Capítulo seis: ...Na dúvida... Comece a correr!

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Rike

Acho que nunca vi gente morta na minha vida. Quer dizer, já vi sim...
Mas aquele garoto, Theodoro, me lembra algum vilão que precisa se disfarçar de bonzinho mas nem tenta parecer bom. Só pode ser algum zumbi. Mesmo dizendo o nome do líder ele não esboçou reação nenhuma.
Sua mente parece estar em pensamentos conflitantes, eu acho, pois, deve ser a única forma de explicar a indiferença de sentimentos de um garoto vendo pela primeira vez alguém soltando magia pelas mãos e sendo teletransportado para outro lugar. E agora ele está frente à frente com um dos maiores heróis — na minha opinião — da história grega e a primeira coisa que ele fala é:

— Você devia estar morto.

Fez-se silêncio por alguns segundos.

Jasão, um homem que não se compara aos padrões de Jhay, mas ainda sim possuía alguns poucos músculos, e pele queimada de sol, cabelos castanhos e olhos dourados... Só tinha perguntado se todos estavam bem. Mas a resposta que teve o deixou sem palavras, até mesmo seus pais olhavam de Theodoro para Jasão como se estivessem se perguntando quem vai bater primeiro. A única que parecia normal era a garota bonita, Damia, que depois do silêncio profundo sacudiu seu amigo pelos ombros.

— Theo, haja como sempre foi! — Sussurou ela no ouvido de Theodoro, mas todos conseguiram escutar. — Assim faz parecer que devíamos estar em um enterro.

— Mas não éramos? — Perguntou ele. — Que tipo de amigos viajam no velório de alguém próximo?

Ele fuzilou seus pais com um olhar zangado, mas eles só ficaram constrangidos.

— Theo, por favor! — Repetiu Damia. — Eu estou assustada. Não quero permanecer com esse cara suspeito aqui nesta sala!

Acho que eles estava falando do Jasão. Com certeza dele, já que não tinha motivos para falar sobre mim só porque estava segurando uma faca que encontrei por acaso nesta casa para me previnir de possíveis ataques do garoto assustador à minha frente.
Theodoro limpou a garganta.

— Eu não deveria responder por todos nós, mas... — Ele cruzou os braços. — Estamos normais!

Se aquilo era o "normal" dele, só podia rezar pelos deuses para que ele continuasse assim.

Estávamos em um salão na casa principal de toda a cidade. Todos estávamos em pé mesmo que estejamos perto de vários sofás. No centro da sala havia uma mesa com um pote cheio de doces de morango, no qual Theodoro devia estar interessado, mas parecia que ele se forçava a ignorar. Na entrada haviam alguns curiosos pela família Aguiar, mas expulsei todos — Como eu sou prestativo! —, já que essas pessoas só deixariam o clima mais tenso.

— Acho que eu deveria começar a me apresentar! — Disse o chefe depois de algum tempo. — Meu nome é Jasão, um dos líderes da antiga tripulação Argonautas. Como você disse, garoto... — Ele se concentrou em Theo. — "Eu deveria estar morto". Mas os deuses decidiram me tornar o protetor desta cidade, me dando mais alguns séculos de vida.

— E qual o seu desempenho como protetor? — Perguntou Jhay, o único que aparentava ser normal dalí.

— É ótimo! — Respondeu Jasão com alegria deixando o Sr. Lamaski um pouco satisfeito.

— Acho que não é tão assim! — Protestou Ana Aguiar sentando em um dos sofás, dando deixa para todos nós finalmente fazermos o mesmo. — O papel dele é quase o de um "presidente"...

— Um presidente bem competente! — Disse eu, defendendo Jasão.

Acho que fiquei quieto por tanto tempo que todos olharam para mim pensando que eu já tinha saído. Jasão sorriu gostando do elogio.

Série: Domadores - Livro Um: CorcéisOnde histórias criam vida. Descubra agora