Raça Zirqui

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O que eu não sabia era que eu vivia com um psicopata dentro de casa.
O que signicaria aquele ato afinal? Loucura? Insanidade mental?
Nesse momento eu não conseguia pensar com clareza. Só ouvia sua risada diabólica ecoando em meus ouvidos.
E agora? Eu não sei o que fazer, como agir... Reyna ainda estava viva? Eu precisava vê-la, porém não conseguia.
Estou escondida no jardim, mas sei que não posso continuar aqui. Não neste cenário de terror. Preciso de respostas, mas também necessito de um lugar seguro.
Não sei por quanto tempo fiquei ali encolhida e chorando.
"Preciso fazer alguma coisa para ajudar Reyna."
Eu dizia repetidamente para mim mesma.
Depois de algum tempo consegui me levantar. Decidi que eu tinha que voltar la dentro e ver o que estava acontecendo. Quando dei o primeiro passo, observei de relance algo se mover no meu campo de visão. Me abaixei instantaneamente. Era Merion carregando o corpo inerte de Reyna em seus braços. Ele estava se dirigindo ao carro, e, em uma fração de segundos, podia jurar ter visto Reyna olhar para mim. 

Fiquei completamente espantada, em estado de torpor. Então, seria possível ela ainda estar viva? Se realmente estivesse, o seu estado era grave, pois pude ver o grande ferimento em seu abdômen.
A pergunta que não calava era: o que ele ainda queria com ela?

Seguindo cada passo seu, com o olhar, vi quando ele acomodou Reyna no banco de trás do carro, foi em direção à uma casinha onde guardávamos as ferramentas e pegou um galão contendo um líquido. De volta ao automóvel, ele despejou o líquido por todo o estofamento. Foi então que eu percebi que o líquido em suas mãos era na verdade gasolina.
Minha primeira reação foi ligar para a polícia. Corri para a casa freneticamente e disquei o número.
"Vamos atendam rápido!"
_Alô, preciso de ajuda! Tem um... - Merion chegou de surpresa tomando o telefone da minha mão.
_Ah xuxu... Não precisa ficar com medo. - eu olhava para ele perplexa.
Como alguém poderia agir dessa forma e não demostrar nem um pouco de ressentimento?
A única coisa que eu via nele era uma ironia crescente em seu rosto.
_Você é louco! - gritei com a voz embargada tentando manter a calma.
_Não xuxu. Você está enganada. Horroriza-me a ideia de que uma coisa qualquer possa ser determinada pelo mundo como certo ou errado. A única coisa que posso lhe dizer é que sou desprovido de afeto. Não espere muito de mim, não sou capaz de sentir nada além de prazer. Talvez você esteja se perguntando porque eu estava me alimentando de Reyna... Bem. Serei breve. Pertenço a uma raça chamada Zirqui. Como eu estava quebrando algumas leis do meu povo, fui exilado e jogado nessa dimensão, a qual vocês pertencem. Por anos vivi perambulando sem rumo, até conhecer Reyna. Ela era a minha solução. Não mencionei, mas minha raça se alimenta uma vez por mês de carne humana. Só conseguimos digerir isso. Como a data da minha próxima refeição estava próxima, Reyna não me deixou escolha. Por falar nesse assunto, nunca senti tanto prazer comendo uma carne! Estava realmente incrível!
_Chega! Nunca ouvi tanta besteira junta. Quero ver Reyna agora! - eu disse com ódio nos olhos.
Merion não fez nada além de abrir um largo sorriso e sair da minha frente.
Cheguei ao jardim e a única coisa que vi foi fogo. Muito fogo. O carro estava em chamas e não havia nada que eu pudesse fazer, porém mesmo assim corri em sua direção. Tentei entrar no carro para salvar Reyna. A porta estava trancada. Peguei um bastão que se encontrava na casinha de ferramentas e tentei quebrar os vidros. Merion chegou por trás me agarrando. Tentei acertá-lo com o bastão, mas ele é mais forte que eu. Tirou das minhas mãos e o jogou no chão, em seguida me levou em direção a casa novamente. Eu me debatia feito louca em seus braços.

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