Capítulo Catorze

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Gabriela,

A Brenda e eu nos dispusemos cuidar dela, até que o médico chegasse. Estava respirando com muita dificuldade, embora o tiro pareci não ter sido tão profundo.

- Os homens tinham ordem para atirar, e... Que droga! – O Pedro estava desesperado.

- Meu amor, você não tem culpa. Até porque a ordem não veio de você, e como saberiam que era ela junto aos assaltantes.

A mulher revirou na cama pela primeira vez como se recobrasse a consciência.

- Não.... Não...

- Darlene. – A Brenda tentava ajudá-la a recobrar a consciência, e acordar do momento em que estava vivendo. Mas começou a se debater e foi preciso que a segurássemos.

A Karolyne estava agora com as crianças da Brenda e do Pedro em seu quarto. E ninguém mais dormia na fazenda.

O sol começava a colorir o céu de laranja e ouvíamos alguns homens chegando. Tiveram que acompanhar o delegado até a delegacia local. Sendo que o fator "Darlene" havia sido oculto, segundo o Pedro a pedido do próprio Gael que estava a caminho.

- E se a gente der uma bebida para ela?

- Não sei Pedro. O médico que está vindo com o Gael, só pediu que mantivéssemos o lugar limpo, e em caso de sangramento, pressionar diretamente o local para controlar o fluxo de sangue. – Expliquei para ele não quisesse usar as artimanhas dos mineiros.

- E açúcar. Sempre funciona. – Só o Pedro mesmo.

- Meu amor, que tal esperar lá de fora. – Foi bem nessa hora que o Gael ligou dizendo que estavam chegando à cidade. Para que o Pedro o buscasse. O que nos deu tempo de colocar mais algumas compressas de água sobre sua testa para abaixar a febre.

- Devíamos ter chamado a ambulância. – Resmunguei.

- Chamaram para os homens feridos, mas acabaram sendo transferidos de carro mesmo. A única ambulância da cidade estava em um acidente aqui próximo.

Burrice a minha. Tinha ouvido os homens dizendo sobre esse fato, e ainda estava cogitando a possibilidade. E já que o Gael vinha com um médico do Rio, devia saber o que estava fazendo.

Depois de quarenta minutos a casa se enchia com o perfume da loção pós-barba do Gael.

- Bom dia!

- Bom dia! – Ele sequer olhou para mim, ou melhor, para nenhuma de nós duas ali no quarto. Fiz o mesmo que a Brenda, me afastei.

- Deram algo para dor? – O médico se aproximou examinando se havia outro ferimento e depois de constatar que era somente aquele, retirou o pano que havíamos colocado, e começou a calçar suas luvas.

O Gael parecia muito preocupado.

- É grave Duarte?

- Grave todo ferimento a bala é Gael. – Respondeu o homem sem tirar os olhos da paciente. – Vamos precisar de água limpa e fresca.

- Eu busco. – A Brenda se dispôs e eu acabei ficando para caso precisassem de algo mais.

- E panos limpos também. – Aí sim foi minha vez de ir até um dos quartos, onde usávamos para guardar as roupas de cama. Ali separei toalhas, e panos de todos os tamanhos, em sua maioria, brancos.

Quando voltei ao quarto, o Gael estava sentado à cabeceira da cama com a cabeça da Darlene no colo. Eu não estava preparada para esse momento, mesmo sabendo que a mulher precisava de ajuda.

DNA - Um lar para KarolyneOnde histórias criam vida. Descubra agora