Capítulo dois: Aconteceu assim...

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Theo

Eu estava esperando por algo assim. É sério! Sempre pensei que algo sobrenatural estava escondido por aí e, no momento certo, apareceria provando para todos os cientistas e pessoas céticas do mundo que não estávamos sozinhos. Um universo infinito e apenas um planeta habitável? Qual é...? Deve existir em algum lugar ao menos uma bactéria ou outro ser inteligente. Eles só não são burros para se encontrar com os humanos, até porque, se eu fosse um ser de outro planeta nunca que iria deixar que os moradores do planeta terra saiba da nossa existência - será que eu preciso dizer o motivo? -, é mais fácil um terráqueo começar uma invasão do que os próprios alienígena.
Mas, por algum motivo, um enorme cavalo que tomava forma e cor dentro de um furacão de luz não me parecia - não quer dizer que não seja - de outro mundo. Muito menos queria que o meu melhor amigo estivesse alí naquele estado. Damia desistiu de gritar e resolveu ficar atrás de mim na defensiva, como se pensasse que um garoto magricela como eu a defendesse de alguma coisa. Em minha mão esquerda estava o caderno dourado, na direita a adaga impedindo-a de ficar balançando com aquele barbante negro. Meu desejo era de arremessar aqueles objetos na direção do animal, mas as minhas mãos pareciam totalmente grudadas e tremendo como se estivesse levando choque.
O ser místico estava agora completo. Sua pele castanha brilhante, sua crina e cauda negra, olhos também de cor castanha... só fazia indicar que ele parecia normal. Mas o globo reluzente - que resolveu parar de girar e apenas flutuou ao lado do animal - e o tamanho do cavalo apontava que estávamos lidando com algo sobrenatural.

- Faça alguma coisa! - Gritou Damia, me surpreendendo pelo fato de conseguir falar.

Não respondi. O que ela acha que eu poderia fazer?
Nem precisei me mexer pois o cavalo soltou um relincho poderoso e, sem delongas, desapareceu. Ou, pelo menos, foi o que me pareceu acontecer. Mas eu acho que ele correu tão rápido que não deu nem para piscar. O que entrega é um buraco na parede feito por algo grande.
Damia gritou. Fiquei sem entender porque. Só percebi o motivo quando a esfera brilhante fez um som de estourar os tímpanos. Instintivamente, Damia e eu levamos as mãos aos ouvidos. A luz mudou de branco para bege, que depois ficou amarelo e só quando ficou vermelho que entendi o que iria acontecer. Segurei Damia pelos braços e a forcei correr junto comigo. Estava perto da porta da biblioteca, resolvi olhar ao redor: dois professores estavam conversando com vários outros alunos sem perceber o que estava acontecendo. Não tive tempo de acrescentar isso na lista de Por que's.
Cheguei até a porta e girei a maçaneta mas, antes, arrisquei uma olhadela para a esfera barulhenta. Estava com uma cor vermelha tão intensa que realmente esperava que fosse explodir, estava errado...
Com uma espécie de suspiro seco a luz se enterrou no concreto e silenciou-se. Damia e eu nos encaramos. Será que exageramos esperando pelo pior? Ninguém argumentou, queríamos chegar perto de Carlos e avisar os professores quando tudo começou a tremer. Dessa vez ninguém conseguiu ignorar e os que estavam presentes vieram em nossa direção para a porta quando o chão se dividiu en várias partes derrubando todos. Minha perna escorregou em uma fresta e ficou presa. A gritaria se estendia não só na biblioteca, isso queria dizer que a destruição era total. O piso deu uma sacudida mais forte deixando várias partes elevadas derrubando prateleiras e livros. Damia tentou se levantar junto com outras pessoas, mas tornaram a cair. Tentei alcançar ela, sem sucesso, minha perna ainda estava presa e sendo esmagada a cada mudança do piso.
O meu maior temor aconteceu. O teto e a parede estavam caindo. Primeiro esmagou o corpo de Carlos, depois os alunos e os professores e, por fim, alcançaram a mim e à Damia.

ΑΛΩ

Acordei tossindo, sentindo alguns tapas de leve em meu rosto. Uma luz me cegava então imaginei que permanecia dentro do local que antes estava aquele cavalo. Suspirei de alívio quando vi que era um enfermeiro que apontava em meus olhos uma lanterna irritante. Empurrei ele e tentei me levantar - má ideia - e depois de um grunhido tentei ficar de pé - outra má ideia -, mas fui impedido pelos enfermeiros.

Série: Domadores - Livro Um: CorcéisOnde histórias criam vida. Descubra agora