Desligo a ducha e saio do box e olho para o meu reflexo no espelho embaçado pelo vapor da agua quente. Eu havia mudado, minha pele alva agora estava mais bronzeada, a tintura preta havia saído completamente do meu cabelo voltando ao tom ruivo natural, meus olhos são castanhos claros em um tom âmbar, que é aquele castanho quase cristalino que brilha com a luz do sol e parece que você pode enxergar o universo por eles de tão vivos que são.
Minha barba havia crescido novamente e estava aparada, já estava no quinto período de engenharia e meu corpo estava cada vez mais definido, devo agradecer a genética e a Deus por isso. Dou um leve sorriso com a ideia. Pego a toalha e me enxugo, deixando-a enrolada em minha cintura volto para o quarto e olho o guarda roupa imponente que havia no quarto. La havia várias peças de roupas e cuecas do meu tamanho.
— Mas que diabos está acontecendo? – pego uma cueca preta e a visto.
Ouço alguém bate na porta junto com gritos de impaciência.
— Ô noiva, vai ser para hoje ou não? Não vou começar sem você do meu lado. Então sai logo daí e com a roupa que eu escolhi para você.
— Sim senhora – grito de volta.
Olho para o conjunto em cima da cama e só então noto que aos pés da cama a um par de sapatos sociais pretos. Depois de alguns minutos, devidamente vestido, saio do quarto e desço as escadas. Angelina estava com um lindo vestido amarelo com babados, bem estilo a Bela do filme a Bela e a Fera, só esperava que isso não anunciasse que o noivo era um cara feio, que mesmo assim eu diria que era muito bem abençoado, porque não se fala mal da aparência dos noivos alheios, ao me ver ela sorri feliz.
— Até que enfim... – disse ela enroscando-se em meu braço.
— Você sabe muito bem que poderia começar sem mim.
— Claro que não, que amiga seria eu?
— Uma que respeita horários. – digo olhando para o Rolex dourado que estava junto com a roupa na cama. – Já são oito e quinze.
— Você é uma noiva clássica. – disse ela rindo quando chegamos a entrada dos fundos.
Não tive tempo para argumentar ou melhor perguntar nada, todas as mesas estavam lotadas de pessoas, meus amigos e família se encontravam lá. No final do tapete vermelho que eu não havia posto ali junto com um arco de flores e um juiz que estava parado com um homem ao seu lado estava Math com a calça de linho azul marinho, a camisa branca de mangas longas dobradas até o seu cotovelo e o colete cinza com a gravata branca com listras negras. Ele estava vestido para...
— O que está acontecendo Angelina? – disse confuso.
Minhas pernas estavam tremulas, eu não sentia direito meus pés enquanto caminhava até o altar. A marcha nupcial no fundo em uma releitura mais moderna e menos tradicional.
— Não vou te deixar cair. – disse ela aos sussurros.
— Quando?
— Math me procurou para ajudar com isso, me animei tanto que acabei bolando ô plano para que você planejasse o próprio casamento sem saber.
— Casar? Como assim? – eu estava com medo.
— Não faça essa cara, Arxos e todo mundo sabia. Era uma surpresa.
— Eu vou te matar Angelina.
— Não vai não. – disse ela confiante.
— E se eu não quiser me casar?
El apensou por um momento, sem perder o sorriso do rosto e me olhou nos olhos por um breve momento.
— Você vai dizer o que espera a quase um mês para dizer. Na pior das hipóteses vai rolar uma festa de arromba, contratei ate um Dj para isso sabia?
— Claro que não.
Ela sorriu satisfeita, meus pés cooperaram até chegar no altar. Meus pais estavam do lado esquerdo e Angelina e Arxos do lado direito. Eu estava de frente para Math. Ele me olhava como nunca havia visto antes e as lagrimas já davam sinal de estar em seus olhos. Eu levei minhas mãos até as suas, e ambas estavam geladas pelo nervosismo.
— Hoje estamos aqui reunidos para celebrar a união de Math e Guilherme...
A voz do juiz se tornou um zumbido, no final das contas o que importava era que eu estava com ele. Suas mãos tremiam como naquela vez, eu podia notar sua impaciência e ao mesmo tempo o medo. Eu tentava reconforta-lo, mas ele sabia que mesmo que eu o fizesse eu poderia dizer facilmente um não. E esse era o medo dele, de que eu não quisesse.
Era incrível como eu havia tomado as rédeas da minha vida dessa forma, antes eu era o garoto medroso que tinha medo de levar um não, de ser julgado ou maltratado e magoado. E agora com meus quase vinte anos estava a um passo de me casar. Só um louco se casa aos vinte, por quais motivos faria isso se não fosse por loucura ou excesso de álcool no sangue? Cá estou eu lembrando meu lado infantil e sem noção e meses atrás, mas que graça teria ser sempre o cara sério e não ver o lado bom das coisas?
Seus lábios se moveram, mas não havia som. Ele tentava falar mas algo o impedia, então me aproximei dele e sussurrei em seu ouvido.
— Eu sempre vou estar aqui. – apertei sua mão – Coragem – me afastei dando um sorriso para ele.
— Eu quero dizer a você Gui, que depois que você entrou em minha vida eu não sou mais o mesmo. Eu conheço seus defeitos e suas qualidades, e as aceito. Também sei que não fui o cara perfeito, errei da pior forma possível com você no passado e me arrependo disso todos os dias. Mas foi graças a você que eu vi que eu poderia ser uma pessoa melhor. E foi com você que eu descobri que eu podia amar alguém, até mesmo mais do que a minha própria vida. Conhecendo bem você – as lagrimas caiam pelo meu rosto, assim como algumas saiam de seus olhos – sei que pode me dizer um não aqui e agora, mas espero que aceite ser meu esposo na saúde e na doença até que a morte nos leve.
— Eu aceito.
Ele estava supresso. Seus pés vieram em minha direção, suas mãos me envolveram em um abraço. Suas mãos tocaram meu rosto e seus lábios nos meus selaram nossa união. Uma salva de palmas ecoava no fundo enquanto meus pensamentos retornavam a ideia de que tipo de louco se casa aos vinte e a resposta era tão óbvia. Somente os loucos de amor se casavam aos vinte.
O som alto tocava Bamboléo de Gipsy Kings na pista de dança, os casais se arriscavam no rebolado, mas meus pais se movimentavam com graciosidade na pista, os passos precisos me deixavam boquiabertos enquanto eles se olhavam sensualmente. Angelina entra pista de dança com seu noivo, Henrique, um homem alto e musculoso, no braço esquerdo tinha várias tatuagens que iam até o começo de sua mão. Os dois haviam se conhecido na Inglaterra em sua última viagem.
O vestido de Angelina girava, enquanto os movimentos de Henrique tão experientes naquele ritmo me deixavam com inveja, ele dançava muito, mas também com uma mãe latina se ele não dançasse bem o mundo estaria perdido. O refrão era a parte mais esperadas com os passos mais audaciosos, não demorou muito para que todos estivessem na pista dançado.
Arxos e Matheus dançavam e pareciam felizes, apesar de nenhum deles ser um pé de valsa. Os dois riam com frequência e isso me deixava feliz, ver que Arxos estava com alguém que o fazia bem. No final das contas acho que tudo estava entrando nos eixos. Math me puxa para a pista de repente, mesmo sabendo que não sei dançar, mas quando percebi já estava sorrindo ao seu lado com passos desajeitados. O que realmente importava era o momento que estávamos vivendo e se estivéssemos juntos, nada mais importava.
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Eu sou Demais - Livro III (Romance Gay)
Teen FictionOBRA REGISTRADA NA FUNDAÇÃO DA BIBLIOTECA NACIONAL. PLÁGIO É CRIME! Haviam se passado três meses desde que eu voltei para a casa dos meus pais. Muitas coisas haviam mudado nesse meio tempo, as lembrança ainda estavam vivas em minha mente dos últ...