O Vale Sombrio

Um Dia Após O Outro

Abro os olhos para mais um dia. O sentimento de melancolia cresce em meu peito. O dia está bonito lá fora, a primavera é uma das estações mais lindas.
Me lembro de Lisa e logo escrevo uma carta.

"Lis já faz algumas semanas que estou aqui. Nesse tempo tenho pensado muito sobre tudo. Na maior parte do tempo estou sozinha então o sentimento piega é inevitável. Estou com saudades de você.. Poderia vir me visitar quando estiver de folga.
Conheci um cara muito interessante, o nome dele é Ben. Ele me levou em alguns lugares para conhecer a capital. Estou gostando até! Ele parece ser uma boa pessoa.
Bom, espero que tudo esteja bem por aí. Mande notícias.
                                    Beijos, Clay. "

Decido fazer uma visita ao Capitólio de Helena. Esses passeios me deixam animada, então logo saio. O edifício fica na sexta avenida, em alguns minutos consigo chegar ao local.
A construção é belíssima. O edifício, construído em granito e arenito, de Montana, é em estilo arquitetônico neoclássico grego, e está listado no Registro Nacional de Lugares Históricos. O exterior da cúpula é coberto com cobre. No topo da cúpula tem uma estátua feminina carinhosamente apelidada de "senhora liberdade."
O lugar é cheio de quadros e logo reconheço um pintado por Charles M. Russell. O quadro é de longe o mais bonito. Admiro este quadro por alguns minutos, sou completamente apaixonada por pinturas.
Enquanto caminho pelo interior da cúpula, sinto uma presença se aproximar por trás. Sem dar muita importância, continuo caminhando. Esse ponto turístico é um dos mais belos que conheci até agora. Sem perceber passo algumas horas dentro do lugar admirando as coisas, mas quando percebo a hora decido partir.
Decido passar por um caminho pouco movimento, novamente sinto que tem alguém me seguindo. Olho para trás e não vejo ninguém.
Quando chego a esquina para virar percebo, mas já é tarde. Antes de conseguir me virar, tudo fica escuro.
Abro os olhos. Fico paralisada ao reconhecer o rosto ao meu lado.
Merion.
Estamos em um carro com vidros escuros a caminho de algum lugar distante do centro urbano. Merion está dirigindo ao meu lado.
_O q-que? C-como...
_Oi xuxu. Quem bom vê-la novamente!
Não consigo falar. Estou momentaneamente paralisada pelo medo.
_O que foi? Ficou tão emocionada que não consegue nem falar? - ele ri.
_O que diabos estou fazendo nesse carro, e para onde está me levando seu idiota?
_Calma docinho. Preciso te levar para um lugar e como sei que não viria por vontade própria, decidi utilizar outros meios para levá-la. Não se preocupe, você vai gostar.
Tentei tirar o sinto, mas ele não se soltava e a porta não abria. Comecei a me debater sobre o banco dando tapas e socos em Merion.
_Ah xuxu. Podemos fazer isso o dia todo, mas não quero que se canse. Pode parar agora.
Continuei freneticamente, mas nenhum golpe parecia incomoda-lo.
Continuei e continuei até não aguentar mais.
Desisto. Esse cara é um psicomaníaco.
Merion começou a tagarelar sobre a vida que tínhamos e como ela ia melhorar daqui em diante. Eu o ignorei. Permaneci o restante da viagem quieta e calada.

Passaram-se horas, até pararmos no alto de uma montanha. Ele desligou o carro, desceu e abriu a minha porta. O sinto se soltou.
Comecei a observar o lugar. Uma cabana no alto de uma montanha. No entanto, não era qualquer cabana. Essa tinha um estilo rústico toda construída em madeira. A grama e as árvores em volta eram magníficas. Era tudo muito bonito. Me encaminhei para o interior, Merion seguindo meus passos.
Uau! Eu estava realmente muito surpresa com a beleza do lugar.
Tudo era perfeitamente decorado e modelado. Havia flores penduradas em um canto da sala. Flores estas, que me deixaram encantadas.
Merion me observava.
_Eu sabia que ia gostar. Planejei tudo pensando em você xuxu.
O ignorei.
O tapete que havia no chão dava para qualquer um passar a noite. Era tão macio que dava dó de pisar em cima. Fui em direção a um sofá de canto marrom e me sentei.
Merion estava parado em um canto.
_Não se iluda, não ficarei aqui. - falei olhando feio para ele.
Começou a rir.
_Você vai ficar sim xuxu, não tem como sair nem se quisesse. Agora você é minha.
_Eu NUNCA serei sua seu cretino!
Ele saiu da sala dando gargalhadas.
Maravilha! - pensei.
Eu não consigo entender o que Merion quer comigo presa nesse lugar.
Enquanto Merion estava lá para dentro, me levantei tentando fazer o mínimo de barulho possível. Fui andando em direção a porta e tentei abri-la.
Droga. Está trancada.
Olhei ao redor examinando o ambiente. Vi algo brilhar em cima da mesa. Quando comecei a ir na direção dela, Merion apareceu.
_Como eu falei, você não vai sair daqui xuxu.
_Você vai ficar surpreso quando eu conseguir fugir. Eu não vou ficar sob o mesmo teto que você por muito tempo.
_Há! Quase me convenceu. Agora deixa disso e venha até aqui.
Relutantemente me dirigi até ele.
Havia uma tigela em cima da bancada contendo uma variedade de frutas picadas.
_Fiz especialmente pra você. Sei que adora salada de frutas.
_E você acha mesmo que vou comer algo feito por você?
_Ah xuxu, pode comer! Eu nunca lhe faria mal - pegou uma colherada e comeu. - Está vendo?
_Está certo Merion, mas só vou comer porque estou faminta.
Peguei a tigela e comecei a comer, enquanto mastiga ele me observava.
_O que foi? Vai ficar aí me encarando?
_É que eu adoro observá-la.
_Claro, se não eu estaria em casa agora.
Comecei a me sentir um pouco estranha, logo me dirigi à sala novamente e me deitei no sofá. Estava com uma sensação estranha correndo pelo meu corpo.
Não deve ser nada. Pensei.
Meu corpo estava estremecendo. Merion se sentou ao meu lado e começou a me acariciar.
O que está havendo??? Eu estava gostando daquele toque. Ele se deitou por cima de mim, beijando meu pescoço. Eu retribuía aqueles gestos, mesmo sabendo que era algo impossível. Algo estava percorrendo pelas minhas veias, eu não conseguia controlar aquilo. A intensidade daqueles gestos só aumentava e quando eu me dei conta já estávamos sem roupas.
Merion não perdia tempo, e tudo aconteceu de uma forma meio bizarra. Quando acabou, nossos corpos estavam completamente suados, a adrenalina era muito alta e o coração estava disparado. Olhei para ele boquiaberta e no instante seguinte eu apaguei.