Talvez seja o fim de mais um amor | Visão de Natália

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Sim, o Caio vai embora amanhã. Eu não acredito que vamos passar 4 anos sem nos ver! E agora eu sabia que ele era a pessoa que eu sempre amei desde o primeiro momento que nos vimos, mas não tenho muitas escolhas além de deixá-lo ir. Como eu não tenho tantas condições financeiras como parece e também não tenho tempo, não posso morar em Londres também, então vou fazer minha faculdade de Jornalismo em Vancouver mesmo. O último dia de Novembro estava nevando, como a maioria dos dias de inverno, e semelhante ao dia em que eu terminei com o William e conheci o Caio. Eu acordei por volta das sete horas da manhã, e o dia ainda estava amanhecendo. Estava frio, e se sentia a umidade flutuar pelo ar e pelas plantas cobertas de orvalho. Ao olhar pela janela, dava para ver, além do meu jardim, dezenas de casas brancas como, obviamente, a neve. O meu abajur ficou ligado a noite toda, e do meu quarto se dava para escutar o crepitar do fogo queimando dentro da lareira. Apesar de estar um dia congelante, estava ensolarado. Não quis enrolar e me apressei em me arrumar para logo visitar o Caio, que provavelmente já estava acordado. Vesti um moletom branco com listras coloridas e uma calça jeans preta, com um tênis vinho.

Chegando lá, eu entrei no quarto dele e ele estava tirando fotografias da cidade pela janela dele. O quarto estava bagunçado, mais do que o normal, com malas jogadas no chão e roupas para todos os lados. O quarto estava praticamente sem móveis, com caixas e caixas cheias de livros e bonecos de super-heróis, além de vários deles espalhados pelo quarto. E notei que o Caio estava chorando. Resolvi entrar, e ele percebeu, se virando para mim e tentando sorrir. Eu me sentei na cama dele, e ele me beijou.
--- ... Bom dia, parece que hoje será o último dia em quatro anos que nos veremos. --- Eu falei, e ele olhou para baixou, deixando escapar mais lágrimas de seus olhos, que caíam e desapareciam no lençol de sua cama.
--- Sim... Eu nem acredito! Eu não quero te deixar aqui. Se você pudesse entrar em uma das malas e ir escondida comigo... --- Ele falou, tentando sorrir novamente. E falhou. E deixou derramar mais lágrimas que desapareciam no lençol de sua cama. E eu senti que eu também ia chorar, mas tentei demonstrar que eu estava ali e que eu era forte para isso. E tentei não falhar nisso.
--- Hey, nosso amor não vai mudar, independente de qualquer coisa. --- Eu disse, e sorri. Ele sorriu de volta. E me dei conta de que não iria mais ver esse sorriso durante 4 anos seguidos. --- Poderíamos sair, certo? Vamos tentar fazer deste dia um dia alegre e inesquecível.
--- Pode ser... Vou me arrumar.
--- O.k, eu espero aqui.
E assim ele saiu do quarto em direção ao banheiro, e eu fiquei apreciando a vista da janela do quarto do Caio até ele voltar, com um moletom preto com um desenho, e uma calça jeans branca, e ele calçou seu tênis cinza. Nós dois colocamos nossas toucas para nos proteger do frio e saímos de casa. Chegando ao "nosso" café, no caso o que nós nos conhecemos, nós pedimos donuts e café. Depois, eu e o Caio fomos andar um pouco, já que ele queria passar um tempo nas ruas de Vancouver no último dia que ele iria vê-las. O dia estava ensolarado, como eu havia dito antes, e nevando, mas os pássaros não estavam cantando como normalmente e o vento não batia nos meus cabelos e nem em lugar algum. Talvez eles estavam fazendo greve, já que era o último dia do Caio em Vancouver. Não me pergunte como cheguei nessa conclusão.
O dia passou e nós aproveitamos como se fosse apenas um dia normal, mas nós sabíamos que não era só isso. No final do dia, mais ou menos 11 horas da noite, nós nos despedimos com um longo beijo, talvez o mais longo da minha vida e com certeza o melhor que já tive. O Caio chorou muito, e eu também, mas eu tive que ir para a minha casa.

Quase quatro anos depois...

Bem, se eu dissesse que as coisas estavam andando mal, eu estaria quase mentindo. Na primeira semana sem o Caio, minha vida estava totalmente de cabeça para baixo e eu estava sem consolo, nem meus amigos conseguiam me acalmar. Eu começava a chorar do nada e ficava muito sensível, e andava pelas ruas sem rumo de bicicleta, passando várias vezes na frente da casa do Caio, na esperança de vê-lo através da janela. Mas obviamente, nada. Nós conversávamos no celular, mas fui passar o Natal nos Estados Unidos, onde meus avós moram, e depois que voltei perdemos o contato. No primeiro dia de faculdade, eu fiquei ainda mais desnorteada por não conhecer ninguém, então nos primeiros dias de aula eu me sentei sozinha. Depois, comecei a me aproximar de um grupinho que parecia muito legal, mas sempre que batia o vento e os pássaros cantavam, eu sentia falta do Caio. Cada vista que eu observava, dava um aperto no coração. A cada livro que se abria, seja por mim ou por outro alguém por perto, eu sentia o sentimento de que ele entraria por qualquer porta e me beijaria. Mas era claro que isso não acontecia. Eu sempre pensava em mandar alguma mensagem para ele, mas ficava com o pressentimento de que ele estava ocupado e não mandava. Mas ficava aí a questão : ocupado com o que? Nunca suspeitei dele, mas agora estávamos separados por um oceano. E é claro que ele tem que estudar, ir para a faculdade, mas e depois? Tá, eu poderia estar sendo ciumenta. Continuando, eu comecei a andar com esse tal grupinho, que já tinham quatro pessoas : duas meninas e dois meninos. A primeira garota era baixa e magra, tinha cabelos pretos, e olhos azuis. A outra garota era morena dos olhos âmbar e cabelo cacheado, e era linda também. Um dos meninos não era grande coisa, ele era grandalhão, com cabelo loiro e olhos castanhos escuros. Mas o outro era lindo : ele era ruivo dos olhos azuis, e era simplesmente encantador, mas não chegava ao nível do Caio. Ele se chamava Barry, e toda vez que eu o olhava eu me lembrava do Caio. Depois de uns meses, nós ficamos namorados, até agora. Ele é um fofo! Eu fiquei me perguntando como o Caio deveria estar, mas quando fui ver eu não estava mais nos contatos dele, dava para saber só de olhar. Então, resolvi definitivamente tentar esquece-lo, de uma vez por todas. E assim foi, a vida seguiu, como o destino quis. Bem, agora estou terminando a faculdade, e felizmente eu consegui dinheiro o suficiente para fazer um intercâmbio pela Europa. Não tenho a intenção de procurar o Caio, aliás seria bem improvável de isso acontecer, já que há milhões de pessoas na Europa. Seria, talvez, uma benção ou uma maldição se eu o encontrasse? Eu sei que ele não me ama mais. Mas, eu ainda amo ele, apesar de ter feito a fila andar. Se eu visse ele, provavelmente eu ficaria pasma. Bem, são só daqui a alguns meses, as coisas mudam.

De Repente { HISTÓRIA COMPLETA }Onde histórias criam vida. Descubra agora