Capítulo 20

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Sinto carinhos em meus cabelos, gosto da sensação, me lembra Christian, me lembra de uma época em que éramos apaixonados, que ele era gentil comigo, aí depois ele foi tão bruto, tão duro.

— Não me toque.- falo me retesando na cama.

— Ana?- o escuto me chamar e abro os olhos. Ele está parado a minha frente, seu olhar confuso. Está mais lindo do que nunca meu peito se aperta de saudades dele.- tudo bem?

Faço que sim, não consigo falar, desejei tanto que ele viesse, mas agora, me sinto mal, me lembro de tudo o que senti naquela noite, isso não está certo.

— Sim, mas por favor, não toque em mim, sim?- seu toque me faz lembrar o quanto me humilhou. Ele franze a testa, vejo decepção em seu olhar, ele sabe o que fez.

— Certo, como quiser. –  se senta na cadeira que Hanna estava quando adormeci, agradeço por ela não estar no quarto e presenciar isso.- falei com a médica, você talvez saia amanhã.

— Terei que fazer repouso pelas próximas semanas.

— Vou ficar por aqui, vou cuidar de você.

— Obrigada.- agradeço.

— Minha mãe te mandou beijos.

— Você falou para ela?

— Sim e ela está muito feliz.

— Gosto de seus pais.- falo com sinceridade, depois que tudo passou entendi os motivos deles.

— E eles te amam como uma filha.

— Mesmo depois do que te fiz?

— Sim, eles sempre acharam que eu estava errado em fazer aquilo com você.

— Ambos erramos.

— Me perdoa por aquela noite?

Olho bem dentro do olhar dele, vejo arrependimento sim, mas as marcas que ele me deixou, as vezes que chorei ao lembrar de suas palavras duras, é muita coisa para se perdoar.

— Preciso de um tempo.

Ele parece se entristecer com essa resposta.

— Certo você tem todo o tempo do mundo.

Fecho os olhos, tempo, minha vida se resume sempre a isso, ao tempo.

Mas será que quero um tempo nisso?

Será que esse tempo já não chegou, o tempo de finalmente ser feliz ao lado dele, de formarmos uma família?

— Quando éramos, noivos, falávamos em filhos?- abro os olhos e pergunto, isso parece alegra-lo, me responde sorrindo:

— Sim, queríamos pelo ao menos dois.

— Ah.- fecho os olhos de novo. Dois filhos? Pelo jeito éramos animados. Tenho vontade de rir com isso.

— Posso tocar sua barriga?-me pergunta e eu abro os olhos o encarando.- quero poder sentir nosso filho.- fala triste de novo, não consigo negar isso a ele, faço que sim.

Ele levanta a mão e a pousa em minha barriga, acaricia com cuidado, sinto o calor dele e sinto vontade de chorar, o toque ainda me causa dor, mas necessito dele nesse momento, me sinto tão confusa em relação a isso, olho para seu rosto que está voltado para minha barriga e vejo uma lágrima cair, por favor, não chore, é muito para mim.

Se inclina um pouco mais e beija minha barriga, um beijo suave apenas um roçar, não aguento, e choro.

— Oi, sou seu pai, errei muito com sua mãe e comecei errando logo de cara com você, mas vou fazer de tudo para consertar cada erro meu e te fazer muito feliz, se sentir o filho mais amado e desejado desse planeta.- olha para mim.- obrigado por me fazer feliz.

— Eu também estou feliz.- falo em meio a lágrimas. Nesse momento vejo o meu CEO, gentil e carinhoso, que chorou no nosso primeiro beijo, que chorou quando fizemos amor à primeira vez, o Christian bruto foi embora, era só uma mascara para se proteger da dor que causei a ele.- acho que a mamãe também quer um beijo.- falo corando, sim quero o seu, o meu beijo de volta.

Ele sorri e se levanta, segura meu rosto hesitante, não sinto medo, acaricia meus lábios tremo em expectativa, se inclina e toma minha boca, suspiro de emoção ao senti-la, logo abro minha boca e procuro sua língua, nos tornamos um só novamente. Nos enroscamos e nos saboreamos, despejamos nesse beijo toda a saudade e falta que sentimos um do outro. Agora é minha vez de chorar, ou é ele? Nossas lágrimas se misturam também.

Estamos ofegantes quando nos separamos, encostamos nossas testas, olhamos um no olho do outro, vejo tanto amor em seu olhar.

— Eu te amo, Ana.

— Eu também.- isso é um alivio.

— Casa comigo?

Arregalo os olhos, mas assim tão depressa, logo volto atrás nesse pensamento, já passou do tempo de sermos felizes.

— Sim.- respondo sorrindo ele sorri ainda mais, ah como amo esse sorriso.

— Espera um pouco.- se afasta e coloca a mão no bolso, tira a pulseira de ursinho e a coloca de volta em meu braço, sorrio em vê-la em eu meu braço de volta.- te dei no dia que ficamos noivos.- fala, parece, emocionando - a caixinha de música, te dei no seu primeiro aniversário comigo, Try é nossa música.

— Já imaginava.- falo, emocionada também.

Mexe de novo no bolso e vejo retirar de lá a corrente.

A abre e retira as alianças, coloca a corrente em meu pescoço, é de ouro, fina e delicada.

— Seu presente de formatura.- fala sorrindo, meu Deus, ele realmente sempre me amou.

Olha por um momento as alianças e suspira forte.

Pega minha mão direita e a coloca, está um pouco larga.

— Mandamos arrumar depois.- fala parecendo triste.

Pego a sua e a coloco em seu dedo. Olhamos um para o outro, estamos emocionados e felizes.

Me abraça de novo, sinto carinho e amor nesse abraço. Me sinto em casa.

Estamos em casa, eu, ele e nosso filho.

—Vamos ter um ursinho. – falo sorrindo. Ele se afasta e me encara sorrindo também.

— Minha ursinha linda, te amo.

— E eu te amo, meu ursão.- me presenteia com o mais lindo dos sorrisos. Me beija com amor, muito amor.

O correspondo feliz, sabendo que passamos por muita coisa, mas o nosso amor foi maior e forte o suficiente para vencermos tudo.

50 Tons- De Volta ao PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora