Naquela manhã eu acordei revitalizada, e me senti bem disso ter acontecido. Eu havia chorado bastante na noite passada e não queria sofrer mais. Eu ouvia o som do vento cortante balançar as árvores por onde passava, e o cheiro de flores vindo do quintal, com a energia de uma manhã maravilhosa acompanhando pelo ar. A primeira coisa que fiz foi agarrar meu cachorrinho, o Pudim, o lulu-da-pomerânia mais lindinho de todos, e abraçá-lo. Ele dorme na caminha dele do lado da minha, e todas as noites eu o faço carinho para dormir. Claro, na noite passada eu não fiz isso, então precisava compensar. Me levantei, e vi que ainda estava maquiada e com a mesma roupa de ontem, então me dei o prazer de tomar um banho demorado e gelado pra tirar todas as lembranças do dia anterior. Mas aí eu me lembrei : eu conheci um tal de Caio, que até parecia um garoto legal. E eu tinha o número dele. E eu queria fazer amigos novos após aquele mico que passei ontem, porque certamente nenhum dos meus amigos iriam querer andar com a "triste" garota que foi traída e levou um chifre na frente da escola toda. Então, depois do banho, eu vesti uma roupa meio ok, uma blusa listrada, calça jeans e tênis cinza, e chamei o Caio para sair, pra a gente conversar um pouco, no mesmo café de ontem.

Quando cheguei lá, ele já estava me esperando, com um moletom cinza e uma calça jeans, que surpreendentemente combinava muito com ele, com aqueles cabelos castanhos escuros e os olhos azuis. Será que estou gostando dele mais do que devia?
--- Olá! Sou eu, a Natália! --- Eu falei, me aproximando na mesa que ele estava sentado e me sentando também.
--- Ah, oi! --- Ele me respondeu, e agora que eu estava calma e ele sem cheiro de cigarro ele parecia muito mais fofo do que antes.
--- Bom, me desculpa por ontem, eu fui muito grossa com você...
--- Ah, não tem nada, eu também não estava nos meus melhores dias --- O Caio disse, balançando a cabeça como se me entendesse --- Hum... Se quiser desabafar...
--- É, pode ser que eu faça isso, o primeiro passo para uma amizade verdadeira é a confiança, certo? --- Eu respondi, e em seguida desabafei tudo e tirei um grande peso das minhas costas. O mais estranho é que foi como se eu sempre conhecesse ele e que ele sempre escutava meus desabafos, tipo...?
Depois de eu contar tudo, ele falou um pouco mais sobre ele, e eu fiquei chocada que ele ia para Londres ano que vem! Deve ser incrível morar lá.
Decidimos dar uma volta, e como era sábado de manhã, as ruas estavam calmas, o dia estava ensolarado e na rua só se escutava o som das vozes do café e as bicicletas percorrendo a cidade. Andamos um pouco, sem parar de conversar, até que nos deparamos com os "bad-boys" no qual o Caio andava, e eles eram assustadoramente grandes e fortes, eram 5, e tinham tatuagens por todos os braços. Eu fiquei em choque, e em seguida um dos garotos, que parecia ser o líder, me agarrou. Eu tentei afastá-lo, mas sem sucesso.
--- Hey, se não é o Caio com uma nova namoradinha! --- Disse o bruta-montes que me agarrou, e agora eu sentia que meus braços ficavam doloridos quanto mais ele me segurava.
--- Deixe ela em paz! Nos deixe em paz! E... Hum... Ela não é a minha namorada... --- O Caio respondeu, e dava pra ver que ele estava nervoso pelo balanço das suas mãos e pelo fato dele estar corado.
--- Humpf! Ninguém aqui é obrigado a seguir suas ordens, otário! Peguem ele! --- O mesmo garoto respondeu o Caio, e após esse "peguem ele" os outros garotos agarraram o Caio e nos enfiaram em um carro, provavelmente roubado, e nos levaram a um lugar que parecia um armazém, com o teto alto e várias caixas espalhadas, e nos colocou um de cada canto.Eles amarraram uma corda nos meus pulsos com as mãos para trás, outra nas minhas pernas e outra na minha boca, o que não foi nada agradável porque rapidamente minha boca ressecou e eu tinha nojo daquela corda. Fizeram o mesmo com o Caio, e neste momento comecei a me desesperar porque caiu a minha ficha : eles iam nos matar. Agora fazia sentido boa parte dos desaparecimentos daquela cidade. Olhei para o Caio, e ele estava muito nervoso, ele estava vermelho. Lembrei que como ele está todo amarrado, ele não consegue mexer as mãos ou os pés pra aliviar o estresse, e, bem, eu acho que ele é hiperativo, nem eu sou assim... Mas deixei pra depois esse assunto. Olhei em volta : O teto alto era feito de telhado branco, que combinava com as paredes também brancas, mas estas estavam sujas de uma coisa que eu não queria saber o que é, mas eu assisto séries o suficiente para saber. Era sangue. Enfim, tinha caixas empilhadas e fechadas, e várias armas em um canto. Eles haviam saído para almoçar, então eu olhei para o Caio e apontei a minha cabeça para as armas. Ele acenou um "sim" com a cabeça e eu comecei a me arrastar até elas, e graças à Deus uma delas era uma faca. Fiquei de costas e tentei pegá-la, e consegui. Felizmente soltei a minha corda que prendia minhas mãos com pouca dificuldade, e já parti para as outras. Quando eu estava totalmente liberada daquele monte de cordas nojentas, corri até o Caio e cortei as cordas que estavam prendendo ele também. Nós corremos para fora, em busca de alguma bicicleta ou coisa do tipo pra ser menos trabalhoso chegar até o centro. E, bem, encontramos duas bicicletas, o que foi um alívio para mim. Se aquele dia não tivesse sido tão tenebroso no sentido de eu e o Caio termos sido sequestrados, eu narraria como aquele dia estava lindo, perfeito para um piquenique. Mas eu não quis apreciar a paisagem, ou, se demorasse muito para pedalar, eu acabaria morta, e o Caio também.
Nós fomos até minha casa, nós dois, mas conversamos muito pouco durante o caminho... Acho que ele ainda estava envergonhado pelo fato daquele bruta-montes ter dito que eu era namorada dele, e eu admito que também fiquei um pouco envergonhada, mas passou mais rápido do que eu esperava.
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De Repente { HISTÓRIA COMPLETA }
RomanceApós o fim de seu namoro com William na frente de toda escola e sendo zombada, Natália procura abrigo com seus livros, um café, um donut e sua doceria favorita de todos os tempos. Mas, além disso, neste mesmo dia conheceu um garoto que fugia da gang...