Math me olhava com os olhos brilhantes como eu nunca havia visto antes, mesmo com sua aparência mal cuidada por minha causa. Ele estava ali do meu lado feliz. Seu sorriso enorme inundava não só a mim, mas a qualquer um que tivesse a visão do Math que eu tinha. Seus braços me envolveram em um abraço apertado e cheio de beijos. Suas mãos tocavam minha face como se nunca houvesse feito isso.
Estávamos sozinhos no quarto, ele havia pedido aos meus pais um momento para falar comigo e que não podia mais esperar. Já fazia uma semana que havia acordado e continuava em observação antes de ser liberado para retornar ao meu lar. Math sempre pareceu calmo e tranquilo, quando bravo ele agia de maneira abrupta e eu estava acostumado a ver isso nele.
Hoje ele estava diferente, não estava usando a habitual calça e moletom. Ele usava uma calça de linho azul marinho, uma camisa branca de mangas longas dobradas até o seu cotovelo e um colete cinza com uma gravata branca com listras negras. Estava bem vestido para estar dentro de um quarto de hospital. Suas mãos estavam trêmulas e segurei-as afim de deixa-lo mais calmo.
— Será que você pode se sentar?
Eu o olhei confuso, mas sem objeção alguma, me levantei com o apoio dos meus braços e me sentei na cama. Minhas pernas penderam no ar e senti a brisa do ar condicionado tocar-me suavemente. Math se levantou e empurrou o banquinho para longe, ele se agachou, sua perna direita estava dobrada com a sola de seu pé no chão enquanto a outra servia de apoio estendida de costas para o chão.
— Está tudo bem com você? – perguntei.
Ele deu um meneio de cabeça confirmando a resposta. Então ele puxou de um dos seus bolsos a pequena caixa aveludada de cor azul marinho. Ele abre a pequena caixa devagar e o dourado reluz com a iluminação do quarto. Em seu interior estavam duas alianças douradas. Nervoso Math abaixa a cabeça.
— Eu não sei bem por onde começar, nunca me senti tão nervoso na minha vida e dizer uma simples frase parece uma missão impossível. Mas eu prometi que o faria.
— Prometeu a quem? – o olhei curioso.
— Ao cara lá de cima – ele disse levantando os olhos e encontrando os meus – Se você voltasse para mim eu me casaria com você.
— Math... – eu estava sem palavras.
— Não espero que diga sim – as lágrimas começam a aparecer em seus olhos – Sei o quanto foi difícil para você todos esse tempo, o quanto eu como todos os caras que estão lá fora não merecem ter o seu amor, porque magoamos você de alguma forma, mas foi graças a você que eu pude enxergar o que realmente é importante para mim. E mesmo que você diga não, eu estarei sempre do seu lado, mesmo que seja apenas como um amigo.
***
As mesas estavam arrumadas no enorme jardim dos fundos da casa de Angelina. O enorme espaço aberto continha além de um lindo jardim, um chafariz com uma sereia no qual a água caia pela jarra que a mesma carregava em seus braços. E aos fundos havia um labirinto iluminado com lâmpadas coloridas assim como todo o jardim.
Toalhas brancas, partos e talheres de prata haviam sido postos em cada mesa e em seu centro havia uma miniatura de um casal se abraçando. Os arranjos de rosas brancas e lírios do campo traziam uma fragrância única ao local. Eu estava satisfeito com o resultado do que havia planejado. Angelina se aproximava de mim com um sorriso de satisfação.
— Eu amei Gui! – disse ela animada. – Obrigada por decorar a minha festa de noivado.
— Amigos são para isso apesar de você pode contratar alguém para isso. – digo olhando sarcasticamente.
— Mas nada seria feito com tanto amor, como você fez. Ficou lindo.
— E o noivo?
— Hã... ele vai chegar mais tarde, ingleses demoram uma vida para se arrumar, sabe como é... – diz ela rindo e olhando com cuidado para uma mesa.
— Não seu não. – digo enfaticamente.
— Esta bem, agora vá lá me cima, tome um banho e se troque.
— Como assim? eu não trouxe roupa para isso.
— Por acaso seus pais me disseram o tamanho do seu manequim. Agora não enrola e suba de uma vez. – diz ela me empurrando para dentro da mansão.
— Calma! Porque tanta pressa? – resmungo.
— Você demora um ano no banho, e preciso que desça as oito em ponto.
— São sete e meia, você sabe disso né?
— Claro que sei, agora vai logo garoto. – diz ela ao me deixar em pé em frente as escadas que davam ao segundo andar.
— Sim senhora. – digo marchando sob os degraus.
Eu estava exausto, havia passado a última semana decidindo o que ficaria bom nesse terreno todo. Angelina disse que eu não precisava me preocupar com os gastos, porque dinheiro não era o problema e que devia ficar do jeito que eu mais gostasse. Era um pedido meio estranho para alguém que noivar, ela deveria ter se dado o trabalho de escolher metade das coisas, mas toda vez que eu falava sobre isso ela me vinha com um simples "Confio em você".
O segundo andar tinha um enorme tapete que vinha desde a escada e seguia até o fim do corredor. Haviam várias portas, e entre as portas haviam consoles com jarros de flores recém trocadas pelas mesmas que estavam nas mesas na área externa. Mas para a minha felicidade Angelina colocou uma plaquinha na porta do quarto que eu deveria usar. Meu nome estava escrito em letra cursiva.
Abri a porta e vislumbrei uma enorme suíte com uma cama de casal, o lustre no centro do quarto iluminava o ambiente com classe com a ajuda de pontos de luz espalhados no teto. Sobre a cama estava um terno com uma gravata vermelha. Segui direto para a porta lateral que imaginei ser o banheiro, tirei a minha roupa e a joguei em um canto qualquer e entrei no box ligando a ducha fazendo com que a água quente escorresse pela minha pele.
O alívio e o bem-estar tomaram conta do meu corpo. Fazia quase um mês que eu não via Math e dividia meu tempo livre com Arxos, Matheus, Paloma e seu bombeiro e Angelina além de passar um tempo útil com meus pais, mas apesar dele não estar presente ali, não houve um dia em que eu não pensasse nele. E isso sempre me levava ao pedido dele no hospital.
***
— Math... – minha voz estava embargada. – Eu não sei o que dizer.
— Eu... – suas mãos fecharam a caixa de veludo e no instante seguinte ela estava no bolso dele novamente – entendo.
— Eu não estou preparado para dizer algo a você nesse momento, eu sinto muito, por isso.
— Me desculpe Gui...
— Não precisa se desculpar, não há porque se desculpar. Mas para te dizer um sim ou até mesmo um não, eu preciso de um tempo para pensar. Você pode me dar esse tempo?
— Vou poder ver você?
— Durante esse tempo eu acho melhor não.
***
Eu estava parado debaixo da água corrente. Meus olhos seguiram em direção ao teto e suspirei. A maioria de minhas decisões tinham sido de forma impulsiva e eu queria mudar isso, não queria magoar Math sem ao menos saber o que eu realmente sinto por ele. Eu tinha tantas dúvidas sobre tudo, eu merecia ter esse tempo para me decidir. Mas eu estava com medo, porque já haviam se passado quase um mês e se ele por acaso conheceu uma outra pessoa, se começou a gostar de alguém menos complicado do que eu e que diga a ele o que ele tanto deseja na hora certa, assim como filmes que há na televisão.
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Eu sou Demais - Livro III (Romance Gay)
Fiksi RemajaOBRA REGISTRADA NA FUNDAÇÃO DA BIBLIOTECA NACIONAL. PLÁGIO É CRIME! Haviam se passado três meses desde que eu voltei para a casa dos meus pais. Muitas coisas haviam mudado nesse meio tempo, as lembrança ainda estavam vivas em minha mente dos últ...