Capítulo 1: Por Luisa

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A dor tomava conta de mim. Do meu corpo, do meu braço, da minha cabeça.
Acordei no momento exato em que ouvi alguém dizer que iria em bora.

Ir?

Como assim?

Haviam pessoas feridas ali! Meus pais estavam ali! Eu precisava de ajuda!

Imediatamente, levei com dificuldade a minha mão direita em direção ao encaixe do cinto de segurança..E.. "-Merda" - Eu digo para mim mesma quando noto o ferimento em meu braço.
Não conseguiria sair dali sozinha, e eu estava confusa demais para conseguir raciocinar algo além do que já o havia feito.
Então resolvi tentar. E apesar da dificuldade para falar, eu consegui!

- Por..favor...!

Respiro aliviada ao ouvir vozes se aproximando rapidamente. Ainda tentava me soltar do cinto, quando vi alguém se abaixar.
Era um homem,pude notar.

- PORRA! Que que agente faz Vini? -O outro rapaz diz, sem tirar os olhos de mim.

- Você está bem? - o primeiro me pergunta, nitidamente preocupado.

Mas eu estava cansada de mais para conseguir dizer alguma coisa. Eu estava confusa, me sentindo fraca, e parecia que não havia ar em meus pulmões.
Respirei uma, duas, três vezes até conseguir formar a frase que precisava.

- Nos...tire daqui,... por favor!

- Calma, eu vou tirar você daí. Só fique calma tudo bem? - Ele me diz enquanto olha em volta, parece preocupado com algo.

Os rapazes se levantaram e foram até a parte da frente do nosso carro. Talvez procurasem algo que pudesse os ajudar naquele momento. Ou talvez eles optariam por ajudar meu pais primeiro.

Tentei me acalmar, embora aquele cheiro insuportável não estivesse colaborando. Era um cheiro forte, de gasolina e...

SANGUE!?

Não podia ser!

Eu não sei de onde tirei forças. Não sei como consegui. Mais gritei tão alto que chegou doer.

- PAI! MÃE!!

Eles não me responderam. Nunca mais.

- Ei, fica calma. Agente já vai te tirar daí. Só preciso que você confie em mim tudo bem?

- Meus...Pais! Por favor! Ajude meus...pais. - Sinto um nó se formar em minha garganta.

- Olha só...Eu preciso te tirar daí agora. Não temos tempo, o carro vai pegar fogo a qualquer momento.- Ele faz uma breve pausa, se vira para o seu amigo e continua:
- Binho, traz o carro até aqui enquanto eu tiro ela.

- Já é!- O rapaz sai apressadamente pela rua. Não demora para ele voltar parando o carro perfeitamente próximo ao meu.

Ele me tirou dali com uma certa dificuldade. O outro rapaz, mais magro que o acompanhava, ficou encarregado de abrir a porta traseira, para que ele me colocase no banco de trás.
Eu gritava. Gritava de dor. Gritava por meus pais. Gritava para que você me deixa- se ficar.
Eu queria ve-los. Precisava ajuda - los.

Mais foi em vão.

Seus dois amigos foram na frente. Ele foi no banco de trás, comigo. Eu estava sentada, com a cabeça escorada no vidro da porta. As lágrimas escorriam pelo meu rosto fazendo arder todos os machucados que ali estavam.
Eu não estava mais aguentando, precisava deitar logo, ou iria desm...

__**__

Quando abri meus olhos, levei um susto. Não entendi nada ao ver um rapaz ao meu lado naquela cama de hospital. Ele era magro e alto, tinha muitas tatuagens pelo corpo, talvez até demais para o meu gosto.

- Oi moça...Como está se sentindo? - O rapaz me pergunta enquanto bloqueia a tela do celular.

- Não sei...Quem é você?

- Relaxa, sou Iron. Eu e meu amigo tiramos você do carro, lembra?

- Mais ou menos. Aonde está meus pais? Quero ve-los. Pode me levar até o quarto em que eles estão?

O rapaz não diz nada. Apenas me olha com ar de preocupação. Talvez meus pais estejam em outro hospital.

-Por favor..me leve até eles. Eu já estou me sentindo melhor e...

- Olha só moça, eu não posso te levar até eles entende...Não dá. - Ele me diz passando as mãos na cabeça e descendo-as até a cintura.

- Como assim não dá? Como eles estão? Onde eles estão? - Dessa vez o nó em minha garganta era maior. Mais dolorido.

Antes mesmo que ele diga algo o médico entra no quarto e sorri.
Vem até mim e verifica o soro.

- Como se sente Luisa?

- Bem o suficiente para ver meus pais, Doutor!

- Vamos com calma mocinha. Você ainda tem alguns exames para fazer. E provavelmente só sairá daqui em dois dias. - O médico me diz, enquanto anota algo em sua prancheta. E continua: - Você tem algum parente que possa vir até o hospital? Preciso que assinem alguns documentos.

- Não tenho.

- Pode ser uma tia, um tio...primos..só precisa ser de maior.

- Já disse que não tenho ninguém.

- Não tem? - o Doutor intercala seu olhar entre mim e Iron. Sugerindo algo.

- Aê Doutor , tenho nada com ela não tá ligado. Só trouxe ela pra cá ontem e resolvi passar pra ver como ela estava.

O Doutor solta um suspiro pesado. Se volta pra mim parecendo me analisar minuciosamente.

- Talvez você tenha batido com a cabeça forte demais Luisa. Vamos fazer alguns exames para ver se sofreu algum tipo de trauma Ok. É normal que você se esqueça de alguns fatos ou até mesmo pessoas. Vai ficar tudo bem. Eu garanto.- O Doutor ia se afastando, mais eu o impesso de continuar.

- Eu não estou louca não Doutor. E também não esqueci de nada que tenha ocorrido na minha vida até aqui. Eu simplesmente não tenho parentes aqui. Ninguém. - faço uma pausa enquanto o Doutor volta a se aproximar. E então continuo.

- Tenho uma tia e um tio. Minha tia está morando no Guiné - Bissau há nove anos. Meu tio foi visto pela última vês escalando as montanhas de gelo do Monte Fugi, no Japão. Meus avós paternos eram da Itália, faleceram a algum tempo. Meus avós maternos também se foram quando eu ainda era criança.
Somos apenas eu e meus pais por aqui Doutor.

- Ok Luisa. Vou ver oque posso fazer por você. Agora descanse está bem.- Ele sai apressadamente pela porta.

- Uau!

- Oque disse?

- Nada não, só que...Monte Fugi?
Você pode até não ser louca, mais seu tio certamente é.- Iron diz soltando um riso nasalado.

- Ele é alpinista. Ou louco mesmo, chame - o como quiser.- Fecho meus olhos e durmo novamente.

Quando acordo Iron não está mais ali. Mais deixou um bilhete ao lado da minha cama.

Não entendo muito sua letra, mais após ler novamente compreendo o bastante para acreditar que aquele rapaz é totalmente maluco.
Por que diabos ele achou que eu iria aceitar uma coisa daquelas? Só mesmo se eu fosse maluca feito ele.

" Aê mina, amanhã eu volto pra te buscar !"
Iron.







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O próximo será narrado por ninguém mais ninguém menos que : VINICIUS FERRARI. Vulgo, dono do morro.

Beijos no coração! ♥

05/07/2017
02:49 hs

Inesquecível é VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora