Editorial

91 10 2
                                    


Pensei muito no que trazer para essa edição da Ecos. E no exercício de pensamento percebi que a minha maior contribuição para a Ecos estaria no simples ato de leitura. Afinal, o que dá forma e vida a uma história é o ato de sua leitura, da mesma forma que fazemos uma música "existir" no mundo físico executando a mídia em que ela está contida.

Em seu ensaio de 1967 intitulado "A Morte do Autor", Roland Barthes argumentou contra a tendência da crítica de analisar uma história e reduzi-la a um "sentido final" por meio da análise de dados biográficos do seu autor. Para Barthes, "o leitor é o espaço exato em que se inscrevem, sem que nenhuma se perca, todas as citações de que uma escrita é feita; a unidade de um texto não está na sua origem, mas no seu destino".

Ao ler as histórias contidas nesta edição da Ecos, percorri a mesma estrada que um aldeão responsável por uma pequena loja no interior percorreu ao se mudar para uma cidade grande, sofri ao descobrir uma vida que acaba se desfazendo como gotas na água corrente e vi um estranho casal conviver no meio das sombras...

Por isso, dentre tudo o que eu poderia escrever neste espaço, deixarei apenas uma pergunta ao leitor: você deu vida a alguma história hoje?

Fabiano dos Santos Araújo

Ecos 9Onde histórias criam vida. Descubra agora