Capítulo 17

3.3K 318 28
                                    

Encaro o teste em minha frente, ainda não acreditando no que está acontecendo.

— Grávida, grávida. – repito para mim mesma, para tentar acreditar nisso.

Há dois meses não tenho menstruado, apesar de que nunca fui muito regulada, mas os enjoos e as tonturas me fizeram chegar a essa conclusão e meus seios estavam maiores e mais sensíveis.

Fiz o teste de farmácia mais para confirmar e aí sim partir para um médico.

Acaricio minha barriga, sorrio em pensar que um pedacinho de Christian cresce aqui dentro de mim. Faço uma careta em me lembrar do modo como ele foi concebido.

Ele nunca irá ficar sabendo, me decido por isso.

Meu filho não precisa de um pai que odeie sua mãe, ele vai ter tanto amor que nem sentirá a falta do pai.

— Viu pontinho, mamãe já te ama e muito, vamos ser felizes, eu e você e mais ninguém.- o chamo assim pois deve estar ainda tão pequeno, que deve ser como um pontinho no meu ventre.

Estou feliz, muito feliz. Sempre quis  casar e ter filhos, tudo bem que pulei uma parte, mas a mais feliz, vou viver.

Penso no que minha tia vai falar, mas não quero saber, vou assumir meu pontinho sozinha, e ela também não saberá quem é o pai.

Mas preciso contar para Hanna, vai ter certas coisas que não poderei mais fazer. Penso em esperar um pouco mais, talvez mais um mês.

Suspiro e vou me arrumar, vou começar meu dia já marcando uma consulta, me lembro de todas as sequelas do acidente, preciso me preocupar com isso.

Olho para minha cama e penso em já comprar o bercinho para colocar ao lado, estou tão feliz, penso que nunca me senti assim.

Depois daquela noite, nunca mais ouvi falar dele, só fiquei sabendo que ele foi embora de madrugada de sábado para domingo, covarde, teve medo das consequências, por que se ele tivesse aqui ainda no domingo, com certeza iria falar muita coisa para ele. Também resolvi esquecer aquela noite, esquecer que ele havia passado um fim de semana aqui e me feito tanto mal, mas agora pensando bem, sem querer, ele me fez o bem maior que um dia eu pudera sonhar. Se ele pensou, que o que ele fez foi punição, se enganou, resultou no maior presente que um homem pode dar a uma mulher.

Tomo um banho demorado e a todo tempo acaricio minha barriga. Não vejo a hora de ela estar enorme e eu senti-lo se mexer dentro de mim.

Me visto e me olho no espelho, pensando que logo terei que mudar meu guarda roupa, olho para os saltos, nem pensar, opto por uma sapatilha e penso em comprar mais algumas.

Saio em direção a minha sala e encontro com Hanna no caminho, lhe dou um sorriso ela retribui.

— Sonhou com algum príncipe essa noite? Está tão sorridente.- me diz, será que minha felicidade está tão obvia assim?

— Só dormi bem. Vamos tomar café?

— Sim, vamos.

Tomamos nosso café da manhã no refeitório e quando terminamos vamos para a recepção, preciso conferir se está tudo em ordem.

— Que tal almoçarmos fora, preciso comprar algumas coisas.- falo para Hanna.- Stanley nos avisa se precisar de algo.- Stanley era noivo de Hanna e meu gerente durante o dia.

— Pode ser.- ela me responde entusiasmada.

— Ok nos vemos na hora do almoço.

Estamos voltando das compras, carregando algumas sacolas. Comprei varias sapatilhas, não quero arriscar e cair, não colocarei a vida do meu pontinho em risco, íamos atravessar uma rua, quando escuto um grito:

— Cuidado moça!

Olho de onde vem o grito e só tenho tempo de dar um passo para trás para me desviar de uma bicicleta, mas perco o equilíbrio e acabo no chão, sinto o cimento frio nas minhas costas e uma dor se espalha por minhas pernas e ventre, meu pontinho, ah não.

— Anastásia, você está bem?- Hanna se agacha do meu lado, tentando me levantar. Droga tudo dói.

— Meu bebê.- murmuro sentindo algo úmido entre minhas pernas, lágrimas de desespero rolam de meus olhos, - não posso perdê-lo.- Hanna arregala os olhos e olha para minha calça, se levanta e começa a gritar pedindo ajuda, que alguém ligue para uma ambulância.

Sinto náuseas, não consigo me mexer por causa da dor, só penso em meu filho tão pequenino e já lutando por viver, não posso perdê-lo, não agora, estou tão feliz, sinto que finalmente minha vida terá um sentido.

— Aguente firme, meu pontinho.- sussurro em meios às lágrimas, uma dor mais forte me faz prender a respiração, fecho os olhos e não vejo mais nada, somente sinto a escuridão tomando conta de mim, ainda ouço gritos de Hanna e de outras pessoas e então o nada.

50 Tons- De Volta ao PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora