Fiquem tranquilas que volto hoje ainda com os capítulos 20 e 21
Gael,
Os homens não eram obrigados a sentirem minha dor, e a calar suas violas. Mas o fizeram em pleno dia de festa.
Eu passei a tarde toda pensando em uma saída e depois de estar com meu advogado, voltei a tomar a Karolyne nos braços.
Estava silenciosa, e eu entendia bem. Muitas coisas haviam passado por minha cabeça, mas depois de alguns minutos e uma boa conversa com quem entendia de leis, estou no firme propósito de que ninguém poderá nos separar.
- Gael.
- Oi meu amor.
- Você sabia que eu te amo? – Passou a mão pelo meu rosto, quase me fazendo derramar lágrimas.
- E você sabia que eu te amo muito e que ninguém poderá te tirar de mim.
- Sei. – Colocou o dedinho na boca e dormiu.
Não houve festa pela primeira vez em anos na Sant'Ana. O Ano chegou e muito longe podia ouvir o som dos foguetes da cidade.
- Não quer jantar? Eu sei que não há clima para festas, mas...
- Obrigado Gabriela, estou sem fome. – Eu queria ficar sozinho. Minha mente precisava raciocinar. Eu precisava raciocinar. O que havia acontecido entre a Darlene e eu, para que ela tivesse uma atitude tão vil assim? Eu lhe dei dinheiro. Atenção. Fui carinhoso em nossa primeira vez. Cheguei a pagar um preço exorbitante, só para que ela não tivesse que se sujeitar àqueles velhos que babavam por ela. E mesmo assim, ela agiu como a pior das mulheres. Na verdade, ela não se parece em nada com um ser humano.
- Me desculpa Gael, insistir. – Me virei para a Gabriela atentando para sua presença. Achei que nem estivesse ali mais. Estava absorto em meus pensamentos. – Talvez se conversasse com a Darlene. – Ela disse pausadamente. Como se tivesse medo de minha reação.
- Acha que isso não se passou por minha cabeça? Pensei em conversar com ela. Até mesmo oferecer dinheiro. Mas eu a conheço ou melhor, acho que conheço. E ela não vai desistir do que quer por uma simples conversa. Teremos que enfrentá-la na justiça e expor todas as suas sujeiras para que ela entenda que não pode ter tudo o que deseja e nem fazer tudo o que quer.
Ela se aproximou com tanta delicadeza e tocou meu rosto.
- Não queria que isso estivesse acontecendo. – Estava sendo sincera. Se não por mim, pela Karolyne.
- Eu sei. – Fechei os olhos e ela continuou ali, na penumbra tocando meu rosto. Eu devia estar um lixo humano. Barba à fazer. Cabelo sem corte. E mesmo assim a Gabriela permaneceu ali.
- Papai! – Um grito nos levou a correr para o quarto da Karolyne. Quando abrimos a porta ela estava tremendo. – Um homem mau estava aqui e quis me levar. – Um sonho com certeza.
Sentei-me à cama e a abracei. Pobre menina.
- Estamos aqui filha. Fica tranquila. Ninguém vai levar você. Pode se deitar novamente que a Gabriela e o papai vão estar aqui.
- Não quero ficar aqui. Quero ir para seu quarto. – Tomei-a nos braços e levei. A Gabriela trouxe seu pequeno cobertor e a cobriu com tanto carinho e delicadeza. Seria uma ótima mãe.
- Papai deita aqui.
- Claro filha. – Encostei-me ao seu lado e ela se aconchegou a mim. - Pode ir descansar Gabriela. Não merece passar a noite em claro.