Capítulo 15

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— Então fica assim, Tia, se precisar me liga.

— Certo, Anastásia, beijos.

— Beijos.

Fecho a janela da videoconferência e encaro a tela do PC, parece que vejo um par de olhos cinzas me encarando. Fecho os olhos para me livrar disso.

Depois de quase um mês chorando, sem comer direito e sem trabalhar. Dormindo a base de calmantes, entrei na fase de aceitação.

Aceitar que não valia a pena sofrer desse jeito. Precisava seguir em frente, pelo ao menos para manter minha sanidade.

Resolvi sair da zona de conforto e me arriscar.

Estava decidida a sair de Aspem. Talvez viajar durante um tempo, precisava me livrar da sensação de dependência da minha tia e também da que Christian criará em mim.

Conversando com um fornecedor, fiquei sabendo de um pequeno hotel, na cidade de Helena, estado de Montana, que pertencia a um casal que estavam pretendendo vender. Eles queriam se aposentar, viajar e curtir os netinhos.

Pensei durante um tempo e decidi usar parte da herança que meus pais me deixaram nisso.

Era uma forma de caminhar com minhas próprias pernas e ficar longe de tantas lembranças, e também não estava mais me dando tão bem com minha tia, afinal, ela me afastou do amor da minha vida duas vezes, a primeira mentindo sobre ele e a segunda o desmascarando. Penso que já que ela me afastou uma vez, quando me viu feliz com ele, não estragasse tudo. Isso começou a pesar nas minhas atitudes em relação a ela.

No começo minha tia não gostou muito, mas quando viu que a menininha que acatava todas as suas ordens, já não existia mais, resolveu me apoiar. E ah, Colin, coitado, foi demitido. Então eu não tive mais nenhuma noticia dele, a não ser pela mídia, tanto que ouvi pela mídia que ele era taxado de homem de gelo e autoritário com os funcionários. Me perguntava onde foi parar o Christian carinhoso e simpático que conheci, cheguei a conclusão que era um personagem, apenas para me seduzir e fazer acreditar nele.

Droga, tenho que parar de pensar nisso, senão vou as lágrimas.

Por que apesar de tudo ainda o amava e muito.

Mas preferi fugir desse amor, fazer de conta que ele nunca existiu, que eu continuava a Anastásia de dois anos atrás que não sabia o que era amor. Sofro menos assim.

Decido dar uma volta pelo hotel, não é tão grande, mas possui dois auditórios e um salão de festas, sempre estão locados para eventos, como palestras, retiros e casamentos.

Estava saindo da sala e vejo Hanna, minha assistente vindo em minha direção.

— Anastásia, ia passar o relatório dos lucros semanais para você.

— Deixe para depois do almoço. Você já confirmou o evento desse fim de semana, todos os palestrantes e convidados virão?

— Sim, esse fim de semana está lotado.

— Ainda bem, vamos faturar muito, ah e o baile de sábado, você confirmou o DJ?

— Sim, está tudo confirmado, ele virá sexta a noite montar a aparelhagem e passar o som.

— Ok, vou almoçar e depois nos vemos na minha sala.

— Bom almoço.

— Obrigada.

Saio e vou em direção ao refeitório, gostava de comer com os funcionários, afinal eles eram minha família agora.

Minha vida é aqui dentro, saio pouco e quando saio é para resolver algo do hotel, apesar da cidade ser linda, não tinha muita vontade de explorar.

Mas me sentia bem e completa, essa era a vida que havia escolhido, não a que tinham me imposto.

Depois do almoço, trabalho o resto do dia em meu escritório. Vou para o meu quarto só depois das oito.

Tomo um banho demorado, me visto e tomo meus calmantes, isso me garante uma noite descansada e sem pesadelos com o Senhor Olhos Acinzentados.

Antes de dormir, olho para a caixinha de música e o ursinho em cima da minha estante, já tive vontade de joga-los fora um milhão de vezes, mas acho uma pena, são tão lindos e me fazem lembrar de uma época que não havia sofrimento.

Droga, preciso dormir, amanhã já é sexta, começa a loucura, os palestrantes chegam depois do almoço e tenho que inspecionar se não falta nada para eles.

Fecho os meus olhos, logo começo a sentir o torpor dos calmantes, escuto longe, Nickelback, cantando Far Away e adormeço de vez.

50 Tons- De Volta ao PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora