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Por alguma razão, a qual era estranha para si, Kim Mingyu acordou sozinho, mesmo sendo cedo, e sentia-se extremamente bem, de forma simples, ele se sentia feliz. O rapaz tomou um banho e vestiu uma roupa um pouco melhor do que costumava usar, apenas porque não iria trabalhar no dia. Assim que abriu a porta sua irmã o olhou com o nariz torcido e riu.

- Tá usando um litro de perfume pra que? Agradar alguém? Uma linda moça da vila? Mentira, conheço todas e você não sairia com nenhuma no seu dia de folga. - Ela se aproximou do mais velho e sorriu sapeca. - Ou seria um moço? Você vive colado com Wonwoo como nunca, seria amor?

Ela dramatizou e Mingyu a empurrou sem força, revirando os olhos e não a respondeu, não queria estragar sua milagrosa alegria matinal.

- Bom dia mãe e pai. - O rapaz se sentou na mesa e seus pais se entreolharam confusos. - Sim acordei cedo.

Os mais velhos riram e todos se sentaram a mesa, inclusive a suposta peste que Mingyu não queria ver na frente, mas não porque ela não tinha razão,  mas porque ele temia que ela tivesse. Mingyu ficou comendo em silêncio pensando no que era amor, aquela coisa que ele nunca sentiu por ninguém, até que uma voz demoníaca acabou com sua paz interior.

- Mãe, o que você faria se tivesse um filho gay? - Mingyu não levantou os olhos mas sentiu um certo nervosismo, mesmo que fosse normal sua irmã fazer aquelas perguntas, afinal ela amava dramas e yaoi. - Só supondo mesmo.

- Não teria? Aí filha não entendo porque você sempre traz esses assuntos a mesa. Seus irmãos são completamente normais, não é ming? Não acho essa coisa de gay normal.

- O que eu tenho a ver? - Mingyu se levantou disfarçado para sair de casa logo. - Lembrei que combinei algo com o Wonwoo, tenho que ir.

O rapaz sentiu um certo receio quanto as palavras de sua mãe e após sair de casa, no caminho para a casa de Wonwoo ficou pensando em como seria um inferno se ele realmente fosse homossexual. Sua mãe dizendo sobre não ser normal batia na sua mente e obviamente ele acabou perdendo grande parte da animação do dia. O rapaz parou em frente à grande casa de Wonwoo e tocou a campanhia, esperando o outro sair de casa.

Wonwoo tinha acordado cedo porém estava a horas se vestindo e isso teria continuado caso sua mãe não batesse em sua porta dizendo que Mingyu estava lá na frente, usando uma palavra que deixou o filho corado e claro, querendo se esconder do mundo. Quem diria que ele se mudaria para tão longe, no fim do mundo, para conhecer uma pessoa tão incrível como Mingyu. Wonwoo o achava perfeito, ele fazia de tudo, era lindo, alto e...

- Filho! Pelo amor de Deus meu futuro genro não vai ser uma planta! - Sua mãe gritou e Wonwoo saiu correndo do quarto e pegou alguns biscoitos que sua tinha feito.

- E para de dizer que ele é seu futuro genro, isso da má sorte. - Wonwoo mostrou a língua para ela e saiu de casa, correndo até o portão sorrindo com os lábios fechados pois estava comendo. Quando terminou de engolir olhou para o mais alto dando um bom dia tímido. - Para onde vamos?

Mingyu estava pensando como dizer, mas realmente não sabia como o fazer, estava meio avoado ainda.

- É um lugar muito bonito, lhe garanto, mas não sei explicar "onde". Eu espero que você goste.

Wonwoo assentiu e sorriu fofo para o maior, não porque realmente queria, mas perto de Mingyu ele acabava meio assim, um bobo sorridente. Wonwoo também percebeu que o humor de Mingyu estava estranho, porém não sabia o fazer ou como perguntar a ele o que tinha acontecido, então apenas prosseguiu em silêncio ao lado dele, hesitando todas as vezes em que pensou em segurar o braço do mais novo. Não demorou muito para que chegassem finalmente ao local.

Wonwoo olhou deslumbrado com a beleza daquele local, era extremamente romântico, tanto que ele pensou por alguns segundos se talvez Mingyu sentia algo por ele. Seu coração bateu um pouco rápido por pensar no maior lhe dizendo algo, lhe abraçando ou lhe beijando.

- Ming... esse lugar é lindo! Porque me trouxe aqui? - perguntou animado com esperanças a mil e entrou na velha casa sem esperar por Mingyu.

- Eu Lhe trouxe aqui porque é realmente bonito. Uma senhora européia construiu aqui a alguns anos mas foi embora e ninguém ocupou o lugar abandonado, apenas as flores.

Mingyu disse correndo atrás do outro. Wonwoo parecia bem e feliz e Mingyu gostava daquela imagem, entretanto ainda estava meio assombrado pelo ocorrido da manhã.

- Mingyu você não tem nada mais pra dizer? Você é meu amigo não meu guia turístico.

- Não tenho nada pra dizer hoje. - Mingyu desviou o olhar e ficou mexendo nas flores.

"Claro que não, onde eu estava com a cabeça de pensar que ele queria me falar coisas importantes? Ou que ele gosta de mim mais do que como amigo?" - Wonwoo pensou e ficou repentinamente triste. 

O rapaz ficou meio chateado por expectativas que ele mesmo criou, então saiu de perto de Mingyu, andando sem rumo para dentro da casa abandonada. Mingyu demorou um pouco parar perceber que Wonwoo tinha sumido mas assim que ouviu o rapaz ao longe foi até ele correndo.

- Wonnie? - disse mas Wonwoo estava tendo uma crise de espirros e não o respondeu. - Você tem alergia? - Wonwoo deu de ombros como uma criança e Mingyu suspirou e o pegou nos braços, o levando para longe da casa com flores.

- Minha casa. - Wonwoo murmurou e Mingyu entendeu, o pegando nos braços e o levando até o local dito sem demora. Mingyu esperou a mãe de Wonwoo e assim que ela veio ambos entraram.

- Anti-alérgico? - Mingyu perguntou. - Fomos a um lugar com muitas flores...

A mãe do rapaz mais velho logo entendeu e correu atrás de medicamentos enquanto Mingyu subiu as escadas e deixou o rapaz em sua cama.

- Me desculpe, eu não tinha ideia. 

Wonwoo se sentia mal, mas não  queria falar com Mingyu. Se sentia triste, cansado e agora tinha uma reação alérgica então sem pensar disse algumas palavras que talvez tenha se arrependido.

- Vá embora Mingyu.  - Ditou e o mais novo assentiu meio cabisbaixo, correndo para sua casa o mais rápido que conseguia.

Mingyu se trancou em seu quarto por um sentimento estranho que lhe atormentava. Wonwoo era apenas seu amigo, mas porque então seu coração doía como o inferno apenas por ele se sentir culpado ou pelas palavras que o mais velho usou?

- Wonwoo, pare de chorar. - A mãe do menino acariciava os fios úmidos de seu filho enquanto o cuidava devido a alergia. - Filho, chorar não vai mudar nada, você me disse isso tantas vezes...

- Eu sei! Mas eu me sinto um idiota! Eu sabia que isso ia acontecer! Eu não sei amar, eu fico louco.

Sua mãe sorriu e beijou a testa de seu "pequeno".

- Quem nunca ficou louco de amor?

Falou e se levantou, sorrindo para o filho antes de apagar a luz e sair do quarto.

"(...) As letras “Eu chorei muito por sua causa”
Eu não entendia antes, mas agora entendo (...)"

Crazy In Love ÷ MeanieOnde histórias criam vida. Descubra agora