esperando pela gente quanto tempo?

- É! Pobre homem não vai querer voltar aqui nunca mais.

- Espero delegado. Assim espero! – Ele gostaria de jogar em minha cara que sabia que tínhamos dado cabo do homem. Mas sem provas, era sua palavra contra a minha e a de Pedro.

- Melhor a gente festejar né não Gael? Que bom que tudo terminou bem!

Que bom!

Quando a noite foi chegando novamente e todos cansados foram dando adeus, o Pedro se aproximou me abraçou novamente e levantou o copo em um brinde. Nesse momento me veio uma ideia.

- Pedro, assim que a Darlene desocupar a mansão quero que dê uma olhada no que pode ou não ser aproveitado lá e fique com a casa para você e sua família. – Ele arregalou os olhos pareceu petrificado.

- "Cê besta" homem? A casa que seu pai deixou para você.

- Uma das casas. E se você não se sentir bem com ela, assim como eu nunca me senti, venda, alugue faça o que quiser.

O Pedro nascera rico e por uma casualidade do destino não pode dar uma vida melhor a família. Ele melhor que ninguém merecia isso.

- Tenho dinheiro para manter o lugar Gael. - Bati em seu ombro e sorri.

- Então fica com tal fazenda aí do sul. Que também era do velho. Sei que fará proveito dela, tão bem quando eu faria.

- E por que está fazendo isso Gael? Sabe que o que faço aqui é suficiente para mim.

- Sei sim! Mais sei que é merecedor de muito mais. Sua escolha na vida foi certa, homem. Não tem dinheiro que compre a felicidade da gente. Mas, agora chegou sua hora. Já me ajudou demais. Agora é sua vez de se ajudar. E afinal de contas, vamos ser vizinhos não é mesmo?

Ele cresceria, assim como eu cresci. Não foram os bens que meu pai deixou para mim que me trouxeram a felicidade. Não! Felicidade veio em minha vida em forma de três mulheres. A primeira me trouxe ao mundo e me criou mesmo tendo que se anular toda uma vida. A segunda veio de forma inesperada e conquistou meu coração e a terceira... bem, a terceira ouviu uma conversa e veio ao meu encontro e me fez para sempre feliz.

- No que está pensando? – Ela abraçou minhas costas enquanto eu observava o Pedro todo feliz, caminhando em direção a sua casa.

- Estou pensando em quanto sou grato por ter roubado a vaga de babá uma outra pessoa.

- Não. Não fale assim. Ou as pessoas vão pensar que sou uma aproveitadora.

- E, não é?

- Claro que não.

- Hoje de manhã mesmo se aproveitava de meu sono e meu cansaço. – Me referia a forma com qual ela havia me despertado.

Nua. Sobre mim. Cavalgando meu corpo, como se eu fosse o seu próprio alazão.

- Agora me diga que não gostou, Gael. Seu cínico.

- Cínico não. Apaixonado.

Eu mostrei a ela aquela noite o homem rustico com o qual havia casado. Não era a primeira vez que ela sentia o bom e velho Gael. Um dia disputado pelas meninas da casa da Luana, e agora homem sério de família.

Eu amava minha vida! Eu amava aquela mulher e amava minha filha.

Nunca nenhum homem fora tão feliz! 

DNA - Um lar para KarolyneOnde histórias criam vida. Descubra agora