Capítulo 1

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NALYME

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NALYME

De todas as estações do ano, o inverno não é uma das minhas favoritas. As florestas se transformam em lugares difíceis para se locomover, e em último caso, de se esconder.

O inverno está acabando, pelo jeito que a neve cai, eu diria que já está em seus últimos dias. Mais não tenho tempo para pensar nisso agora, preciso me apressar se quiser chegar ao lugar de encontro antes de anoitecer. Mas mesmo que eu não goste do inverno tenho que admitir: a floresta fica encantadora. As grandes árvores estão completamente sem folhas, e a neve cobre completamente o chão, como um grande tapete de algodão. Mas com tanta neve, fica difícil me locomover. Além do fato de que não posso usar minha magia para facilitar, já que estou em um local aberto, pode chamar alguma atenção, e isso eu não quero nem um pouco.

Começo a andar mais rápido, o sol já está quase se pondo. Coloco meu capuz sobre minha cabeça, e me asseguro de que não vai cair enquanto eu estiver andando, afinal de contas, minha armadura negra pode ser ótima para se camuflar em lugares escuros, mas no meio de uma floresta branca, ela faz o oposto de camuflar...

Depois de alguns minutos, avisto o local de encontro. A grande árvore caída, que guarda a passagem para uma caverna não muito grande.

Antes de me aproximar, verifico os arredores. Nunca se sabe se tem alguém observando. Com cuidado, entro na fenda da árvore, me rastejando até avistar a abertura na rocha. Nesse ponto a árvore é bem grande, por isso não tenho dificuldade para ficar de pé. Sempre que venho aqui, me pergunto o que teria feito uma árvore tão grande cair assim... Talvez tenha sido na grande batalha... Retiro esse pensamento da minha cabeça rapidamente, antes que ele gere lembranças dolorosas. Antes que eu entre na caverna, ouço uma voz impaciente sair.

--- Está atrasada!

--- E você continua exagerado!Um minuto não pode ser considerado atraso com essa neve toda lá fora! (digo enquanto entro na caverna)

--- Atrasos são atrasos senhorita. E eu cheguei na hora certa mesmo com essa neve toda!Você foi seguida?

--- Claro que não.

--- Tem certeza?

Eu reviro os olhos, e tiro um pouco da neve que caiu em meu corpo.

--- Também estou feliz em te ver Dante!- digo irônica.

Ele se aproxima e faz uma breve reverência. Depois de termos perdido nossa terra, e começarmos a sermos caçados, nosso povo começou a habitar em uma fortaleza secreta bem longe dos humanos. Dante era um dos generais que cuidavam de nosso povo, e era também meu informante, e... Uma das pessoas que ainda me tratavam como alguém da realeza. Mesmo que eu não fosse mais isso há muito tempo.

--- E acho que já conversamos sobre essas reverências. Eu não sou mais princesa, e você não acha que isso te põe velho demais não?E nós nem temos muitos anos de diferença!- digo enquanto tiro meu capuz e minha máscara do rosto.

--- Independente do que aconteceu, você ainda é a princesa herdeira do nosso povo. E eu acho que, de 17 para 22 anos, tem um tempo considerável, vossa alteza.

Lanço um olhar feio pra ele. Ele concerteza disse a última parte para me provocar. Ele suspira e se senta em uma rocha. Eu faço o mesmo, me sentado ao lado dele. Não o vejo faz muitos meses, mas, ele não mudou nada desde a última vez que o vi. Seu rosto continua liso e sem barba, e mesmo com a armadura e o agasalho, vejo que ele continua musculoso como sempre, e a única coisa que mudou é seu cabelo ruivo, que está maior do que da última vez, já que está quase no meio das costas. Como se sentisse meu olhar, ele se vira, encarando meu rosto fixamente.

--- É bom ter ver outra vez Nalyme... - ele diz me dando um leve empurrão.

--- Digo o mesmo Dante. - respondo devolvendo o empurrão.

--- Onde esteve dessa vez?-pergunta cruzando os braços, coisa que sempre faz quando está curioso, e quer disfarçar. (Dou um longo suspiro antes de responder)

--- Nos campos do leste. Ouvi dizer que estavam usando a antiga base de observação para armazenar comida para o exército. A resistência local dos taytos estava com dificuldade para coletar comida com os alfas rondando a área, então resolvi roubar a comida, e da-la para eles, e ao mesmo tempo, explodir aquela base que estava dando trabalho para eles.

Tem sido assim todos os anos. Faço de tudo para ajudar nosso povo nessa crise atual. Bom, isso tem irritado muito os humanos nos últimos anos... Mas eu não ligo nem um pouco.

--- Sabia que aquela explosão que deixou os alfas de cabelo para cima tinha sido você! Eles estavam espalhando que tinha sido "apenas um acidente".  - ele faz uma pausa - Deve ter mais cuidado. Os alfas estão dando um preço muito alto para quem conseguir a cabeça do "tayto negro". Os caçadores de recompensa estão doidos com isso!

Essa é outra história. Por causa dos meus poderes, e da minha armadura negra, os caçadores de recompensa me deram o nome de tayto negro. E pelo nome que eles me deram, nem imaginam que o tayto negro é uma garota.

--- Me pergunto como eles reagiriam se soubessem que eu sou uma garota...

Dante fecha a cara na hora.

--- Não deve nem brincar com isso Nalyme! Eu já te disse que deveria até mudar a cor da sua armadura às vezes, pra eles ficarem com mais dúvidas, e não ficar tão fácil te identificar!

Eu apenas reviro os olhos. Já cansei desse sermão. Em vez disso, me lembro o motivo de estar ali. Olho para Dante bem séria e digo:

--- Dante, por que me chamou aqui? Quais são as notícias dessa vez?

Ele passa a mão no cabelo e se levanta, ficando de frente para mim. Consigo ver uma pequena parte da fina cicatriz que vai do seu peito até uma parte de seu pescoço.

--- O inverno está acabando. E com isso, o festival da colheita de inverno está chegando.

--- colheita de inverno?

--- Sim. É uma festa que dura três dias, ela acontece de três em três anos na capital de Ófea.

Se acontece em Ófea, deve ser uma grande festa. Ófea é a capital do reino dos humanos, e é onde a base principal dos guerreiros alfa se encontra.

--- E daí? - pergunto.

--- Meus informantes me disseram que a nossa base no norte foi atacada há dois dias. Alguns taytos conseguirão fugir, mas cinco foram capturados e levados a capital - sinto minha cara queimar de raiva. - além disso, nosso carregamento de poções médicas foi confiscado, e isso nos deixou com um prejuízo alto...

--- Isso que dizer que? - (pergunto já sabendo a resposta)

--- O carregamento e os "prisioneiros" vão chegar à capital daqui a três dias. E...

--- E daqui a três dias é o festival da colheita de inverno, certo?- perguntei antes dele terminar.

--- Exatamente. Precisamos recuperar as poções e salvar os outros, antes que eles cheguem ao quartel dos alfas, onde será impossível entrar e sair vivo. - ele faz uma longa pausa, e diz com a expressão preocupada - Não podemos entrar na cidade sem fazer alguma confusão na entrada, que já vai estar lotada de guerreiros alfas para o festival...

--- Ou seja, eu vou ter que dá um jeito de entrar na cidade e recuperar o que é nosso sem ser pega, com a cidade cheia de alfas, e antes que eles cheguem ao quartel com caçadores querendo minha cabeça e tal...

--- É isso mesmo. Acha que consegue Nalyme? Terá que ter muito cuidado.

Eu me levanto e começo a colocar de volta minha máscara e meu capuz, enquanto digo com uma cara divertida:

--- Será que dá para provocar um incêndio com tanta neve?

CONTINUA...


Coração Guerreiro - PAUSADOOnde histórias criam vida. Descubra agora