«03»

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Lauren

Passei a mão pelo meu cabelo tentando desembaraça-lo. Desisti da ideia de fazer isso com a mão, então peguei um pente. Fechei os olhos por conta da mini-dor que sentia cada vez que o penteava. Segundos depois abri os olhos e coloquei o pente no lugar. Respirei fundo convencendo a mim mesma que talvez o dia ia ser bom, talvez. Acho que como metade dos adolescentes eu realmente odiava a escola, não odiar do tipo:

"Não gosto dos professores"

Eu odiava do tipo:

"Não tenho amigos -Literalmente- minha mãe acha que sou um lixo e, odeio os professores"

Escola é um lugar horrível, principalmente pelo caráter das pessoas, que te incluem em um grupo só porque sua família tem dinheiro ou porque você é bonito. Aonde estudo se no primeiro dia de aula não fala com ninguém ou é estranho, pode dizer adeus a sua vida social. Acho que meu melhor amigo sempre foi meus fones, com eles eu esqueço de tudo, do mundo, dos problemas, e da vida. Eu só queria deitar, colocar meus fones e uma música boa. Porém, aqui em casa isso não é possível. Relacionado a paz e  tranquilidade, aqui em casa, não faz parte do vocabulário das pessoas. Principalmente da minha mãe, que reclama o dia todo, "Lauren e Emma, vocês não fazem nada", "Lauren e Emma, vocês são uns lixos humanos". Eu queria poder xinga-la assim, porém eu lembro que ela é minha mãe, e está passando por um momento difícil. Sei que isso não dá o direito dela fazer isso, porém essa é a forma dela expressar o que sente, xingando eu e minha irmã. Cada um se expressa de um jeito, o meu é me excluir do mundo e ser a isolada, de Emma tentar ser melhor a cada dia, não sei como ela conseguia, sinceramente, é um pouco difícil. Mesmo sendo adotada, eu sentia que ela realmente era da família.

   Me levantei da cama, que fez um barulho irritante. Caminhei até o banheiro e abri a porta, olhei para meu reflexo e respirei fundo.

— Bom dia Lauren. — Dei um sorriso sem mostrar os dentes. Emma pediu para que fizesse isso todos os dias, o engraçado é que eu faço isso. Ela diz que "bom dia" traz um pouco de felicidade. É, traz um pouco. Peguei minha escova e coloquei um pouco de pasta. Escovei os dentes e limpei minha boca. Ouvi a porta sendo aberta, provavelmente era Emma. Sai do banheiro e observei o garotinho sentado em minha cama.

— Bom dia Emma. — Abri o guarda-roupa e peguei um jeans preto e uma blusa branca. — Feche os olhos. — Ela deu risada e tampou os mesmos com a mão. Me troquei rapidamente e disse que ela podia abri-los. Peguei a mochila dela e coloquei seu estojo dentro. Coloquei a minha mochila nas costas e a dela. — Vamos? — Ela assentiu com a cabeça e pegou em minha mão. — Já tomou seu café?

— Sim.

Descemos as escadas e eu abri a porta, Emma saiu e eu fui logo atrás, tranquei a porta e andamos em direção a escola de Emma Minutos depois entreguei sua mochila e me agachei em sua frente.

— Toma cuidado, se alguém mexer com você me fale. Eu amo você. — Beijei a testa dela.

— Tchau Lau, eu amo você. — Emma se virou e correu. Esperei ela entrar para seguir meu rumo. Próxima parada: o inferno. Olhei no relógio e ainda estava cedo. Caminhei em passos lentos até o meu destino. Observei a entrada e neguei com a cabeça.

Só mais um ano Lauren, só mais um ano pra sair daqui. — Pensei.

Entrei na escola e abri meu armário. Peguei alguns livros e meu moletom, que havia esquecido de pegar ontem. Coloquei minha mochila no chão e pus meu moletom, passei a mão em meu cabelo arrumando o mesmo. Fechei o armário e peguei minha mochila. Coloquei-a no meu ombro e caminhei até a minha sala. Me sentei em meu lugar e coloquei a mochila em meu colo. Apoiei meus cotovelos na mesa e uma das minhas mãos no rosto. A primeira aula era da Florence, Geometria não é meu forte, na verdade, nada é. Estava um silêncio ótimo, até que ela parou de ser ótimo quando aqueles adolescentes que vivem reclamando sobre suas vidas maravilhosas e sobre crushs entraram na sala, Florence entrou logo depois. Me arrumei na cadeira e peguei meu caderno. Florence pegou um giz e começou a escrever sobre ângulos. Apoiei minha mão no rosto e comecei a escrever, barulhos de mensagens começaram a apitar no meu celular.

Unknown || Wes TuckerOnde histórias criam vida. Descubra agora